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Expandir sem perder o foco: quando abrir novas frentes de negócio

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Nos últimos anos, líderes e empreendedores de diferentes segmentos têm sido desafiados a repensar seus modelos de expansão. Se antes crescer significava apenas ganhar escala dentro de uma única operação, hoje o mercado valoriza negócios capazes de criar ecossistemas, explorar sinergias e ampliar a experiência do cliente por meio de soluções complementares. Nesse cenário, surge uma questão estratégica: quando é hora de manter o foco absoluto no negócio principal (core business) e quando faz sentido abrir novas verticais que ampliem a proposta de valor?

Ter clareza do próprio DNA é o primeiro passo. Core não é simplesmente o que a empresa vende, mas a razão pela qual existe, o problema que resolve e a transformação que oferece às pessoas. No nosso caso, o Buddha Spa nasceu para proporcionar bem-estar e promover equilíbrio físico, mental e emocional. Esse é o ponto central ao qual qualquer estratégia precisa estar conectada — seja abrindo novas unidades ou criando novos produtos e frentes de negócio.

É natural que, à medida que um negócio amadurece, novos horizontes apareçam. A expansão pode — e muitas vezes deve — ocorrer. Porém, não de forma desordenada. Para diversificar, é importante que o negócio principal esteja consolidado. A partir desse momento, então, vem a pergunta-chave decisora antes de abrir novas verticais de negócio: isso aprofunda a experiência do meu cliente ou me afasta dela?

O caminho para criar novas verticais começa pela observação atenta, principalmente, do empreendedor e da alta liderança da empresa. Foi assim que, nos últimos anos, percebemos que nosso papel poderia ser ainda maior.

A ampliação do nosso ecossistema começou com o Buddha Lab, a nossa frente de produtos. Nosso core business é o serviço ofertado ao cliente, a experiência, o atendimento. Usamos diversos produtos para assegurar essa imersão com excelência: chás, óleos essenciais, óleos de massagem e acessórios terapêuticos que compõem a experiência sensorial. O que fizemos foi centralizar essa cadeia de negócio para ter maior domínio da qualidade da nossa oferta principal. 

Da mesma forma, identificamos que o cliente buscava continuidade de bem-estar fora da sala de massagem. Isso acelerou o desenvolvimento da nossa linha própria de produtos, conectando aroma, sensação e memória afetiva à experiência da marca. 

Um passo recente, que reforça essa visão, foi a aquisição da Pomander, marca reconhecida nacionalmente pela aromaterapia e produtos naturais para o equilíbrio emocional. A decisão não se baseou apenas em sinergia comercial, mas na convicção de que as marcas compartilham a mesma filosofia: promover bem-estar real, natural, sensorial e acessível.

Da mesma forma, a excelência da experiência promovida em nossos spas depende também de mão de obra bem treinada. Então, e se, além de oferecer serviços, capacitássemos profissionais para o próprio Buddha Spa e para o setor como um todo? Esse pensamento nos levou à criação do Buddha Spa College, hoje referência em formação e especialização técnica.

Mais do que diversificar receita, criamos um ecossistema coerente. Porque expandir não pode significar perder o foco. Ao contrário, deve ser algo que aprofunda o propósito, gera impacto mais amplo e fortalece um posicionamento que, antes, podia ser percebido apenas em um ponto de contato. Quando o core está sólido, a expansão deixa de ser risco e passa a ser evolução.

Empresas que desejam crescer por verticais devem refletir sobre três pontos:

  • A nova frente fortalece o propósito ou dilui a marca?
  • Complementa e aprimora a jornada do cliente?
  • Traz vantagem competitiva ou influência positiva no setor?

Quando essas respostas são positivas, o crescimento não é apenas estratégico — é natural. Porque, no fim, crescimento sustentável não nasce somente da vontade de ser maior, e sim da vontade de fazer melhor.

Leia também: Qual é o melhor momento para verticalizar a gestão do negócio?


*Gustavo Albanesi é cofundador e CEO do Buddha Spa, a maior rede de spas urbanos da América Latina.  

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