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NRF 2026: expectativas, direções e as (boas) escolhas do varejo global
Cada vez mais próximos da NRF 2026, maior encontro mundial do varejo, percebemos que o setor mantém uma evolução perene e “pé no chão”. Com o mercado mais atento à produtividade, previsibilidade e rentabilidade, o varejo passou a priorizar decisões baseadas em soluções palpáveis, e vemos um avanço disciplinado com ROI, resiliência e confiança do cliente sendo os eixos que guiam as decisões.
As tecnologias como inteligência artificial, automação e retail media amadureceram e, agora, o desafio é organizar tudo de forma integrada e segura, agregando valor à operação e à experiência do consumidor. Essa é, inclusive, uma das principais temáticas previstas para a NRF 2026: menos palco para promessas futuristas e mais espaço para soluções testadas, escaláveis e com impacto claro na operação.
AI nativa no varejo: do laboratório ao dia a dia
A inteligência artificial, especialmente a generativa, passa a ser cada vez mais aplicada no cotidiano do varejista. Copilotos de IA apoiam vendedores e operadores de loja com recomendações, conteúdo e atendimento, algoritmos aumentam a precisão na espera de demanda, precificação dinâmica, dentre outros fatores. Uma pesquisa da Bain & Company sinalizou que a aplicação de IA generativa no varejo pode aumentar a receita do varejista entre 5% e 10% no geral, uma vez que aplicada junto à visão computacional para reduzir perdas, otimizar inventário e melhorar processos em tempo real. No contexto brasileiro, esse ganho é ainda mais relevante dada a complexidade logística e a capilaridade das operações, que tornam a automação um diferencial competitivo real.
Social commerce, criadores e comunidades
A influência hoje é um dos fatores que molda comportamento de compra, sobretudo entre Geração Z e Alfa. Live shopping, conteúdo social e marketplaces se integram às estratégias de CRM e fidelidade, criando jornadas mais relacionais e menos lineares. A pesquisa Inside the Gen Z Mind, da Snipp mostra que a Geração Z já movimenta bilhões em renda disponível pelo mundo, realizando compras frequentes e utilizando as redes sociais como principal canal de descoberta de marcas e produtos. Na agenda em Nova York, a expectativa é que o social commerce ganhe ainda mais espaço, especialmente no debate sobre como fortalecer a recorrência de compra e ampliar o valor de cada cliente ao longo do tempo (LTV). Do unified commerce à orquestração de jornadas
O omnichannel está em constante evolução, tornando-se uma espécie de “orquestração de commerce”, trazendo uma visão única de cliente e estoque, OMS ágil, entregas confiáveis e diversos outros fatores que facilitam a jornada do consumidor. A consistência entre preço, promoção e mensuração de estoque mais precisa, torna a operação mais previsível e o relacionamento com o cliente mais coerente. O varejo tem buscado sincronizar dados, processos e pessoas em torno do cliente, a fim de diminuir fricções e custos, enquanto aumenta conversão e recorrência. Exemplos simples, como reduzir divergências de estoque entre canal digital e loja ou unificar políticas de troca, já mostram ganhos imediatos de satisfação e eficiência.
Retail media 2.0 e loja como mídia
A consolidação do retail media segue, com evolução para “commerce media”, trazendo dados proprietários, inventário on e off-site, mídia em loja, conteúdo e conversão integrados com CRM e fidelidade. A mensuração fecha o ciclo, conectando exposição, vendas e incrementabilidade. Marcas buscarão experiências mais ricas no ponto físico envolvendo telas, interação e criadores, também exigindo transparência na análise dos dados. Para os varejistas, é oportunidade de monetizar audiência com responsabilidade, mantendo o foco na confiança e na relevância.
A NRF, mais uma vez, será palco de trocas muito ricas, aprendizado e conexões que sempre aceleram resultados. O futuro próximo do varejo combina tecnologia útil, operação orquestrada e relações de confiança com clientes e parceiros.
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Imagem: Freepik

*Por Alessandro Gil, vice-presidente da Wake
