Web Summit Lisboa 2025
Do Pix às Comunidades: a revolução silenciosa da descentralização
O futuro da inovação não está apenas nos códigos, mas nas conexões. E o Web Summit Lisboa 2025 deixou isso claro desde a fala de abertura do fundador do evento, que destacou o Pix como um dos maiores símbolos contemporâneos de inovação.
Não pela tecnologia em si — mas pelo que ela representa: descentralização, gratuidade e inclusão.
Quando um sistema financeiro é capaz de permitir transações instantâneas, sem intermediação e sem custo, ele quebra paradigmas que sustentaram o poder por décadas.
O Pix é, no fundo, uma metáfora viva do que está acontecendo em todos os campos — inclusive no das narrativas e das comunidades digitais.
Do controle à coautoria
Durante o painel “Redefining Debate: How emerging media challenges the status quo”, uma pergunta ficou ecoando:
O que acontece quando o poder de moldar narrativas sai das mãos das grandes mídias e “volta” para as comunidades digitais?
A resposta passa pelo mesmo eixo que move o Pix: redistribuição de poder.
Se antes poucos detinham a capacidade de emitir e amplificar mensagens, hoje as comunidades digitais tornaram-se as novas centrais de influência — moldando comportamentos, tendências e até produtos.
As plataformas, por sua vez, tornaram-se pontes para esse poder coletivo.
E é aqui que marcas, criadores e empresas de varejo precisam prestar atenção: as comunidades não são audiência, são infraestrutura cultural.
Elas criam contextos, validam pertencimento e legitimam movimentos de mercado com uma velocidade que nenhum algoritmo sozinho consegue acompanhar.
A lógica da descentralização chegou ao consumo
O que o Pix fez com o dinheiro, as comunidades estão fazendo com a atenção.
Elas redefinem valor e desafiam modelos centralizados de influência e mídia.
O consumo, cada vez mais, se organiza em torno de microgrupos com narrativas próprias — fandoms, coletivos, creators locais e marcas com propósito.
Nesse novo arranjo, o papel das marcas deixa de ser o de “emitir mensagens” e passa a ser o de ativar ecossistemas.
Marcas que entendem de comunidade criam círculos, não palcos.
Elas ouvem, co-criam e distribuem valor, reconhecendo que influência é uma rede, não uma hierarquia.
Inovação é pertença
Entre um painel e outro, um dado chamou atenção: o Web Summit reuniu 71 mil pessoas de 157 países, 2.700 startups de 108 países, e 40% delas fundadas por mulheres.
Mais do que números, isso é um espelho do que a descentralização pode gerar quando encontra diversidade.
Porque inovação não nasce do mesmo, mas do encontro entre diferentes.
Encerrando o dia, encontrei com meu time do MBA USP/Esalq, com quem compartilho o prazer de estar vivendo essa conversa sobre o futuro da inovação — do outro lado do oceano, mas com os mesmos dilemas e esperanças de quem acredita que tecnologia e humanidade não se separam.
Lisboa pulsa esse futuro: um que é digital, sim, mas também emocional e comunitário.
E talvez a maior lição seja essa:
A próxima revolução não será centralizada no EUA ou EU.
Será feita de pessoas, vínculos e pertencimento — exatamente como o Pix nos ensinou.
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Imagens e informações: Ketyanne Silva, Diretora Criativa de Comunidades e embaixadora MBA USP/Esalq
