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At Home, rede americana de artigos para casa, entra com pedido de falência

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A varejista de móveis At Home entrou com pedido de falência nos Estados Unidos na segunda-feira (16), citando uma série de desafios, incluindo a pandemia, interrupções na cadeia de suprimentos, inflação e tarifas. O pedido de Chapter 11 foi protocolado no Tribunal de Falências dos EUA no estado de Delaware.

A empresa enfrenta dificuldades financeiras com uma dívida de US$ 2 bilhões, que será eliminada graças a um acordo com quase todos os credores. A At Home também obteve um financiamento de US$ 600 milhões sob regime de devedor em posse (DIP financing) — sendo US$ 200 milhões como injeção para a reestruturação e os demais US$ 400 milhões como rolagem de dívidas garantidas existentes.

O pedido ocorre em um momento difícil para uma varejista que depende fortemente de vendas sazonais: de acordo com documentos judiciais, 40% da receita líquida anual veio de itens de decoração e acessórios para feriados e datas comemorativas.

Mesmo após sair da falência, a empresa ainda terá que lidar com os mesmos desafios macroeconômicos e logísticos mencionados como causa do colapso. Segundo os documentos, apesar do aumento na demanda durante a pandemia, os custos de frete e as interrupções na cadeia de suprimentos dificultaram as operações. Posteriormente, a demanda caiu significativamente, influenciada pela inflação e pela desaceleração do mercado imobiliário.

“Essas dinâmicas provavelmente não mudarão no curto prazo”, afirmou Neil Saunders, diretor da GlobalData, em comentário por e-mail.

Segundo Jeremy Aguilar, diretor financeiro da empresa, o tráfego nas lojas físicas caiu cerca de 24% no início de 2024, em comparação com a média pré-pandemia de 2020. “Mesmo com a melhora nos gastos do consumidor na segunda metade de 2024, os consumidores priorizaram itens essenciais, e não produtos de decoração, por conta da incerteza econômica e da queda na confiança do consumidor”, escreveu Aguilar em documento judicial.

Com cerca de 90% dos seus produtos importados, as tarifas foram um desafio particular para a At Home. “Embora a empresa já lidasse com tarifas, a atual volatilidade nas negociações comerciais dos EUA agravou os problemas financeiros e acelerou a necessidade de uma solução mais ampla”, informa o processo.

Fundada em 1979 como Garden Ridge Pottery, a empresa se chamou Garden Ridge até 2014, quando passou a adotar o nome At Home. Ela já havia pedido falência em 2004. Em 2021, a empresa foi adquirida pelo fundo de private equity Hellman & Friedman por US$ 2,8 bilhões, incluindo dívidas.

A At Home opera 260 lojas em 40 estados norte-americanos, com cerca de 105 mil pés quadrados por unidade. Aproximadamente 70 milhões de pessoas visitam suas lojas anualmente — que respondem por 93% da receita — e 53 milhões acessam seu site. O valor médio por produto é inferior a US$ 20 e o gasto médio por cliente é de cerca de US$ 75 por visita. A empresa emprega aproximadamente 7.170 pessoas em suas lojas, escritórios e centros de distribuição.

Segundo Saunders, a estratégia de preços baixos não é suficiente para competir com grandes nomes como Ikea e Wayfair. “Falta inspiração e entusiasmo para atrair consumidores, especialmente em regiões com alta concorrência”, disse. “Os preços também não são tão atrativos a ponto de justificar a escolha pela At Home em vez de outras marcas.”

A dependência de lojas físicas tem pressionado os lucros nos últimos anos. A empresa desacelerou a abertura de novas unidades por conta do baixo reconhecimento da marca, demanda fraca e desempenho irregular das lojas. Ainda assim, “lojas com desempenho insatisfatório permanecem na rede”, afirmou Aguilar, observando que muitas ainda estão sob contrato de aluguel.

Embora a dívida seja o principal obstáculo da empresa, a concorrência acirrada e a instabilidade econômica continuam sendo desafios significativos.

“O Chapter 11 não resolverá todos os problemas. A redução da dívida dará tempo, mas a At Home precisará repensar todo o seu modelo de negócios”, concluiu Saunders.

Imagem: Reprodução
Informações: Daphne Howland para Retail Dive
Tradução livre: Central do Varejo

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