Web Summit Lisboa 2025 é oficialmente aberto com discursos sobre o papel da tecnologia e da cultura no futuro das cidades e dos governos

O Web Summit Lisboa 2025 foi oficialmente aberto nesta segunda-feira (10) com discursos que destacaram o papel da inovação, da inteligência artificial e da cultura no desenvolvimento global. A cerimônia de abertura reuniu Paddy Cosgrave, CEO e fundador do Web Summit; Casey Lau, co-host do Web Summit Vancouver; Carlos Moedas, prefeito de Lisboa; e Gonçalo Matias, ministro da Reforma do Estado de Portugal.

A virada geopolítica da inovação

Em sua fala de abertura, Paddy Cosgrave destacou o ritmo acelerado das transformações tecnológicas e o reposicionamento global da inovação. O fundador do Web Summit observou que o domínio ocidental sobre a tecnologia está diminuindo e apontou a ascensão da China como protagonista na corrida da inteligência artificial e da robótica. Segundo Cosgrave, os modelos chineses são de código aberto e gratuitos, o que pode redefinir o equilíbrio global no setor.

Ele também destacou o avanço do sistema de pagamentos instantâneos Pix, criado pelo Banco Central do Brasil, como um dos movimentos mais disruptivos no cenário financeiro internacional. “Assim como os modelos de IA chineses, o Pix é totalmente gratuito e pode colocar em risco os monopólios de pagamentos e fintechs incumbentes”, afirmou.

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Cosgrave ainda citou o crescimento de polos tecnológicos fora do eixo tradicional. Ele observou o aumento da presença de startups da Polônia e de países da Ásia, África e América do Sul no evento, sugerindo uma descentralização da inovação global. “O Web Summit costumava ser definido pela competição entre empresas ocidentais. Agora, o mundo está mudando — e rápido”, concluiu.

Lisboa como capital de inovação, cultura e justiça social

O prefeito Carlos Moedas celebrou os avanços da cidade desde a chegada do Web Summit a Lisboa há uma década. Ele lembrou o lançamento da Unicorn Factory, iniciativa municipal para atrair e acelerar startups, que hoje conta com 16 unicórnios instalados na capital portuguesa.

Moedas ressaltou dois pilares para o futuro da cidade: justiça social e cultura. O prefeito citou a criação do maior prêmio europeu de inovação social, voltado a temas como saúde e migração, e destacou a importância da arte como motor de criatividade. “A cultura é o ingrediente secreto da inovação. No mundo digital, onde tudo é zero e um, é a nossa natureza humana (expressa pela arte) que faz a diferença”, disse.

Portugal e a aposta em uma transformação digital responsável

O ministro Gonçalo Matias apresentou a visão do governo português para os próximos anos, com foco em tornar o país um hub global de inovação e inteligência artificial responsável. Ele anunciou o lançamento da Agenda Nacional de IA, que conectará tecnologia, economia e soberania digital.

Segundo o ministro, Portugal investe em infraestrutura para data centers e em uma nuvem soberana nacional voltada à segurança de dados. Também está em andamento um Pacto de Competências Digitais para capacitar 2 milhões de cidadãos até 2030. “Um Estado digital não pode prosperar sem cidadãos digitais”, afirmou.

Matias destacou o projeto Amália, modelo de linguagem em português criado pelo governo, e mencionou os planos de construir gigafábricas de IA com investimentos superiores a 16 bilhões de euros. Ele defendeu a importância da ética e da transparência como fundamentos da confiança pública: “A confiança dos cidadãos é o ativo mais valioso da governança digital”.

A abertura foi encerrada com a tradicional entrada dos fundadores de startups de mais de 100 países, simbolizando a diversidade e a globalidade do ecossistema de inovação presente no Web Summit Lisboa 2025.

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Imagens e informações: Amanda Dechen, Community Manager do Pecege e MBA USP/Esalq