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Tendências para o e-commerce em 2026: o jogo mudou (de novo)
O e-commerce brasileiro atingiu um faturamento de R$ 100,5 bilhões no primeiro semestre de 2025, segundo dados da ABComm. Mas, por trás das cifras bilionárias, o cenário para o lojista nunca foi tão desafiador.
O jogo não é mais sobre vender a qualquer custo, mas entender que o cliente ficou mais exigente, as margens apertaram e os algoritmos agora cobram uma sofisticação técnica que separa quem está brincando de lojinha de quem constrói um império.
As tendências para o e-commerce em 2026 apontam para uma maturidade forçada: o sucesso agora depende menos de volume e muito mais de eficiência operacional e inteligência de dados.
Para quem opera no dia a dia do varejo digital, confira os principais movimentos que devem ditar o ritmo do jogo nos próximos meses:
1. A vez dos Commerce Agents
Imagine que, em vez de uma pessoa navegando por categorias, quem decide a compra é um robô. Os assistentes de IA — ou Commerce Agents — serão os novos compradores em 2026.
O cliente dará uma ordem de voz: “Quero um tênis de corrida até 300 reais, azul, que chegue amanhã”, e a IA vai varrer a internet atrás de quem oferece o melhor preço, o frete mais rápido e a ficha técnica mais confiável.
O impacto disso na operação é imediato: quem não trabalhar com dados estruturados, EAN correto e atributos bem preenchidos no ERP, vai ficar invisível. A IA não interpreta intenções; ela processa dados.
Se a vitrine digital não for legível para máquinas por meio do GEO (Generative Engine Optimization), a marca simplesmente não será apresentada para humanos.
2. O refúgio das microcomunidades
O ambiente das redes sociais tornou-se uma praça barulhenta demais, onde o alcance orgânico é escasso e a atenção é disputada a preços altos. Por isso, a grande aposta de retenção agora acontece nos “cercadinhos”: grupos de WhatsApp, canais de transmissão e listas fechadas.
O objetivo aqui é criar um ambiente de exclusividade, não fazer panfletagem digital. É ali, longe do barulho dos algoritmos, que o lojista consegue lançar produtos com custo zero de mídia e ouvir o que o público realmente quer antes de ir para o mercado aberto.
3. A fluidez no Social Commerce
Mandar um link para o cliente sair do aplicativo de mensagens e navegar em um ambiente externo contribui muito para a desistência de compra. O mercado de 2026 busca atrito zero. A tecnologia já permite que o checkout aconteça dentro da própria conversa.
O consumidor escolhe, tira a dúvida e paga sem interrupções. Encurtar essa distância entre o desejo e o pagamento é o que separa uma operação que converte de uma que apenas gera tráfego sem conclusão.
4. Menos é mais: simplicidade premium
Muitas empresas acreditam que ter um catálogo infinito é sinônimo de robustez. Na prática, isso costuma gerar paralisia no consumo e dinheiro parado no estoque. A tendência é justamente o enxugamento.
Ou seja, você deve manter apenas o que gira, focar em variações que fazem sentido e limpar o ruído visual das páginas de produto. Uma estrutura enxuta facilita a logística e, principalmente, ajuda os indexadores a entenderem rapidamente qual é o carro-chefe da marca.
5. O novo campo de batalha do Retail Media
Investir em canais tradicionais de busca continua importante, mas o capital mais estratégico de 2026 estará dentro dos grandes varejistas. O Retail Media é o anúncio feito onde o comprador já está com o cartão na mão.
Quer um exemplo? Os resultados de busca do Mercado Livre ou da Amazon. Para o pequeno e médio negócio, isso significa disputar a decisão de compra no momento exato da intenção, o que costuma trazer um retorno sobre o investimento muito mais saudável e direto.
6. Creators de performance e os vídeos compráveis
A relação com influenciadores amadureceu. Aquela publicidade vaga, baseada apenas em envios de produtos e sem métricas claras, perdeu espaço para os Creators de Performance. O foco agora é o modelo de CPA (Custo por Ação), em que o criador de conteúdo vira um parceiro de negócios que ganha comissão sobre resultados reais de venda.
Somado a isso, o vídeo deixou de ser apenas entretenimento. Tecnologias de Shoppable Videos permitem que o item visto na tela seja adquirido sem que o usuário precise pausar o conteúdo. É a união da autoridade de quem recomenda com a facilidade técnica de um botão de compra imediato.
A verdade é que o e-commerce em 2026 não será território para quem aposta na sorte ou em fórmulas prontas de crescimento. A maturidade do setor exige uma mudança de postura: o foco sai da simples atração de tráfego e entra na sofisticação da jornada e na preservação da margem de lucro.
No fim do dia, as tecnologias e estratégias citadas servem para humanizar a relação com o cliente e automatizar a burocracia técnica. O mercado está subindo o nível, e quem começar a organizar a casa agora é quem terá fôlego para liderar os próximos anos do varejo digital brasileiro.
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Imagem: Freepik
*Fabio Ludke é especialista em vendas online e gerente de vídeo marketing no Ecommerce na Prática, líder global em educação para e-commerce e parte do ecossistema Nuvemshop. Empresário, produtor de conteúdo e mestre em engenharia, Fabio atua com e- commerce desde 2018. Hoje, usa sua expertise empreendedora para orientar empresas a alcançarem seus objetivos de negócio.
