Economia
Em meio à queda do varejo, ações da C&A dobram de valor na bolsa
Em vez de queimar caixa, empresa acumula R$1,5 bilhão em reservas no 1º trimestre, o que tem sido bem visto por investidores

A C&A Brasil está apresentando um desempenho surpreendente na Bolsa de Valores, ao contrário de suas concorrentes do setor de moda. Enquanto a maioria das empresas do ramo sofreu desvalorização, a C&A dobrou de valor este ano, conforme dados do TradeMap. A empresa possui 300 lojas em 125 cidades brasileiras e tem demonstrado melhorias em suas operações, além de espaço para crescimento futuro. No entanto, investir na empresa também envolve riscos, de acordo com especialistas.
Antes de seu IPO, a C&A era uma empresa bastante reservada, de propriedade de uma família holandesa, a Brenninkmeijer, que não divulgava informações sobre suas operações. No entanto, a partir de 2019, a empresa começou a adotar uma postura mais aberta e transparente, especialmente após sua abertura de capital no Novo Mercado, que exige maior transparência das empresas listadas.
Inicialmente, quando a C&A divulgou seus primeiros números, o mercado se assustou, principalmente com o alto endividamento da empresa. Em 2018, a dívida correspondia a 50% do patrimônio líquido da companhia. No entanto, a empresa tem realizado melhorias em sua produção, vendas e aspectos financeiros. Uma estratégia chamada “Push & Pull” permitiu que a empresa direcionasse seu estoque de acordo com a demanda e a região, personalizando a produção. Além disso, a C&A aprimorou suas vendas online e assumiu a operação de crediário, anteriormente realizada pelo Bradesco.
Todas essas mudanças resultaram em um aumento significativo na receita e no lucro da C&A. A receita líquida de vestuário da empresa aumentou em 25% entre o primeiro trimestre de 2019 e 2023, e o lucro bruto acumulado no primeiro trimestre deste ano foi 10,1% superior ao do mesmo período de 2022. Além disso, a empresa deixou de queimar caixa e acumulou R$1,5 bilhão em reservas no primeiro trimestre, ao passo que concorrentes como Renner enfrentaram uma queda de 75% no lucro.
Enquanto isso, outras empresas do setor de moda, incluindo Marisa, Riachuelo e até mesmo marcas de luxo como Arezzo, Soma e Veste, têm apresentado desempenho fraco na Bolsa ou valorização mínima. A maior parte das empresas atribui essa situação ao aumento das despesas financeiras decorrentes dos altos juros, que também têm impactado negativamente o consumo de produtos de moda devido ao endividamento das famílias.
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