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Kate Ancketill aponta tendências do consumidor do futuro no Wake Summit 2025

A futurista britânica Kate Ancketill, CEO da consultoria GDR Creative Intelligence, participou nesta quarta-feira (10) do Wake Summit 2025, em São Paulo, com a palestra “O consumidor do futuro”. Reconhecida por suas apresentações na NRF, em Nova York, Ancketill trouxe uma visão global sobre as transformações no varejo e nos hábitos de consumo, destacando o impacto da inteligência artificial, novas tecnologias e mudanças sociais no comportamento das próximas gerações.
A influência das redes sociais e do e-commerce
Ancketill ressaltou que as redes sociais já são decisivas na jornada de compra. Segundo ela, 43% da geração Z nos Estados Unidos compram produtos vistos no TikTok, e o mesmo movimento ocorre em plataformas como Instagram. Ao mesmo tempo, a participação do comércio eletrônico avança rapidamente: em países como Coreia do Sul e China, o e-commerce já ultrapassa 40% do varejo total. No Brasil, esse índice gira em torno de 9% a 10%, refletindo um estágio inicial de desenvolvimento, mas com forte potencial de expansão.
Inteligência artificial e privacidade
Um dos pontos centrais da palestra foi o papel da inteligência artificial nas compras do futuro. A executiva destacou exemplos de uso de agentes conversacionais em grandes varejistas, como o Walmart, que lançou a assistente “Sparky” para apoiar clientes em pedidos complexos, como listas de compras para eventos. Também citou soluções como a plataforma de moda Daydream, que utiliza modelos linguísticos especializados para recomendações mais precisas.
Ancketill alertou, porém, para as preocupações com privacidade. “Nem todos querem conectar seu calendário, seu WhatsApp e todos os seus contatos ao e-commerce. Essa não é a realidade de todos os consumidores”, disse, lembrando que parte dos mais jovens mostra menos resistência à integração de dados pessoais.
Novas interfaces e wearables
Entre as tendências tecnológicas, Ancketill destacou o avanço dos óculos inteligentes e outras interfaces vestíveis, que devem permitir experiências de compra integradas ao cotidiano, como identificação de produtos nas ruas e recomendações personalizadas em tempo real. “Estamos próximos de um cenário em que os agentes de IA verão o mesmo mundo que nós vemos”, afirmou.
A futurista também apresentou casos de uso de avatares digitais em lojas físicas e e-commerce, como a Skechers em Singapura, que desenvolveu uma personagem virtual para interagir com consumidores e sugerir combinações de moda.
O consumidor gamer e a economia circular
Outro ponto abordado foi a força do universo gamer. Segundo ela, quase 100% da geração Z joga videogames regularmente, com plataformas como Roblox e Fortnite se tornando espaços estratégicos para marcas criarem experiências e fortalecerem a fidelidade dos consumidores. “É um ambiente essencial para conquistar a atenção do consumidor do futuro”, afirmou.
Além disso, Ancketill destacou a expansão da economia circular e do mercado de segunda mão, citando o crescimento acelerado de plataformas como Vinted, na França, hoje maior vendedora de moda por volume no país. “Consumidores querem tanto comprar quanto vender. Essa é uma mudança estrutural no comportamento”, disse.
Transparência e novos padrões de consumo
A futurista ressaltou ainda a crescente demanda por radical transparência. Ela apresentou o aplicativo francês Yuka, que avalia alimentos e cosméticos com base em dados científicos, pressionando marcas a eliminar ingredientes nocivos. “Esse nível de transparência transfere poder das marcas para o consumidor e muda a forma como compramos”, observou.
Conclusão
Ao encerrar, Ancketill provocou os executivos presentes a refletirem sobre o ritmo das transformações. Citando o futurista Ray Kurzweil, lembrou que o século 21 pode representar o equivalente a 20 mil anos de avanços tecnológicos. “Se vocês estão escrevendo um plano estratégico de um ano, precisam considerar 200 anos de progresso em cada ano. Nunca antes um líder empresarial teve esse desafio”, concluiu.
Imagem: Central do Varejo