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O que a tecnologia pode (e não pode) substituir no trabalho dos profissionais de bem-estar

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Com o avanço da inteligência artificial (IA) e da digitalização da saúde, os profissionais da área de bem-estar estão diante de uma transição inevitável. Muitas das funções hoje desempenhadas por pessoas serão, em breve, realizadas por máquinas e sistemas inteligentes. A questão que se impõe é: o que a tecnologia pode substituir — e o que não pode?

Vamos começar pelo que a IA já está pronta para fazer (ou estará em muito pouco tempo). A personalização do atendimento, por exemplo, será cada vez mais baseada em dados. Com o acesso às informações que estão nos nossos celulares e relógios inteligentes — como qualidade do sono, nível de atividade física, tempo sentado na frente do computador, padrão de humor detectado em conversas de WhatsApp —, a tecnologia será capaz de prever o que o corpo e a mente de uma pessoa precisam ao entrar em um spa. O sistema possivelmente saberá se o cliente está com tensão nas costas, se teve uma semana estressante, se precisa de uma massagem relaxante ou revigorante, e qual aroma pode contribuir para o equilíbrio emocional naquele momento.

Além disso, boa parte do protocolo inicial do atendimento poderá ser conduzido por plataformas automatizadas: identificação do cliente, recomendação de terapias, agendamento, pagamento e feedback pós-sessão. Em outras palavras, talvez até 70% das tarefas operacionais e de decisão do terapeuta podem ser, sim, assumidas por tecnologias bem treinadas.

Mas é justamente aí que nasce o diferencial do humano: na parcela que não pode ser assumida pela máquina.

A tecnologia não é capaz de perceber, por exemplo, a emoção por trás de um silêncio. Não capta a vibração de alguém que está ansioso, mesmo quando diz que está tudo bem. Não entende as nuances que um bom terapeuta consegue captar no tom de voz, pelo olhar e na troca de energia com o cliente.

A energia, aliás, que o cliente sente quando entra em um ambiente acolhedor, isso não tem IA que dê conta (por enquanto, ao menos).

Essa dimensão sutil — a energia, a emoção e o vínculo humano — é o que diferencia um atendimento excelente de um atendimento apenas eficiente. E é exatamente esse o novo território onde os profissionais de bem-estar precisarão se fortalecer.

Desenvolver empatia, sensibilidade, presença. Aprender a lidar com transições emocionais, com escuta ativa, com comunicação não verbal. Saber perceber o que o cliente precisa além da ficha técnica ou do protocolo automatizado. Esse será o novo conjunto de habilidades que tornarão o terapeuta relevante na era da IA.

A tecnologia vai assumir boa parte do trabalho do terapeuta. O que ela não pode assumir é o que torna um atendimento memorável: a conexão humana.

O profissional que quiser continuar sendo relevante — e insubstituível — precisa investir no que a tecnologia ainda não entrega: energia, presença e sensibilidade. Esse será o verdadeiro diferencial nos próximos anos.

Imagem: Freepik



(*) Gustavo Albanesi
 é cofundador e CEO do Buddha Spa, a maior rede de spas urbanos do país.

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