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Por que sempre apostei na humanização do Direito?

Ter uma abordagem mais humanizada na área de Direito é algo imprescindível para a sobrevivência das empresas varejistas

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Há 35 anos, fiz uma escolha difícil, como advogada especializada em varejo: o de traçar o caminho da humanização do Direito. Na época, eu nem sabia que estava agindo assim, mas já nomeava minha atuação como ‘Consultoria Jurídica Preventiva’, deixando claro que trabalhávamos com Direito Empresarial, especializado em varejo, com foco em construir com nossos clientes negócios que sustentassem posições de entendimento, que dirimiam os conflitos por meio de métodos não-adversariais, sempre apostando em negociação, conciliação e mediação como as primeiras opções para que os relacionamentos com fornecedores, franqueados, clientes e toda a cadeia fossem preservados.

Com muitas marcas, alcançamos resultados fantásticos agindo dessa maneira, sem jamais chegar ao Judiciário – o que se traduziu em economia de tempo, recursos financeiros e desgaste emocional e de imagem. Quando era realmente necessário recorrer à Justiça Comum, obviamente, tínhamos, e temos, toda a expertise para fazê-lo, mas nossa principal intenção é a de fazer o trabalho preventivo, para não deixar os conflitos virarem causas jurídicas.

Essa escolha não foi fácil, como citei, porque não ser uma advogada ‘boa de briga’ me custou alguns potenciais clientes, que acreditavam apenas no recurso litigioso como forma de solucionar conflitos.

O tempo passou. Olhar o cliente e entendê-lo em 360 graus, valorizando sua energia, anseios e emoções fez parte do meu trabalho e de minha equipe. Investi tempo e muito estudo em cursos nas áreas de neurociência, física quântica e leis sistêmicas. Cheguei a ser chamada de mística e esotérica porque pregava uma visão mais holística do Direito, sempre acreditando que era possível encarar as leis também de forma mais humana e social. Eu me preocupo em tentar encontrar uma solução para os problemas e conflitos que traga paz, consciência nas decisões e preserve as relações, sempre que possível. Isso nada tem a ver com esoterismo ou misticismo, mas com bom senso, empatia e estratégia, porque evita desgastes de imagem, poupa recursos e traz benefícios amplos a todos.

A cada dia, ouço meu discurso saindo da boca de outros advogados. A própria lei de franquias recém-promulgada, de número 13.966, deu espaço à Mediação, tema que trabalho insistentemente há mais de 20 anos. A comunicação não-violenta nunca esteve tão na moda – e eu nem preciso dizer que, no varejo, sempre fui defensora deste conceito, dando ênfase ao trinômio razão + coração + ação que resulta na humanização do direito.

Hoje, quando falo que meu escritório, atualmente composto por 08 advogadas muito bem preparadas para atuar com com Direito Empresarial Estratégico, foca sua atuação em conversas, acordos e comunicação não-violenta, percebo que existem muitos recursos disponíveis para enfrentar o que ainda está por vir. Percebo uma valorização do discurso genuíno, transparente e autêntico, e isso me agrada, porque o advogado espertalhão, que garante ao cliente vantagens astronômicas e irreais , está cada dia mais defasado.

O respeito, a auto responsabilização, a coragem, a intenção verdadeira, a comunicação positiva, a escuta cuidadosa, o feelset, a inteligência do coração, o renascer do sentir, o despertar, o olhar com mais carinho e o cuidado com o cliente não nos afastam da estratégia, do conhecer profundamente o varejo, do poder opinar com clareza e convicção sobre todos os pontos do negócio, da redação certeira de contratos, do resguardo das marcas, do alinhamento jurídico – e até de sermos boas de briga, quando necessário.

Enfim, o mais importante de tudo é escutar para entender o outro, é servir para obter o melhor do outro. É torcer para o sucesso do outro!!!

Melitha Novoa Prado é sócia-fundadora da Novoa Prado Advogados, consultora jurídica e mediadora nas áreas de varejo e franchising.

Imagem: Freepik

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