Web Summit Lisboa 2025
Automação e expertise humana se complementam na nova era da cibersegurança
O equilíbrio entre automação e intervenção humana nas estratégias de cibersegurança foi o tema central do painel “Balancing Automation and Human Expertise in Modern Cybersecurity & Compliance”, realizado no Web Summit Lisboa 2025. Participaram Nicholas Muy, CISO da Scrut Automation, Justin Rende, CEO da Rhymetec, e o jornalista Franz Wild, CEO do The Bureau of Investigative Journalism, que mediou a conversa.
Logo no início, os executivos explicaram como o avanço da computação em nuvem transformou o perfil dos clientes e das ameaças. Muy afirmou que 99% dos clientes da Scrut são empresas nativas da nuvem, mas que até organizações tradicionais — como fabricantes de peças aeronáuticas — estão migrando rapidamente para esse modelo. “Empresas com 15 ou 20 anos de mercado estão se tornando cloud-first e adotando automação para manter a governança e a conformidade. Elas se movem mais rápido do que muitos grandes grupos corporativos”, disse.
Rende completou dizendo que a automação tem sido essencial para escalar processos de segurança e reduzir tarefas repetitivas. “Ferramentas de monitoramento e conformidade automatizadas eliminaram boa parte do trabalho manual. Mas há limites: confiança, por exemplo, não pode ser automatizada — ela exige interação humana”, destacou.
O painel discutiu ainda o impacto da inteligência artificial na defesa cibernética. As empresas representadas já utilizam IA para responder questionários de segurança, monitorar sistemas e realizar testes automatizados de penetração, mas os executivos ressaltaram que a supervisão humana continua indispensável. “Aprendemos da maneira difícil o que significa integrar IA em produtos reais. Construí-la de forma útil exige muito trabalho. Ela não pode ser apenas um chatbot”, afirmou Muy, explicando que sua equipe usa IA também para monitoramento 24/7 de infraestrutura interna.
Rende relatou o uso de ferramentas como o Expo, plataforma de testes de penetração automatizados com IA, mas reconheceu limitações. “Essas soluções são excelentes para tarefas específicas, mas não têm contexto. É preciso direcionamento humano para definir o escopo e interpretar resultados. A IA ainda não substitui a nuance da análise de um especialista”, observou.
Ambos concordaram que, apesar da popularização da IA, as ameaças cibernéticas continuam majoritariamente básicas, envolvendo falhas de configuração, cadeias de suprimento e vulnerabilidades conhecidas. “Há muito barulho sobre ataques de IA, mas a maioria das violações ainda ocorre por descuidos simples. Segurança é como preparo físico — novas modas surgem, mas o básico continua o mesmo”, disse Muy.
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Os líderes também abordaram o desafio de formar e reter talentos em um mercado que cresce mais rápido do que a oferta de profissionais qualificados. “Buscamos pessoas com curiosidade genuína, capacidade de resolver problemas e boa comunicação. Não é uma questão de diploma, e sim de mentalidade. Alguns dos melhores profissionais de segurança que conheci vieram de áreas como ciências políticas ou artes”, contou Muy.
Rende reforçou que o setor ainda sofre com escassez de especialistas. “Há muita gente que diz trabalhar com segurança, mas pouca que realmente se interessa em entender o problema. A demanda é enorme e continuará crescendo”, afirmou.
Na parte final, os executivos refletiram sobre o futuro dos negócios. A Scrut Automation, que já atende mais de 2 mil clientes globais, planeja expandir com base nas demandas dos usuários atuais. “Nosso crescimento vem de ouvir o cliente e resolver seus problemas reais, não de correr atrás de modismos”, disse Muy. Já a Rhymetec aposta em subir de patamar no mercado, oferecendo serviços mais sofisticados e personalizados. “O espaço está saturado, então nosso foco é avançar no mercado corporativo e manter a vantagem competitiva”, concluiu Rende.
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Imagem: Freepik
Informações: Mirna Rubim, embaixadora do MBA USP/Esalq
