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No Web Summit Lisboa 2025, Mastercard e Cloudflare discutem o impacto da IA agente no futuro dos pagamentos

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A segunda manhã do Web Summit Lisboa 2025 foi marcada por uma conversa sobre o futuro dos pagamentos digitais e o avanço dos agentes de IA, sistemas capazes de tomar decisões autônomas em nome dos consumidores. No painel “Agentic AI and Next-Gen Payments”, participaram Jorn Lambert, Chief Product Officer da Mastercard; Stephanie Cohen, Chief Strategy Officer da Cloudflare; e Olaf Gersemann, vice-editor-chefe do jornal alemão Die Welt.

IA agente e a transformação da experiência de compra

A abertura do painel destacou a velocidade com que a inteligência artificial está se tornando parte do cotidiano do consumo.

Para Jorn Lambert, a IA agente promete simplificar o comércio digital da mesma forma que o GPS simplificou a navegação. “Assim como ninguém precisa mais de um mapa físico, os consumidores vão preferir compras assistidas por IA — mais rápidas, personalizadas e convenientes”, disse o executivo da Mastercard.

Segundo ele, a adoção dependerá de três fatores: segurança, privacidade e inclusão. “As pessoas só confiarão em agentes autônomos se souberem que têm proteção, que há um sistema de respaldo e que ninguém ficará de fora desse ecossistema”, afirmou.

Segurança e confiança como bases do novo comércio digital

Lambert apresentou o conceito de “agent token”, uma credencial digital que autentica transações feitas por agentes de IA. O objetivo é garantir que consumidores e comerciantes saibam quando uma compra foi realizada de forma autônoma e que exista registro da intenção do usuário.
“Capturar a intenção do consumidor é essencial. Se algo der errado (um produto errado, um tamanho trocado), é preciso haver um mecanismo de recurso. Sem confiança, o sistema não se sustenta”, explicou.

O executivo também defendeu a necessidade de interoperabilidade global entre bancos, bandeiras e provedores de tecnologia. “Temos que construir o comércio autônomo com segurança desde o início, com transações criptografadas e tokenizadas”, afirmou.

A visão da Cloudflare: interoperabilidade e inclusão

Para Stephanie Cohen, o impacto dos agentes de IA vai além da conveniência e entra no campo da infraestrutura da internet.
“A pergunta que precisamos fazer é: que tipo de internet queremos construir? A tecnologia pode tornar o consumo mais eficiente, mas também pode eliminar a diversidade se for dominada por poucos ecossistemas fechados”, afirmou.

A Cloudflare, que atua em segurança e infraestrutura web, tem trabalhado em conjunto com a Mastercard no desenvolvimento de protocolos para o “agentic commerce”, entre eles o Web Bot Auth, que permite verificar criptograficamente se um agente digital é legítimo.
“Durante anos, combatemos bots maliciosos na internet. Agora estamos aplicando o que aprendemos para permitir bots confiáveis, que possam realizar transações de forma segura e transparente”, explicou Cohen.

A executiva também destacou a importância de tornar essas tecnologias acessíveis a pequenos negócios. “Na Cloudflare, milhões de usuários utilizam nossa rede gratuitamente. O desafio é fazer com que o pequeno lojista tenha a mesma infraestrutura digital de uma grande empresa global. A IA agente só será inclusiva se for acessível”, disse.

Pagamentos em tempo real e tokenização como nova camada de proteção

Ao tratar da segurança nos pagamentos digitais, Lambert explicou que a tokenização (substituição dos números reais do cartão por identificadores digitais) é hoje uma das principais defesas contra fraudes.
“Mais de 50% das transações já são tokenizadas. Isso reduz o campo de vulnerabilidade e dificulta a ação de fraudadores que usam ferramentas de IA para atacar sistemas não atualizados”, afirmou.

Ele comparou o cenário atual a uma corrida tecnológica: “Enquanto a IA é usada para fraudar, precisamos usar IA para proteger. É uma disputa entre agentes bons e maus, e a arquitetura segura precisa começar desde o código”.

Regulação, padronização e o papel do setor privado

Cohen ressaltou que empresas de tecnologia e instituições financeiras têm trabalhado em conjunto na criação de padrões globais para autenticação e interoperabilidade, com o apoio de organismos como o IETF (Internet Engineering Task Force).
“Não precisamos que tudo seja idêntico, mas sim interoperável. O sistema deve funcionar entre empresas e entre países. A Mastercard, a Visa e a American Express, por exemplo, já estão colaborando para garantir isso”, afirmou.

Lambert complementou dizendo que a iniciativa privada deve liderar o desenvolvimento dessa nova infraestrutura, com responsabilidade e visão de longo prazo.
“O setor público tem um papel importante, mas a inovação acontece no setor privado. Precisamos garantir que o futuro do comércio digital seja seguro, acessível e global”, afirmou.

O próximo capítulo do comércio digital

Encerrando o painel, Cohen destacou que o avanço da IA agente deve marcar uma nova era de eficiência e personalização no comércio eletrônico, mas que a ética e a inclusão serão determinantes.
“O futuro não é apenas sobre automação. É sobre criar uma internet aberta, diversa e confiável, onde pequenas empresas também possam florescer”, concluiu.

Acompanhe a cobertura do Web Summit Lisboa 2025 no portal Central do Varejo e em nossas redes sociais!

Imagens e informações: Amanda Dechen, especialista em comunicação do MBA USP/Esalq

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