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Pequenos varejistas dos EUA enfrentam o Natal mais desafiador em anos

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Quase 90% dos pequenos empresários norte-americanos estão preocupados com os impactos das tarifas sobre seus negócios (não apenas durante as festas de fim de ano, mas ao longo dos próximos 12 meses), segundo pesquisa da Counterpart Insurance.

O apagão do governo dos Estados Unidos, iniciado em 1º de outubro, é apenas o mais recente entre vários desafios, junto com tarifas, inflação e sinais de fraqueza econômica, que vêm prejudicando as empresas no final de 2025. Isso torna os pequenos varejistas, que não têm a mesma reserva financeira das grandes redes, especialmente vulneráveis nesta temporada.

“Todos adoram defender o consumo local, especialmente nas festas, mas neste ano os pequenos negócios estão entrando em seu período mais movimentado com um nível de incerteza que nunca enfrentaram antes”, disse Jacob Bennett, cofundador e CEO da Crux Analytics, empresa que trabalha com pequenos negócios e bancos.

Segundo o Índice de Pequenos Negócios da Fiserv de setembro, baseado em dados de transações de mais de 2 milhões de pequenas empresas nos EUA, as vendas no varejo ajustadas pela inflação caíram 1,4% em relação ao ano anterior.

O fluxo de clientes nas lojas continua sólido, mas o valor médio por compra diminuiu, segundo Mike Spriggs, chefe de insights do consumidor na Fiserv. “Isso mostra que o consumidor americano ainda está ativo, apenas mais sensível a preços e promoções”, afirmou por e-mail.

A paralisação do governo também afetou o programa de empréstimos da Small Business Administration (SBA), prejudicando tanto o acesso a novos créditos quanto a gestão dos existentes. Isso pode impactar o controle de estoques, já comprometido pelas tarifas.

E as tarifas são um grande problema: mais de 97% das empresas importadoras dos EUA são pequenos negócios, de acordo com a Câmara de Comércio Americana — incluindo algumas que produzem parte de seus bens dentro do país.

“Neste ano, os pequenos negócios estão entrando em seu período mais movimentado com um nível de incerteza que nunca enfrentaram antes”, afirmou Bennett.

Mais de 60% dos pequenos empresários colocam as tarifas entre seus principais desafios, ficando atrás apenas da inflação (68%), segundo pesquisa com 300 empresas da Counterpart Insurance.

“Os pequenos negócios estão caminhando em uma corda bamba entre oportunidades sem precedentes e riscos crescentes”, disse Tanner Hackett, CEO da Counterpart. “O período de festas costuma ser um momento de forte crescimento, mas com 86% dos empreendedores preocupados com as tarifas (especialmente pelo impacto na demanda), os resultados estão mais difíceis de prever do que nunca.”

Mesmo sem esses novos fatores, o fim de ano já é um período complicado para pequenos negócios. Pesquisas da plataforma financeira Xero, voltada para pequenas empresas, mostram que muitos proprietários se preocupam com esgotamento (30%), movimento na Black Friday (37%) e estoques de fim de ano (32%). Mais da metade afirma ainda que orçamentos apertados dificultam a concessão de descontos.

Segundo Andrew Kanzer, diretor-geral da Xero na América do Norte, promoções simples (como combos ou ofertas limitadas) são mais fáceis de compreender para o cliente e executar para o lojista. Mas ele destaca que as pequenas lojas podem oferecer algo que vai além das promoções:

“Elas podem apostar no que realmente fideliza o cliente: um senso de apreço, autenticidade e o tipo de atendimento pessoal e conexão comunitária que as grandes marcas têm dificuldade em reproduzir em escala”, disse Kanzer por e-mail. “Dadas as limitações, o segredo é priorizar e executar com perfeição, em vez de tentar fazer tudo.”

Kanzer acrescenta que automatizar tarefas como o processamento de pedidos ou o controle de estoque pode liberar tempo para atender clientes e evitar o esgotamento, prática útil em qualquer época do ano.

“É importante entender que a correria das festas e a ansiedade com o fluxo de caixa não são apenas problemas sazonais: são sintomas de uma forma ultrapassada de fazer negócios o ano todo”, completou Kanzer.

De fato, muitos dos problemas enfrentados em 2025 devem persistir em 2026. Quase 90% dos donos de pequenas empresas expressaram algum nível de preocupação com o impacto das tarifas nos próximos 12 meses, segundo a Counterpart.

Um exemplo é Astrid Vigeland, proprietária da Folly 101, loja de artigos para casa em Portland, Maine. Ela conseguiu reunir o estoque necessário para esta temporada e acredita que seus clientes conseguirão absorver os aumentos de preços, mas não está tão confiante para o próximo ano.

“Alguns fornecedores fecharam, mas ainda temos estoque por enquanto”, disse Vigeland. “Os preços subiram. Pouco, mas perceptivelmente. O problema será no próximo ano: as pessoas não terão estoque para 2026. Agora ainda está dando para manter, mas no ano que vem será visível.”

Imagem: Envato
Informações: Daphne Howland para Retail Dive
Tradução livre: Central do Varejo

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