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IA no design de produtos de saúde

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A inteligência artificial está a transformar radicalmente o design de produtos de saúde, acelerando processos e colocando a empatia no centro das soluções. Este foi o mote da sessão “Empathy and reinvention of design”, liderada por Peter Skillman, Head of Design, na Philips.

Ferramentas como o ChatGPT permitem criar protótipos completos em minutos, gerando especificações de interface que podem ser transferidas para plataformas como Figma e convertidas em protótipos funcionais até quatro vezes mais rápido do que métodos tradicionais. Projetos que antes demoravam seis meses podem ser concluídos em três semanas, com ciclos de validação contínuos. 

Surge, assim, o papel do “Maker”, que combina engenharia, design e gestão, democratizando a criação de soluções. 


E num mundo onde quase todos poderão ter autonomia para criar, a empatia é a fonte central do design, permitindo trabalhar de trás para frente a partir das necessidades reais do utilizador. 

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Um excelente exemplo da empatia no centro do design, apresentado nesta talk, é o caso de “Sophie”, uma criança de oito anos que precisava fazer uma ressonância magnética. Para reduzir o medo e evitar anestesia, foi criado um conjunto de iniciativas para transformar o exame clínico numa experiência positiva:

  • Problema: 25–45% das crianças precisam de anestesia para fazer ressonâncias magnéticas (RM), impactando o seu bem-estar;
  • Solução: Kitten Scanner (uma versão em miniatura do equipamento real, para a criança explorar antes da RM no hospital), a Scan Buddy App (app gamificada com realidade aumentada, histórias e testes) utilizada em casa para preparar a criança e os pais e o Ambient Experience In-bore Connect (durante a RM, projeção de personagens familiares que orientam e tranquilizam a criança, incentivando-a a ficar parada);
  • Resultados: reduziu-se o uso de anestesia de 57 % para 5 % com o Kitten Scanner e Ambient Coaching, 89% dos pais aprovaram e os objetivos didáticos foram cumpridos em 96-100% das crianças;
  • Impacto: melhor experiência, maior eficiência clínica e reconhecimento internacional (a iniciativa recebeu o prémio Red Dot em 2022, reconhecendo o design centrado no utilizador do Kitten Scanner)

Para o futuro, Peter destacou tendências como cuidados em casa com dispositivos wearable, terapias personalizadas baseadas em dados genómicos e medicina preditiva, que utiliza grandes volumes de dados para antecipar riscos clínicos.

Por fim, alertou que a IA no design exige responsabilidade ética. É fundamental garantir que os modelos sejam livres de vieses, transparentes, respeitem a privacidade e não promovam agendas ocultas. O design deve evoluir de centrado no humano para centrado na humanidade, considerando impactos sociais, ambientais e geopolíticos. 

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O objetivo é claro: oferecer melhor cuidado para mais pessoas, com soluções tecnológicas que unem velocidade, empatia e ética.

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Imagens: Elisabete Galiano

*Elisabete Galiano é formada em Gestão e conta com mais de 18 anos de experiência em Marketing no setor de FMCG (Fast Moving Consumer Goods). É Head of Strategic Plant Based Food Category na Sumol Compal, empresa líder no mercado de bebidas não alcoólicas em Portugal. Reside em Lisboa e tem um interesse especial por marcas, inovação e tendências.

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