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No Web Summit Lisboa 2025, Khaby Lame e Visa discutem o novo negócio da criatividade
A transformação da criatividade em um negócio global foi o tema do painel “The New Business of Creativity”, realizado no primeiro dia do Web Summit Lisboa 2025. A conversa reuniu Khaby Lame, influenciador e criador de conteúdo; Mark Nelsen, Global Chief Consumer Product Officer da Visa; e Jennifer Cunningham, editora-chefe da Newsweek, que moderou o encontro.
Criar primeiro, monetizar depois
Com mais de 160 milhões de seguidores, Khaby Lame se tornou um dos maiores criadores de conteúdo do mundo com vídeos de humor sem falas, e afirmou que nunca começou pensando em dinheiro ou fama. “Eu sempre quis apenas fazer as pessoas rirem. O negócio e o dinheiro vieram depois. Se você faz algo só por dinheiro, perde a essência”, disse.
O influenciador, que se tornou embaixador da Hugo Boss e já colaborou com marcas como Fortnite, destacou que autenticidade e propósito devem vir antes da monetização. “O principal é ser você mesmo e amar o que faz. O sucesso vem quando você acredita no seu trabalho”, afirmou.
Questionado sobre o uso de inteligência artificial, Khaby contou que usa ferramentas como o ChatGPT de forma pontual, mas defendeu o valor da criação humana. “Este é o momento para os criadores produzirem conteúdo original. Às vezes, nem sei mais o que é real nas redes — por isso é importante fazer algo que só você poderia criar”, declarou.
A profissionalização da economia dos criadores
Para Mark Nelsen, da Visa, a chamada creator economy já é uma força econômica relevante, mas ainda enfrenta obstáculos estruturais. “Muitos criadores têm dificuldade de acessar crédito porque não se encaixam no modelo tradicional de negócio”, afirmou.
A Visa tem desenvolvido soluções financeiras específicas para criadores, em parceria com instituições que analisam métricas como engajamento e alcance digital no lugar de garantias convencionais.
Segundo Nelsen, tecnologias como Web3 e blockchain também estão abrindo novas possibilidades de financiamento. “Um criador pode emitir tokens e vendê-los a seus seguidores, oferecendo uma participação futura nos ganhos. É uma nova forma de investimento direto em talentos criativos”, explicou.
Pagamentos em tempo real e inclusão global
Outro desafio da economia criadora é a mobilidade financeira internacional. De acordo com pesquisas da Visa, mais de 50% dos criadores têm público global e ainda enfrentam atrasos de até três dias para receber pagamentos.
A empresa tem apostado em soluções de pagamento instantâneo, como o Visa Direct, que permite transferências diretas para cartões, contas bancárias ou carteiras digitais com stablecoins. “O objetivo é dar aos criadores o máximo de flexibilidade e velocidade. A tecnologia deve nivelar o campo de jogo para todos, independentemente do país onde atuam”, disse Nelsen.
O executivo também destacou que a Visa desenvolve sistemas de autenticação para agentes de IA, permitindo que consumidores autorizem compras automatizadas de forma segura, um passo para a integração entre finanças e inteligência artificial.
Criação sem fronteiras e novos modelos de propriedade
Durante o painel, Khaby contou que segue viajando frequentemente e revelou que trabalha em seu primeiro longa-metragem. A conversa sobre mobilidade levou Nelsen a refletir sobre o papel das moedas digitais na inclusão financeira. “Há mais de um bilhão de adultos no mundo sem conta bancária. As stablecoins podem permitir que essas pessoas participem da economia digital e monetizem suas ideias e conteúdos”, afirmou.
O executivo também projetou uma mudança estrutural no setor: “No futuro, criadores poderão vender diretamente aos fãs, sem intermediários, e manter uma fatia maior do valor gerado. Essa é a transição do modelo Web2 para o Web3”, explicou.
O futuro da creator economy
Encerrando o painel, Khaby Lame compartilhou uma mensagem de perseverança e fé.
“A vida é difícil, mas é preciso continuar. Não se compare com os outros. Os limites deles não são os seus”, disse o influenciador.
Para Nelsen, o futuro da criatividade será cada vez mais autônomo, digital e descentralizado. “O conteúdo é o novo ativo, e quem souber administrá-lo com visão de negócio terá nas mãos uma das indústrias mais promissoras da próxima década”, concluiu.
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Imagens e informações: Amanda Dechen, Community Manager do Pecege e MBA USP/Esalq
