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Microfranquias estão se tornando o motor do franchising no Brasil

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preferência de compra; franquias; operação; franchising

Nos últimos anos, tenho observado de perto uma transformação estrutural no franchising brasileiro. As microfranquias deixaram de ser apenas uma alternativa modesta para se tornarem protagonistas do crescimento do setor. E, neste meu primeiro artigo aqui, quero compartilhar minha visão de por que esse modelo está em ascensão, quem realmente se beneficia dele, e como ele pode democratizar o empreendedorismo no país.

O momento econômico favorece modelos de menor risco

A economia brasileira está com liquidez mais escassa e juros elevados, o que leva as pessoas a buscarem investimentos tradicionais em ativos mais seguros, como fundos e títulos públicos. Nesse cenário, são poucos os que optam por alocar valores expressivos em uma nova empresa — uma franquia tradicional do setor de alimentação tem investimento médio entre R$ 250 mil e R$ 600 mil. Pessoas e investidores menos experientes, naturalmente, buscam caminhos mais seguros, com exposição de capital menor.

Desta forma, as microfranquias se mostram uma excelente alternativa, por exigirem investimento inicial menor – até R$ 135 mil, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF). Assim, a exposição de capital cai e a decisão de entrada acelera. 

Na Hypper Brands, onde focamos em microfranquias, temos sentido isso na pele: inauguramos de 8 a 20 novas lojas por mês este ano. Só em setembro vendemos 18 unidades, e inauguramos 15. Esse dinamismo reflete como o modelo de baixo investimento inicial está alinhado com o momento.

Empreender sempre foi visto como algo distante para quem não tinha “capital grande, know-how e rede de contatos”. Microfranquias mudam essa narrativa. Elas possibilitam que pessoas de diferentes origens e históricos — jovens, moradores de fora das capitais, quem nunca empreendeu — possam começar o negócio próprio, com baixo investimento, supervisão, apoio e com um modelo já testado.

Vejo a microfranquia como uma forma real de mobilidade social. Assim como a graduação universitária pode abrir portas, uma microfranquia também pode abrir caminhos.

Trago, mais uma vez, exemplos da nossa rede. Temos franqueados que chegaram a oito lojas — uma prova clara da possibilidade de mobilidade social que o formato da microfranquia pode proporcionar. No grupo, 15% dos franqueados têm mais de uma loja. 

Quem pode ser microfranqueado — e como esse modelo realmente funciona

Os perfis que mais têm aderido às nossas microfranquias são pessoas com cerca de 39 anos, em média, muitos casados, com filhos, fora dos grandes centros urbanos, sem experiência anterior de empreendedorismo. Essa é uma população que busca estabilidade, renda extra, mudança de vida — mas precisa de algo com riscos controlados.

Vale lembrar que, segundo a ABF, o retorno do investimento feito em microfranquias é mais rápido em relação às franquias tradicionais. Enquanto essas oferecem um retorno, em média, entre 24 e 36 meses, o investimento em uma microfranquia é recuperado, na média, de 8 a 18 meses.

Para dar suporte a tudo o que disse até aqui, trago alguns dados:

  • Do universo de marcas associadas à ABF, 43% (589) operam com algum negócio no formato de microfranquia;
  • Em 2024, 122 novas marcas de microfranquias se associaram à ABF e outras 26 tradicionais lançaram formatos com menor valor de investimento no período.

Não quero pintar só arco-íris. Também há fatores que não podemos ignorar:

  • Embora o investimento inicial seja menor, ainda existe risco de falha por má localização, fraca gestão, falta de suporte adequado da franqueadora.
  • Microfranquias dependem muito de volume e de escala para gerar lucros expressivos. Quem tem só uma unidade dificilmente vai ficar “milionário”, mas pode sim garantir uma boa renda.

    A infraestrutura em cidades menores, logística, fornecedores, mão de obra qualificada — tudo isso pode encarecer ou tornar mais complexo o negócio.

As microfranquias deixaram de ser um nicho de curiosidade para se tornarem, de fato, um motor de crescimento no franchising brasileiro. Em cenários de juros altos, incerteza e menor liquidez, o modelo “baixo investimento + apoio + modelo testado” ganha força. Ele permite que mais pessoas — independentemente de condição financeira ou experiência — ingressem no mundo do empreendedorismo.

Para nós, da Hypper Brands, isso significa não só aproveitar essa onda, mas estruturar operações robustas, com suporte forte para franqueados, para garantir que quem entra no modelo não só sobreviva, prospere.


*André Augusto é CEO da Hypper Brands, holding que reúne atualmente quatro marcas do setor de alimentação e um faturamento anual de R$ 100 milhões.

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