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Toby Daniels alerta para a desconexão no ambiente de trabalho digital

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O cofundador da ON_Discourse, Toby Daniels, movimentou a programação do segundo dia do Web Summit Lisboa 2025 com uma reflexão sobre o futuro do trabalho e o papel da inteligência artificial na conexão entre ideias, pessoas e produtividade. O executivo anunciou o lançamento do Domain, uma nova plataforma de colaboração alimentada por IA que promete “reconectar o trabalho com as redes profissionais”.

Daniels iniciou sua fala destacando o problema da fragmentação das rotinas digitais. “O trabalho tornou-se desconectado. As ideias vivem em diferentes aplicativos, como Slack, Notion e e-mail. O profissional médio alterna entre ferramentas mais de mil vezes por dia”, afirmou. Segundo ele, a tecnologia que deveria otimizar o trabalho acabou aumentando a dispersão e reduzindo o tempo dedicado à criatividade. “Precisamos mudar de sistemas que apenas fazem para sistemas que pensam.”

O empreendedor propôs um novo modelo de produtividade baseado em contexto conectado, no qual ferramentas de IA seriam capazes de reter informações sobre decisões, projetos e colaborações anteriores. “Imagine sistemas que lembram o histórico das suas conversas e sugerem as pessoas certas para melhorar suas ideias. O futuro da vantagem competitiva não está no alcance, mas na colaboração inteligente”, disse.

Ao anunciar o Domain, Daniels explicou que a plataforma foi desenhada para unificar trabalho, rede e contexto em um mesmo ambiente. O sistema oferece três pilares: contexto conectado, colaboração orquestrada e conhecimento compilado. “O objetivo é transformar a IA de uma ferramenta passiva em um colaborador ativo. A plataforma convida automaticamente as pessoas certas da sua rede no momento ideal, e gera insights com base no trabalho real — não em artigos genéricos do LinkedIn”, explicou. O lançamento oficial está previsto para os próximos meses.


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Na sequência, Daniels chamou ao palco Dan Gardner, cofundador da ON_Discourse e da agência Code and Theory, que apresentou uma análise sobre os riscos e as oportunidades do novo cenário digital. Gardner defendeu que “a internet, como conhecemos, está se fechando” e que as empresas precisam repensar sua relação com os consumidores antes que percam espaço para grandes plataformas de IA.

“Digo que a internet é ruim — e isso é uma boa notícia. Ela está desconectada das emoções humanas e projetada para nos adaptar à tecnologia, em vez de o contrário. Mas isso significa que há uma enorme oportunidade de reconstruí-la de forma mais humana”, afirmou Gardner, que apresentou dados de uma pesquisa feita com 800 executivos C-level. Segundo o levantamento, 94% reconhecem que uma boa experiência do cliente impulsiona o crescimento, mas 93% admitem que a experiência em suas empresas precisa melhorar.

Para o executivo, as corporações estão priorizando eficiência e automação em detrimento da experiência do consumidor. “Estamos investindo em ferramentas de produtividade, mas esquecendo de pensar na relação com o cliente. A IA não é apenas uma tecnologia de automação: é uma tecnologia emocional”, disse. Gardner alertou que a dependência das empresas em relação a plataformas fechadas, como as de grandes modelos de IA, pode gerar perda de controle sobre dados e clientes. “Na revolução anterior, todo mundo foi para o Amazon e para o SEO, e depois ficou sem nada. Isso pode acontecer de novo se não assumirmos o controle sobre nossos próprios ecossistemas.”

O cofundador da Code and Theory defendeu que as marcas precisam buscar profundidade de categoria e ressonância emocional em suas experiências digitais. “As grandes empresas sabem que as pessoas compram um produto não apenas pela utilidade, mas pela experiência. É por isso que marcas de luxo continuam crescendo mesmo com produtos substituíveis”, observou.

Encerrando a palestra, Gardner reforçou a necessidade de alinhamento entre os executivos para transformar as empresas em um contexto de IA. “O problema é que as organizações continuam operando em silos. O futuro exige colaboração entre CMOs, CTOs e CEOs. As métricas antigas, como custo reduzido ou tickets fechados, não servem mais. Precisamos medir relacionamentos, não eficiência.”

A dupla concluiu a sessão com uma mensagem otimista sobre a reinvenção digital. “O trabalho, a internet e a inteligência artificial precisam convergir para servir às pessoas, e não o contrário. Este é o momento de reconstruir as conexões humanas dentro do sistema”, resumiu Toby Daniels.

Acompanhe a cobertura do Web Summit Lisboa 2025 no portal Central do Varejo e em nossas redes sociais!

Imagens e informações: Amanda Dechen, especialista em comunicação do MBA USP/Esalq

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