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Nem-nem: o desafio de engajar jovens em um futuro promissor

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Nem-nem

A questão dos jovens que não estudam nem trabalham — conhecidos como “nem-nem” — é um tema que merece reflexão e, acima de tudo, ação. Como profissional dedicado à área da educação e ao desenvolvimento humano, acompanho de perto as transformações do mercado e das trajetórias pessoais que surgem ao longo desse caminho. Recentemente, ao revisar alguns dados de instituições renomadas, como o IBGE e a Fundação Getúlio Vargas (FGV), me deparei com números preocupantes.

Segundo o IBGE, em 2023, aproximadamente 26,5% dos jovens brasileiros de 15 a 29 anos estavam na condição de nem-nem. Isso representa mais de 10 milhões de jovens fora do mercado de trabalho e das salas de aula. A situação é ainda mais delicada quando observamos os recortes de gênero e região: jovens mulheres e moradores das regiões Norte e Nordeste aparecem com maior frequência entre os indicadores.

Mas, por que tantos jovens acabam nessa condição? As respostas podem ser encontradas em uma combinação de fatores: a deficiência na educação básica, a falta de incentivo e estrutura para cursos profissionalizantes, e um mercado de trabalho que muitas vezes exige experiência de quem ainda busca a primeira oportunidade. O impacto da pandemia também não pode ser ignorado, já que muitos jovens tiveram que abandonar seus planos para auxiliar financeiramente suas famílias.

No entanto, acredito que, diante desse desafio, surgem também oportunidades. Precisamos ampliar o diálogo sobre como podemos contribuir para reverter esse cenário. Uma educação voltada à autonomia e ao protagonismo do jovem é essencial. Iniciativas que combinam ensino teórico com aplicação prática, como estágios e programas de aprendizagem, podem transformar essas estatísticas.

Outro ponto crucial é oferecer perspectivas mais claras para o jovem, para que ele enxergue valor em sua formação. A Fundação Getúlio Vargas aponta que jovens que completam o ensino superior podem ter um aumento de até 144% na renda mensal em comparação com aqueles que possuem apenas o ensino médio. Isso demonstra que o investimento em educação não é apenas um caminho de desenvolvimento pessoal, mas também de mobilidade social.

Como sociedade, temos um papel importante na criação de redes de apoio para esses jovens. Programas de incentivo educacional, mentorias e o fortalecimento de políticas públicas são algumas das medidas que podem contribuir com essa mudança. Empresas também podem colaborar ao oferecer condições de inclusão, investindo em parcerias com instituições de ensino para capacitação e contratação de jovens talentos.

Não podemos naturalizar o afastamento de toda uma geração de suas oportunidades de crescimento. Cada jovem que recuperamos para o mercado de trabalho ou para a educação representa um ciclo de transformação para sua família e para a sociedade.

E você, o que tem feito para incentivar um jovem que está buscando seu caminho? Eu acredito que pequenas iniciativas — como oferecer uma conversa, um conselho ou indicar uma oportunidade — podem fazer uma diferença gigantesca.

Esse tema não é apenas um desafio. É uma oportunidade de mudança. Estamos dispostos a fazer parte da solução?

Imagem: Envato



(*) Julio Segala
. Atua no franchising há 29 anos, graduado em Engenharia Elétrica, Matemática e Física, Mestre em Engenharia, Pós-Graduado em Gestão de Negócios, atualmente Vice-presidente de Operações no Kumon América do Sul, membro dos comitês de Micro franquias & Novos Modelos e Educação da ABF e instrutor dos programas de capacitação da ABF.

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