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Dezembro: o melhor momento para tirar o sonho de empreender do papel
Para muitas pessoas, o sonho de empreender fica sendo adiado “para o ano que vem”. Mas se tem algo que aprendi acompanhando centenas de novos franqueados é que dezembro não marca somente o fim de um ciclo — mas também o início perfeito.
E não é força de expressão: os dados e a lógica operacional do varejo mostram que dezembro entrega condições que janeiro simplesmente não tem.
Existem três alavancas que só dezembro oferece: caixa, fluxo e velocidade. O último mês do ano reúne três elementos que mudam completamente a jornada de quem está começando:
- Caixa: o 13º salário injeta cerca de R$ 369,4 bilhões na economia. Parte disso vira consumo direto — e outra parte vira oportunidade de investimento para quem decide empreender e assumir taxa inicial, primeiros insumos e respirar no ramp-up sem pânico de caixa.
- Fluxo: o varejo acelera. Dezembro é quando todo mundo empurra decisão “pro ano que vem” e é aí que mora a oportunidade. Fornecedor tem agenda, estoque e vontade de fechar. Negocia melhor ponto, prazo e condição agora do que em fevereiro, quando o mercado desperta e as mesas ficam cheias.
- Velocidade: No Brasil, a maioria planeja em dezembro/janeiro e só começa depois do Carnaval. Quem inicia o processo em dezembro (documentação, ponto, projeto, treinamento) larga na frente da grande maioria. Em março, você não está começando: você já está operando.
Na Hypper Brands, observamos nitidamente dois perfis que chegam ao grupo mais próximos do fim do ano para iniciar a operação já em dezembro: executivos em transição de carreira, que querem começar o próximo ciclo donos do próprio negócio; e investidores que usam 13º e bonificações para acelerar a entrada no franchising.
E há um pano de fundo importante: o segmento de franquias vem em forte expansão, com crescimento no faturamento de 13,5% em 2024. Em um setor aquecido, dezembro funciona como a janela ideal para travar boas condições comerciais, escolher ponto com calma e iniciar onboarding antes da corrida tradicional de janeiro.
Sendo assim, quem começa a implantação em dezembro normalmente inaugura entre fim de janeiro e março e é exatamente isso que gera vantagem. Você trava ponto e condições com calma, antecipa aprovações e compras, e foge dos atrasos típicos de janeiro (férias, equipes reduzidas, filas em fornecedores). Quando o mercado volta no pós-Carnaval, sua unidade já está pronta ou em fase final, com time treinado e marketing aquecido enquanto a maioria ainda está começando.
Além de tudo isso, o setor de alimentação vive seu pico no último mês do ano. Segundo a Abrasel, o faturamento de bares e restaurantes pode subir até 20% em dezembro.
No fim das contas, quem entra no mercado em dezembro avança três casas no tabuleiro.
Não tem uma “hora perfeita” para empreender, mas tem estratégias que tornam o início mais inteligente. Dezembro reúne caixa, fluxo, velocidade, melhores negociações e um mercado de food service vivendo seu auge. Então, se existe um ponto de virada no calendário para tirar o sonho do papel, ele não está no réveillon — ele é agora.
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* André Augusto é CEO da Hypper Brands, holding que reúne atualmente quatro marcas do setor de alimentação e um faturamento anual de R$ 100 milhões.
