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Mansueto Almeida analisa cenário econômico do Brasil no Wake Summit 2025

O economista-chefe do BTG Pactual, Mansueto Almeida, apresentou a palestra “A economia em transformação”, durante o Wake Summit 2025. O executivo fez um balanço das reformas realizadas no Brasil na última década, avaliou os impactos no crescimento e apontou os desafios para os próximos anos.
Reformas e avanços
Mansueto destacou que, apesar de crises recentes, o Brasil conseguiu avanços relevantes em áreas estruturais. Entre os exemplos citados estão a concessão de aeroportos a operadores privados, a abertura para investimentos privados em saneamento e a expansão das matrizes eólica e solar no setor energético. Ele também lembrou da reforma da Previdência de 2019 e da independência do Banco Central em 2021.
“Quando a gente olha esse conjunto de reformas que o Brasil fez, talvez isso explique algo que ninguém esperava, que no pós-pandemia o Brasil passou a crescer em um ritmo muito mais rápido, muito mais forte do que qualquer economista esperava”, afirmou.
Crescimento e emprego
O economista ressaltou que, entre 2021 e 2024, o Brasil manteve taxas de crescimento do PIB acima de 3% e reduziu a taxa de desemprego para 5,8%, a menor em décadas. Segundo ele, o cenário atual é de quase pleno emprego, mas com novos desafios: a desaceleração do crescimento populacional e a necessidade de elevar a produtividade dos trabalhadores por meio de investimentos em educação e inovação.
Juros altos e gasto público
Almeida alertou para o impacto da política fiscal sobre a taxa de juros. Ele lembrou que o Brasil figura entre os países com maiores juros reais do mundo, o que encarece o crédito e inibe investimentos. “Nós teremos no Brasil nesse ano e no próximo uma taxa de juros muito alta e qualquer que seja a ação do governo, isso não vai mudar muito”, disse.
O economista apontou que o aumento expressivo do gasto público é um dos fatores que pressiona a inflação e mantém os juros elevados. Para ele, o controle das despesas será a principal medida a ser adotada pelo próximo governo. “O caminho é segurar o crescimento do gasto. E essa é a agenda mais importante para o próximo governo”, afirmou.
Tributação e reforma tributária
Mansueto destacou que a carga tributária brasileira, equivalente a 34% do PIB, está muito acima da média da América Latina. Ele considerou positiva a aprovação da reforma tributária dos impostos indiretos em 2023, mas alertou para o período de transição em que empresas precisarão lidar com dois sistemas tributários simultaneamente.
Agricultura e energia
O economista também apresentou dados sobre setores em expansão. A agricultura brasileira deve registrar em 2025 a maior safra de grãos da história, consolidando-se como motor de produtividade. Já no setor de energia, ressaltou que o Brasil é hoje exportador líquido de petróleo e tem uma matriz majoritariamente limpa, fatores que contribuem para maior competitividade da economia.
Perspectivas
Para os próximos anos, Almeida defendeu prioridade em três pontos: ajuste fiscal, melhoria da qualidade da educação e maior integração internacional. Ele citou o acordo Mercosul-União Europeia como exemplo de oportunidade para ampliar a inserção do Brasil no comércio global.
Ao encerrar a palestra, reforçou que o país tem potencial de crescimento mais robusto, desde que consiga enfrentar os desafios estruturais. “É um país que tem todas as condições da gente almejar um crescimento muito mais forte pelos próximos 10, 15, 20 anos, um impacto positivo na indústria, no varejo, na agricultura e nas exportações, se a gente fizer o dever de casa”, declarou.
Imagem: Central do Varejo