Web Summit Lisboa 2025

Web Summit Lisboa 2025 discute o futuro do varejo comunitário e o papel das pequenas empresas na economia local

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O painel“Reviving Local: The Future of Community Retail”, realizado no Web Summit Lisboa 2025, abordou os desafios e oportunidades enfrentados por pequenas empresas em um cenário de competição global e digitalização acelerada. Participaram Niall Mac an tSionnaigh, CEO da SumUp; Katherine Chan, CEO da JUICE; e Dominika Tarczynska, jornalista e apresentadora da Telewizja Polsat.

O debate começou destacando o papel essencial das pequenas e médias empresas na economia global. Katherine Chan lembrou que, apenas no Reino Unido, elas representam 99% do setor privado e empregam 60% da força de trabalho. Segundo a executiva, o principal obstáculo não é apenas o acesso ao crédito, mas também a falta de confiança e de informação sobre como utilizar o capital de forma estratégica. “Existe um estigma em torno da dívida, como se fosse um sinal de fracasso. Na verdade, quando bem utilizada, pode ser uma ferramenta de crescimento”, afirmou.

A JUICE atua como uma plataforma de financiamento inteligente para PMEs, utilizando milhares de pontos de dados alternativos para avaliar o potencial de crescimento dos negócios. Chan citou o caso de dois empreendedores que fabricavam mesas de jantar em uma garagem e tiveram o pedido de crédito negado por um banco tradicional. A empresa ofereceu uma linha inicial de 100 mil libras, que se transformou em 1,5 milhão de libras em dois anos. “Não somos apenas credores, mas parceiros de longo prazo”, destacou.

Niall Mac an tSionnaigh, da SumUp, relembrou o início da empresa há 11 anos, quando o objetivo era simplificar os pagamentos com cartão para pequenos comerciantes. Hoje, a empresa opera em 36 países e atende mais de 4 milhões de lojistas. Para ele, a digitalização permitiu que empreendedores locais competissem com grandes redes, mas também trouxe novos desafios. “Vivemos uma crise do custo de vida, e é natural que os consumidores busquem melhores preços. Mas há um desejo genuíno de apoiar negócios locais, de comprar do café da esquina, da padaria do bairro. Esse é o tecido que mantém as comunidades vivas”, afirmou.

Mac an tSionnaigh defendeu que tecnologia e produtividade são essenciais para que o varejo comunitário se mantenha competitivo. “O pequeno empresário precisa usar ferramentas que eliminem tarefas administrativas e o deixem livre para fazer o que faz de melhor: atender o cliente e desenvolver o próprio negócio”, disse. A SumUp, segundo ele, tem investido em dispositivos portáteis que integram gestão de vendas, estoque e pagamentos em uma única solução, reduzindo custos e otimizando tempo.

O painel também abordou a transformação cultural trazida pela pandemia e pela adoção massiva da tecnologia. Chan destacou que muitos consumidores voltaram a valorizar a produção artesanal e o consumo sustentável, embora reconheça que os pequenos empreendedores enfrentam uma concorrência desigual. “As grandes redes contam com recursos e infraestrutura que os pequenos não têm. É por isso que precisamos oferecer ferramentas de análise, dados e acesso a capital para equilibrar o jogo”, afirmou.

Questionados sobre o futuro das profissões tradicionais, os executivos foram unânimes ao defender que o retorno do trabalho artesanal é um movimento natural. Para Mac an tSionnaigh, profissões manuais e criativas tendem a renascer justamente por causa da automação. “Há um desejo crescente por produtos únicos e feitos à mão. As pessoas estão redescobrindo o valor daquilo que é local e humano”, disse.

Encerrando o painel, Chan observou que a evolução da inteligência artificial e da automação também vai impulsionar um processo de requalificação profissional. “Com o avanço da IA, será inevitável um movimento de reeducação e revalorização de habilidades humanas. Precisamos ajudar as pessoas a se tornarem produtoras novamente”, concluiu.

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Imagens e informações: Amanda Dechen, especialista em comunicação do MBA USP/Esalq

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