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Oportunidades para indústria da moda em 2024

Dificuldades logísticas e na cadeia de suprimentos, o movimento low key luxury, compras com intenção e retorno às lojas presenciais marcas as tendências da moda de 2024

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Casacos dependurados em arara, todos em tons terrosos e pasteis

Após três anos de disrupção, com muitas lojas fechando e negócios falindo, as cadeias de produção da moda tiveram que lidar com atrasos e os canais digitais viveram um boom. Assim vimos emergir um novo grupo de consumidores influenciados por movimentos como a aceleração tecnológica, a recessão da atenção, a escassez do toque e uma nova mentalidade em relação à preservação do meio ambiente e à interação entre o digital e o físico. 

Frente a essas mudanças que levam a um novo comportamento de consumo, como a indústria da moda responderá às necessidades deste consumidor? Qual será o impacto dessa transição em termos de cadeia de suprimentos, desenvolvimento de coleções ou estratégias de varejo — seja ele em formato físico ou on-line?

Dentre os diversos desafios previstos para a indústria da moda nos próximos anos, há espaço para inovações e oportunidades, e as empresas que souberem se preparar com antecedência para uma melhor perspectiva de mercado sairão na frente.

Com base no conteúdo ‘Oportunidades para a indústria da moda em 2024 com a presença de cases regionais’, selecionamos algumas das principais tendências mapeadas que irão moldar o mercado da moda em 2024, utilizando os pilares sociedade, tecnologia, meio ambiente, política, indústria e criatividade.

Evolução da cadeia de suprimentos na moda

O primeiro propulsor é a evolução da cadeia de suprimentos, aqui é importante pensar nas relações entre gargalos logísticos e escassez de matéria-prima e como isso causa um aumento do custo de transporte e problemas de infraestrutura. Os últimos anos prejudicaram a cadeia global de suprimentos de forma histórica, afetando 95% das empresas de todo o mundo. Além do impacto no caixa, os fabricantes sofrem com a flutuação dos preços de matérias-primas, e a crise energética global também tem influenciado na transformação da cadeia de abastecimento global – com impacto direto na América Latina. A previsão é que a crise logística se estenda até 2024, sinalizando o início de uma era de ruptura que pode abrir novas oportunidades de atuação para o mercado da moda.

Friendshoring

A partir de 2023, a indústria de abastecimento irá realocar suas operações visando fatores como proximidade geográfica e valores em comum entre as marcas através de centros de distribuição locais e o friendshoring: a realocação de operações, sejam elas de gestão, produção ou pesquisa e desenvolvimento, para países amigos para fortalecer relações nas cadeias de distribuição e abastecimento e reforçar valores de marca. 

No cenário nacional, a Shein é um exemplo que tem chamado bastante atenção do mercado, buscando soluções que usam o friendshoring para ampliar seus negócios para novos mercados e driblar os impactos da crise, ao mesmo tempo que diminui o tempo de entrega para o seu consumidor final.

Novo ciclo de tendências da moda

O segundo propulsor é o novo ciclo de tendências. Olhar para as necessidades do consumidor nunca foi tão necessário para a criação de produtos, estratégias e serviços. Em um mundo com excesso de escolhas, informações, canais, é necessário saber identificar o que realmente merece investimento de acordo com o seu público-alvo. É possível chegar nessa meta via análises de fatores macro, pensamentos em longo prazo e mitigação de riscos para as empresas.

O desenvolvimento e a evolução de novas plataformas digitais somados à natureza fluida da Geração Z estão reescrevendo os ciclos tradicionais de tendências (que costumavam durar até 20 anos). Esses ciclos estão reduzindo de forma drástica, impulsionando o surgimento de múltiplas estéticas e tendências simultâneas e, como resultado, uma rápida adoção e descarte delas. 

Movimento Low Key Luxury

O “Quiet Luxury” ou “Low Key Luxury” tem dado palco para constantes discussões e apropriações nas redes sociais, tanto por influenciadores quanto por marcas. Apesar de ter gerado controvérsias, ela é uma tendência com alto potencial de longevidade e promete se estender para além do Inverno 2024.

Apesar do nome se referir ao mercado de luxo, este movimento causará impacto em todos os segmentos da indústria da moda nas próximas temporadas. Consumidores fora do segmento de luxo também procuram peças com características semelhantes às do #LowKeyLuxury, uma vez que elas trazem mais flexibilidade e segurança aos seus guarda-roupas.

Como reflexo da influência dessa tendência, estéticas um pouco mais sombrias e o interesse pela alfaiataria cresceram. Esse dado foi refletido dentro das passarelas, onde o preto e o cinza ganharam força: enquanto as cores vibrantes tiveram uma queda de 26,5% em comparação com a temporada anterior (outono/inverno 2023)

Compras com intenção

Como último propulsor, na categoria de itens discricionários, a indústria da moda é um dos setores mais afetados pela crise global nos últimos anos. Agora, com a mudança de comportamento de consumo em meio à crise econômica, o setor tem a oportunidade de se reposicionar através do investimento na criação de valor.

Nos próximos anos, as compras com motivação emocional irão aumentar à medida que o público busca aplacar suas emoções (sejam elas positivas, negativas ou complexas) priorizando pequenos luxos e relações mais íntimas com as marcas. Com o retorno do crescimento do varejo físico, os consumidores buscarão lojas que unam os mundos real e digital através de experiências figitais (#phygital) imersivas e que apoiem sua nova jornada de compra com múltiplos pontos de contato e proporcionem experiências estimuladoras. 

Retorno ao varejo físico

Seguindo a linha de pensamento das compras impulsionadas pela motivação emocional, haverá o encantamento como um sentimento fundamental para o retorno às lojas físicas. Ações que incentivem visitas recorrentes e aumentem o tempo de permanência podem ser promovidas através do investimento em experiências. O varejo multicanal continuará em foco e, com isso, o papel do varejo físico não poderá mais ser linear.

Salientamos também que a pandemia fez com que a escassez de toque tornasse as experiências táteis e multissensoriais mais importantes para o consumidor, abrindo espaço para uma o investimento em uma estratégia que torne as compras mais personalizadas e emocionais.

Casacos dependurados em arara, todos em tons terrosos e pasteis
Por: WGSN

Imagem: Alyssa Strohmann na Unsplash