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Forever 21 atribui falência à concorrência de Temu e Shein

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A varejista de fast fashion Forever 21 conseguiu sobreviver à pandemia, mas enfrentou dificuldades diante da concorrência de produtos chineses baratos e isentos de impostos, enquanto a inflação afetava o poder de compra dos consumidores.

No último domingo, a empresa entrou com pedido de proteção contra falência no Chapter 11 e anunciou que está encerrando suas operações nos Estados Unidos. A marca está buscando um comprador, mas, até agora, não conseguiu fechar nenhum acordo.

Caso não encontre um comprador, todas as 354 lojas nos EUA serão fechadas até 1º de maio. O processo já começou no final de fevereiro, e, no mês passado, a empresa fechou 236 lojas, além de outras 34 unidades que foram encerradas em 2023, conforme registros do Tribunal de Falências dos Estados Unidos no Distrito de Delaware.

Nos últimos três anos fiscais, a Forever 21 perdeu mais de US$ 400 milhões, incluindo um prejuízo de US$ 150 milhões apenas no ano passado. Em 2025, a empresa projeta um prejuízo de US$ 180 milhões em EBITDA.

O grupo formado por Simon Property Group, Brookfield Property Partners e Authentic Brands Group adquiriu a varejista em 2020, após um processo de falência anterior.

Concorrência agressiva do e-commerce chinês

Em 2020, os novos proprietários da Forever 21 provavelmente acreditavam que a compra por US$ 81 milhões era um bom negócio. No entanto, já naquela época, o mercado de fast fashion estava desacelerando.

A partir de 2021, muitos especialistas começaram a prever que a moda descartável perderia força à medida que os consumidores passavam a priorizar opções mais sustentáveis. Ao mesmo tempo, quem ainda queria roupas baratas e de curta duração encontrou novas opções, como Shein e Temu.

Em 2021, a Shein se tornou a maior varejista de fast fashion dos EUA, com um crescimento impressionante de 160% no primeiro semestre do ano, enquanto o mercado de moda rápida nos EUA cresceu apenas 15% no mesmo período.

Shein e Temu revolucionaram o setor, oferecendo produtos ainda mais baratos e rápidos, superando marcas como Forever 21, H&M e Zara. O sucesso dessas plataformas foi impulsionado pela ascensão do TikTok, que permitiu que atingissem a Geração Z com grande eficiência.

Diante desse cenário, a Sparc Group (agora Catalyst Brands) — uma joint venture entre Simon Property Group e Authentic Brands Group, responsável pela operação da Forever 21 — tentou uma abordagem de “se não pode vencê-los, junte-se a eles”. Em 2023, assinou um acordo com a Shein para permitir que as marcas distribuíssem os produtos uma da outra.

No entanto, a Forever 21 não conseguiu competir com a vantagem de preços da Shein, que se beneficia da “isenção de minimis” — uma política dos EUA que isenta de tarifas produtos importados abaixo de US$ 800.

Política tarifária e impacto nas vendas

A isenção de minimis chegou a ser suspensa como parte das políticas tarifárias da administração Trump, mas foi posteriormente restabelecida.

“Apesar dos inúmeros pedidos de empresas e grupos do setor para que o governo dos EUA criasse um ambiente competitivo mais justo para os varejistas americanos, as leis e políticas do país não resolveram o problema”, afirmou Stephen Coulombe, co-diretor de reestruturação da Forever 21.
“A Sparc tentou contornar esses desafios operacionais firmando parceria com a Shein em 2023 e buscando o fim da isenção, mas esses esforços não tiveram sucesso e a empresa continuou registrando prejuízos.”

Esses desafios financeiros tornaram a Forever 21 menos atraente para potenciais compradores.

Em 2024, o CEO da Authentic Brands Group, Jamie Salter, admitiu arrependimento pela aquisição da Forever 21, chamando a compra de “provavelmente o maior erro que cometi”.

Forever 21 também teve falhas internas

Embora a concorrência tenha desempenhado um grande papel na crise da Forever 21, a empresa também cometeu erros internos.

Segundo Neil Saunders, diretor da GlobalData, a marca perdeu relevância e falhou em criar uma identidade forte para atrair novos consumidores.

“A variedade de produtos e o merchandising da Forever 21 foram fracos, e a marca não tem uma identidade clara há muito tempo. O resultado disso é que mais e mais clientes, especialmente os mais jovens, deixaram de se interessar pela marca”, disse Saunders.

Além disso, a empresa manteve lojas muito grandes em shoppings pouco movimentados, o que agravou os custos operacionais e impactou a rentabilidade.

“Infelizmente, a Forever 21 foi criada para uma era diferente”, concluiu Saunders.

O futuro da Forever 21

Tecnicamente, a empresa que pediu falência é a unidade operacional da Forever 21 nos EUA, que licencia a marca. A Authentic Brands Group ainda detém os direitos de propriedade intelectual da Forever 21, o que significa que a marca pode ser licenciada para outros operadores no futuro.

As lojas e o e-commerce da Forever 21 fora dos Estados Unidos não estão incluídos no pedido de falência e continuarão operando normalmente.

Caso um comprador seja encontrado, a empresa poderá evitar o fechamento completo das operações e seguir um modelo de negociação contínua.

“Isso tornaria a Forever 21 uma sombra do que já foi, mas ainda há chances de venda, especialmente para grupos de e-commerce e empresas que trabalham com gestão de marcas”, afirmou Saunders. “No entanto, o preço da venda precisaria refletir o status enfraquecido da empresa no mercado.”

Se nenhum comprador for encontrado, a Forever 21 pode encerrar todas as suas atividades nos EUA até maio.

Imagem: Divulgação
Informações: Daphne Howland para Retail Dive
Tradução livre: Central do Varejo

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