Operação
Atacarejo investe em novas categorias para aumentar fluxo e frequência
Depois de um período de expansão acelerada, o atacarejo entra em uma fase de maturidade que exige ajustes para manter o ritmo de crescimento nos próximos anos. De acordo com o estudo Varejo em Movimento, realizado pela Scanntech em parceria com a McKinsey, o canal passa por um processo de evolução do modelo de negócio, com foco na ampliação do sortimento em categorias que até pouco tempo eram menos desenvolvidas, com o objetivo de atender a um número maior de missões de compra e aumentar o fluxo e a frequência nas lojas.
Atualmente, 51,8% do volume comercializado no atacarejo está concentrado em missões de abastecimento, o que indica a predominância de compras planejadas. No entanto, os indicadores de desempenho em mesmas lojas apontam queda de 2,7% em unidades vendidas, cenário que tem levado as redes a buscar novas alavancas de crescimento. “Esse cenário estimula as redes a avançar em categorias historicamente menos exploradas pelo atacarejo, para ampliar sua relevância nas compras de reposição e no dia a dia das famílias”, afirma Felipe Passarelli, head de Inteligência de Mercado da Scanntech.
Nesse movimento, categorias tradicionalmente menos desenvolvidas no canal passam a ganhar espaço e a crescer acima da média do atacarejo e, em alguns casos, também acima do desempenho do supermercado. A ampliação do sortimento sinaliza uma maior atuação do formato em compras de reposição, consumo imediato e ocasiões que antes não eram associadas ao atacarejo.
No acumulado do ano até outubro de 2025, dados da Scanntech indicam avanço de categorias como pães, com crescimento de 4%, frutas in natura, com alta de 6%, e peixes e legumes, ambos com crescimento de 10%. Esses produtos passam a ter maior participação nas compras de reposição das famílias.
Segundo a análise da Scanntech em parceria com a McKinsey, FLVO e padaria se consolidam como vetores relevantes dessa transformação, ao atrair consumidores em busca de conveniência e variedade. O avanço nessas frentes, porém, implica maior complexidade operacional, necessidade de adaptações físicas nas lojas e investimentos na experiência de compra.
Outro movimento observado no canal envolve categorias de cuidados pessoais e bem-estar. Até outubro de 2025, suplementos para academia registraram crescimento de 141% em volume no atacarejo, seguidos por esfoliantes corporais, com alta de 76%, pigmentos capilares, com 36%, e protetores solares, com 32%.
“Esse movimento reforça o ganho de relevância do atacarejo nas compras das famílias e sinaliza uma mudança no perfil do consumidor do canal, que passa a valorizar não apenas o preço baixo, mas também a conveniência e a variedade”, afirma Passarelli. O executivo acrescenta que a transformação do atacarejo reflete uma tendência mais ampla do varejo. “Hoje, nenhum canal olha apenas para o seu próprio segmento. A competição é transversal, e isso exige que varejistas se reinventem, revisem sortimento, ampliem categorias e criem novas propostas de valor para o consumidor”, conclui.
Imagem: Envato
