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Contratações de fim de ano no varejo dos EUA atingem o menor nível desde crise de 2008, aponta NRF
As contratações sazonais no varejo dos Estados Unidos devem totalizar entre 265 mil e 365 mil vagas neste fim de ano, o menor número em pelo menos 15 anos, segundo a National Retail Federation (NRF), principal entidade do setor, em comunicado divulgado na quinta-feira (6).
O número representa uma queda significativa em relação a 2024, quando os varejistas contrataram 442 mil trabalhadores temporários. De acordo com o CEO da NRF, Matthew Shay, as projeções “refletem o enfraquecimento e a desaceleração do mercado de trabalho”.
O economista-chefe da entidade, Mark Mathews, afirmou que algumas empresas podem ter antecipado contratações para apoiar eventos de vendas em outubro, mas a maioria dos varejistas tem buscado reduzir gastos em meio a custos mais altos, incluindo tarifas.
Mercado de trabalho e incerteza econômica
O cenário ocorre em meio à continuidade da paralisação parcial do governo norte-americano, que tem limitado a publicação de dados oficiais sobre emprego e inflação. Isso tem levado empresas e economistas a recorrerem a levantamentos privados.
Na quinta-feira, a consultoria Challenger, Gray & Christmas informou que os anúncios de demissões em outubro chegaram a 153.074, alta de 183% em relação a setembro e de 175% na comparação anual. O número é o maior para o mês desde 2003, e 2025 é o pior ano para demissões anunciadas desde 2009.
Por outro lado, a processadora de folhas de pagamento ADP relatou um crescimento líquido de 42 mil vagas no setor privado em outubro, revertendo duas quedas consecutivas.
Gastos em alta, contratações em baixa
Mesmo com a redução nas contratações, a NRF projeta que os gastos de fim de ano devem atingir entre US$ 1,1 trilhão e US$ 1,2 trilhão entre 1º de novembro e 31 de dezembro, primeira vez que o total deve ultrapassar US$ 1 trilhão. O aumento esperado é de 3,7% a 4,2% em relação ao ano anterior, ligeiramente abaixo da taxa de 4,3% registrada em 2024.
O cálculo da NRF exclui concessionárias de automóveis, postos de gasolina e restaurantes. Mesmo com fatores como inflação, tarifas intermitentes e o fechamento do governo, Shay afirmou que os consumidores “têm surpreendido ao manter o nível de gastos”.
Segundo o executivo, as famílias tendem a ajustar o orçamento em outras épocas do ano para preservar o consumo durante o período de festas.
Setor adota postura cautelosa
A NRF informou que 2025 é o quarto ano com ritmo mais lento de contratações no varejo desde 2000, atrás apenas de 2009, 2010 e 2012, anos marcados pelos efeitos da crise financeira global.
Em entrevista à CNBC, Mathews afirmou que o ambiente atual é definido por incerteza. “A única coisa que as empresas fazem quando estão em ambientes incertos é colocar planos em espera”, disse.
Durante a teleconferência da NRF, o economista acrescentou que a economia dos EUA não necessita mais do mesmo nível de criação de empregos de décadas anteriores, em razão de fatores demográficos e políticos, como a aposentadoria da geração Baby Boomer e restrições à imigração.
Mathews destacou ainda que o investimento em inteligência artificial tem sido “um grande impulso para a economia”, mas alertou que “isso pode estar encobrindo algumas fragilidades”. Ele afirmou que será necessário acompanhar de perto “como as empresas estão se sentindo e o que permanece como um ambiente incerto”.
Imagem: Freepik
Informações: Melissa Repko para CNBC
Tradução livre: Central do Varejo
