Economia

Chuvas no RS causaram prejuízo de mais de meio bilhão

Foram mais de 80 mortes, 111 desaparecidos, 175 feridos, e mais de 850 mil pessoas afetadas; porém, a estimativa é de que o estrago tenha sido ainda maior

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Centro de Porto Alegre completamente inundado.

Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 03/05/2024, Prefeitura de Porto Alegre a esquerda e o Mercado Municipal a direita, alagados, após chuva intensa. Foto: Gilvan Rocha/Agência Brasil

No final de abril começou uma série de chuvas no Rio Grande do Sul que duraria mais de dez dias. O resultado tem sido parecido com o de um dilúvio: cerca de 420 mm de chuva, quase um terço do esperado para o ano no estado. São atualmente 345 municípios do RS em estado de calamidade; cidades desapareceram, rodovias foram engolidas pela água e cerca de 850 mil pessoas foram afetadas.

O prejuízo humano deixado tem sido imenso: até o último número divulgado, 83 pessoas morreram no desastre, que é o maior da história do estado mais ao sul do Brasil. Porém, é possível que haja ainda mais mortos entre os 111 desaparecidos; 175 pessoas ficaram feridas, e mais de 850.400 pessoas foram atingidas, perdendo casas, negócios, itens pessoais, e tendo a vida ameaçada pela chuva.

Já o prejuízo material também é gigantesco. De acordo com a Confederação Nacional de Municípios (CNM), os danos materiais do desastre entre os dias 29 de abril e 5 de maio já ultrapassam meio bilhão de reais. Porém, segundo a CNM, o número deve ser infinitamente maior, uma vez que representa apenas 19 municípios, entre os 345 atingidos.

De acordo com o Ministro de Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Goéz, a reconstrução das estradas do Rio Grande do Sul deve custar, por si só, R$ 1 bilhão.

O Governo Federal afirma já ter repassado mais de R$ 1 bilhão em emendas parlamentares para o Rio Grande do Sul. Empresas, Organizações Não-Governamentais, Instituições públicas e do terceiro setor e cidadãos têm se mobilizado para apoiar o estado financeiramente. Várias doações têm sido feitas para tentar mitigar os efeitos devastadores para a população atingida, e para apoiar o restabelecimento das pessoas prejudicadas.

O economista ambiental Marcos Godoi explica porque o Rio Grande do Sul é um local tão vulnerável em relação às mudanças climáticas: “Curiosamente, um dos maiores problemas ambientais presentes no Rio Grande do Sul é a desertificação do bioma Pampa. No entanto, todo o Sul do Brasil deve receber de 20% a 30% mais chuva do que recebe hoje até o fim desse século, como consequência das mudanças climáticas. Quando isso se conjuga com os eventos climáticos extremos, uma vez que o ar mais quente ‘segura’ mais água, fazendo com que chova muito de uma vez só, podemos esperar mais eventos como esse no futuro”.

É mais barato prevenir que mitigar efeitos das mudanças climáticas

De acordo com um estudo recente publicado na Revista Nature, as mudanças climáticas já causadas pelo homem até agora irão diminuir em até 19% na renda global. De acordo com as escolhas tomadas em relação à preservação ambiental a partir de agora, esse impacto pode ser ainda pior. Os prejuízos com as mudanças climáticas até 2050 serão seis vezes maiores que os recursos que deveriam ser investidos na contenção do aquecimento da terra em 2ºC, segundo o Acordo de Paris.

“Como os efeitos das emissões tem uma defasagem temporal, ou seja, as emissões de hoje ainda vão aquecer o planeta por décadas, a mitigação sempre foi uma alternativa mais barata. Apenas é mais difícil de perceber isso por causa desse intervalo entre causa e efeito”, explica Godoi.

Como doar

A Central do Varejo apoia as doações para o estado do Rio Grande do Sul e se solidariza com as famílias impactadas. Veja formas de doar:

Estado do Rio Grande do Sul

O Governo do estado do RS reativou o canal de doação SOS Rio Grande do Sul. O pix é CNPJ 92.958.800/0001-38. O dinheiro será revertido em ações humanitárias e na reconstrução da infraestrutura do estado.

Prefeitura de Porto Alegre

A prefeitura da capital do RS disponibilizou um pix para doações exclusivamente para as vítimas. A chave é CNPJ 92.963.560/0001-60. Também há pontos de doação na cidade, e o principal é a Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs).

Correios

A partir desta segunda-feira, 6, as agências dos Correios de São Paulo, Paraná e de algumas cidades do Rio Grande do Sul estão recebendo doações e transportando gratuitamente para o estado afetado. Podem ser doados alimentos da cesta básica, produtos de higiene pessoal e de higiene, além de roupas.

Além dessas formas, existem diversas ONGs, artistas e instituições que estão organizando formas de ajudar as vítimas da calamidade climática.

“É necessário se pensar medidas de adaptação, considerando que este não será o último evento do tipo. É preciso analisar as áreas sujeitas a alagamento e deslizamento e se tomar medidas para ou retirar as pessoas dali ou criar estruturas que deem conta desse ‘novo normal’, como diques maiores, estruturas de contenção em encostas de morro, o que for mais viável social e economicamente”, explica Godoi em relação às atitudes que devem ser tomadas agora, frente aos desastres ambientais. “Também é necessário repensar a situação dos meios de transporte, para que possam apresentar uma resiliência a esses eventos extremos, pois um dos maiores problemas para uma região tão densamente povoada nessa situação é o transporte de pessoas para fora dela e de alimentos e outros itens necessários para dentro dela”, complementa o especialista.

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