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Inteligência Artificial aplicada a Prevenção de Perdas

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Prevenção de perdas e inteligência artificial

O mercado brasileiro sofre com as perdas. Isso é fato. Seja através de avarias, quebras operacionais ou furtos (internos e externos), a disciplina de Prevenção de Perdas é fundamental para a rentabilidade das operações varejistas, sendo um fator decisivo na hora da obtenção de resultados.

Mas nem sempre foi assim. Até os anos 1980, a prevenção de perdas era vista como uma atividade secundária, de cunho policial, voltada principalmente para a prevenção de furtos externos.

A partir da década de 1990, este cenário mudou. O Programa de Administração do Varejo (PROVAR), entidade vinculada à Fundação Instituto de Administração (FIA), realizou os primeiros estudos sobre prevenção de perdas no Brasil. Esses estudos mostraram que as perdas representavam um grande prejuízo para as empresas varejistas, chegando a atingir índices de até 3% do faturamento (índices absurdos quando comparados a nossa realidade atual).

De lá para cá, a Prevenção de Perdas passou a ser uma área essencial dentro das operações varejistas, o que fez com que os números baixassem, em muito. A situação, entretanto, ainda é preocupante.

De acordo com a Pesquisa de Perdas no Varejo Brasileiro, realizada pela Associação Brasileira de Prevenção de Perdas (Abrappe) e pela KPMG, o índice médio de perdas no varejo brasileiro foi de 1,21% em 2021, totalizando pouco mais de R$ 24 bilhões. Em 2022, o índice médio de perdas aumentou para 1,31%, totalizando R$ 31,7 bilhões. Esses valores equivalem a uma perda de aproximadamente R$ 1,2 mil por minuto para o varejo brasileiro.

Mas as perdas com o crime organizado não são realidade só do Brasil. O mercado mundial sofre com isso e, no varejo americano, isso não é diferente.

De acordo com a NRF, as perdas dos varejistas com o crime organizado (OCR) no mercado americano totalizaram US$ 30,9 bilhões em 2022, o que representa um aumento de 30% em relação a 2021.

A NRF estima que as perdas varejistas nos Estados Unidos custarão US$ 1,3 trilhão em 2025, valor equivalente a cerca de 1,8% do PIB dos Estados Unidos. Destas, 70% são relativas a furtos (40% externos e 30% internos), e 30% a perdas operacionais.

Mas nem tudo está perdido…

Os avanços tecnológicos estão auxiliando em muito os varejistas nesse combate. Uma prova disso são os excelentes resultados trazidos pela Kroger e pela Jacksons Foods na utilização de IA, e que serão palco na NRF2024.

A Kroger é o maior varejista de alimentos dos Estados Unidos e o terceiro maior varejista geral. Opera uma rede de supermercados, mercearias, drogarias e lojas de conveniência que totaliza mais de 2.726 lojas, com faturamento superior a US$ 151,5 bilhões (2022).

A Jacksons Foods é o maior varejista de alimentos do Mississippi, opera uma rede de supermercados e mercearia com mais de 100 lojas e faturamento de US$ 1,2 bilhão (2022).

Ambas as empresas estão relatando sucesso na redução do OCR usando IA. A Kroger afirma que a tecnologia ajudou a reduzir o ORC em 20%. Para a Jacksons Foods, a redução foi de 15%.

Como?

Na Kroger, a IA ajuda a:

  • Identificar padrões de comportamento suspeitos – algoritmos de machine learning analisam dados das câmeras de segurança, registros de vendas e outras fontes para identificar padrões de comportamento suspeitos que podem indicar ORC;
  • Alertar os funcionários sobre atividades suspeitas – geração de alertas aos funcionários em tempo real. A IA identifica se um cliente está comprando, por exemplo, grandes quantidades de itens de alto valor e alerta o funcionário para monitoramento;
  • Fornecer treinamento aos funcionários – geração de simulações de ORC para treinamento e prática de abordagem e condução.

Já na Jacksons Foods, a IA é usada para:

  • Identificar produtos de alto risco – identificação de produtos que são mais propensos a serem roubados (de acordo com os padrões comportamentais e localização);
  • Alocar funcionários de acordo com as necessidades – por exemplo, em lojas ou áreas mais propensas a serem alvo de ORC;
  • Desenvolver medidas de segurança – com base nos padrões identificados, as possibilidades de OCR são antecipadas e medidas de segurança são tomadas.

A inteligência artificial (IA) tem o potencial de revolucionar a prevenção de perdas no varejo. Sua aplicação já é realidade e os resultados são certos. O futuro da disciplina de perdas, também passará por aqui.

Imagem: Envato


Patricia Cotti – Diretora de Business Modeling Driven.CX. Professora dos Cursos de MBA, Pós-Graduação e Corporativos do Labfin.Provar/FIA, USP EACH, ESPM, ESECOM; Embaixadora do Mulheres no E-commerce; Palestrante e Especialista nas áreas de modelos de negócios de varejo, tendência de consumo, comportamento do consumidor, inovações e mercado físico-digital.