Economia

Inflação dos alimentos desacelera em maio, mas acumula alta

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Caixa de tomates vermelhos no supermercado

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) do IBGE desacelerou para 0,26%, abaixo dos resultados de abril (0,43%) e de maio de 2024 (0,46%). Essa perda no ritmo de alta vem principalmente da inflação dos alimentos, que passou de 0,82% em abril para 0,17% em maio. No ano, o IPCA acumula 2,75%, e, nos últimos 12 meses, 5,32%.

Os principais responsáveis pela desaceleração da inflação de maio foram transportes (-0,38%) e alimentação e bebidas. Neste último, a queda de preço dos itens tomate (-13,52%), arroz (-4%), ovo de galinha (-3,98%) e frutas (-1,67%) fizeram a maior pressão. Por outro lado, batata-inglesa (10,34%), cebola (10,28%), café moído (4,59%) e carnes (0,97%) aumentaram de preço.

“A queda nos preços do tomate pode ser explicada por um aumento da oferta devido ao avanço na safra de inverno, movimento inverso no caso da batata-inglesa, onde a safra de inverno ainda não é suficiente para suprir a demanda. Já no caso da cebola, questões relacionadas à importação do produto da Argentina influenciaram no aumento dos preços”, explica o gerente da pesquisa, Fernando Gonçalves.

O IPCA não teve resultado menor em maio, principalmente pela alta no grupo Habitação (1,19%), com impacto da energia elétrica residencial, que teve bandeira tarifária amarela no mês, passando de -0,08% em abril para 3,62% em maio.

Principais fatores que explicam a inflação dos alimentos

Apesar da desaceleração de maio, a inflação dos alimentos vêm aumentando progressivamente no Brasil. De acordo com uma pesquisa da FGV, os preços dos alimentos aumentaram 162% entre 2012 e 2024. Só no ano passado, a alimentação ficou 7,69% mais cara, com uma inflação maior que a geral. Itens como café e ovos se destacaram nos últimos meses com aumento de preço.

Alguns dos principais fatores que explicam a inflação dos alimentos são os efeitos climáticos adversos, como as fortes chuvas no Sul e a estiagem em outras regiões do país, que impactaram diretamente a produção de itens importantes da cesta básica, como arroz, feijão, hortaliças e frutas.

Além disso, o aumento do preço dos combustíveis ao longo do primeiro semestre afetou o frete e o escoamento da produção agrícola, elevando os preços ao consumidor final. Outro fator relevante é a alta de algumas commodities no mercado internacional, como o café.

Impactos e desafios do preço dos alimentos

Com a inflação geral em 5,32% e a dos alimentos em 7,33%, o poder de compra das famílias, especialmente de baixa renda, sofre uma erosão real. Produtos básicos ficam mais caros, empurrando mais pessoas para a insegurança alimentar.

Para o governo federal, especialmente em um ano pré-eleitoral, a alta dos alimentos representa um alto risco político, pois aperta o orçamento doméstico e afeta diretamente a cesta básica. Medidas como renúncias fiscais e redução de tarifas em alimentos são estratégias já adotadas.

Algumas medidas adotadas pelo governo até agora para lidar com a inflação dos alimentos foram a isenção de impostos sobre alimentos da cesta básica (CBS/IBS), como arroz, feijão, óleo, leite, carne e ovos — conforme a reforma tributária; suspensão de tarifas de importação para nove itens essenciais (carne, café, açúcar etc.), com indicação já aprovada no primeiro trimestre de 2025 e estímulo à produção familiar via retorno de programas como PAA e Conselho de Segurança Alimentar (Consea).

Alguns dos principais desafios para diminuir a inflação dos alimentos têm sido a alta volatilidade, que impacta também os núcleos da inflação, o câmbio flutuante e pressões externas sobre insumos agrícolas e energia (combustíveis, fertilizantes), além das condições climáticas adversas que podem afetar safra e oferta futura.

A inflação dos alimentos no Brasil tem apresentado sinais recentes de abertura de trégua, com queda mensal significativa em maio de 2025. Contudo, ainda acumula aumento expressivo nos últimos 12 meses (7,33%), impactando o poder de compra, especialmente das famílias com menos renda.

Imagem: Freepik

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