NRF2025

Pós-NRF Central do Varejo destaca tendências e inovações

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Pós-NRF Central do Varejo

Na última quinta-feira (30), a Central do Varejo promoveu o evento Pós-NRF, reunindo grandes nomes do setor para discutir as principais tendências e inovações apresentadas na NRF 2025. No Auditório Santander, em São Paulo, empresários, especialistas e executivos do varejo participaram de painéis e palestras que abordaram desde a adoção de novas tecnologias até a transformação do comportamento do consumidor.

Com uma programação rica em conteúdo, o evento trouxe insights sobre como o varejo pode se adaptar aos desafios econômicos, criar experiências memoráveis para os clientes e implementar estratégias inovadoras para manter a relevância no mercado.

Com um auditório repleto de profissionais do setor, os painéis do evento trouxeram reflexões sobre tecnologia, economia e estratégias para o varejo brasileiro. José Fugice, fundador do Ecossistema Goakira e sócio-fundador da Central do Varejo, abriu o evento destacando a importância da “tropicalização” dos aprendizados da NRF para aplicação no mercado nacional. “Nosso diferencial está na capacidade de traduzir as tendências globais para a realidade do varejo brasileiro”, afirmou.

Cenário macroeconômico e impactos no varejo

O primeiro painel contou com a análise de Clayton Calixto, economista do Santander Asset, que apresentou um panorama do cenário econômico global e seus reflexos no Brasil. Segundo ele, a desaceleração da economia chinesa e as novas tarifas impostas pelos Estados Unidos impactam diretamente o câmbio e a inflação no Brasil, influenciando decisões estratégicas no setor varejista.

“A inflação continuará pressionada em 2025, e isso exige que o varejo esteja atento ao poder de compra do consumidor e à política de precificação”, alertou Calixto. Ele também destacou que o aumento da taxa de juros americana pode afetar investimentos no Brasil, reforçando a necessidade de planejamento financeiro nas empresas.

Tecnologia como diferencial competitivo

A discussão seguiu com Ricardo Maffetano, CEO da Auttar, do grupo Santander, que apresentou soluções tecnológicas aplicadas ao varejo, como a hiperpersonalização e a integração dos meios de pagamento. Ele citou a implementação de novas soluções de checkout sem fricção e a otimização da “prateleira infinita”, permitindo que varejistas ofereçam produtos indisponíveis no estoque físico, mas acessíveis via outras lojas ou centros de distribuição.

“O varejista precisa adotar tecnologias que melhorem a experiência de compra e reduzam custos operacionais. Quem não investir em inovação estará competindo com uma desvantagem estrutural”, destacou Maffetano.

Marcelo Wagner, especialista comercial do Santander, reforçou o compromisso do banco em apoiar empreendedores do varejo, especialmente no segmento de franquias. Wagner explicou que o Santander é líder no financiamento para franquias, oferecendo linhas de crédito para novos franqueados e expansão de redes.

“Acreditamos no potencial das franquias como motor do crescimento do varejo. Nosso objetivo é fornecer condições atrativas para que novos investidores possam ingressar nesse mercado com segurança”, afirmou.

Game changer: a virada de chave do varejo

Daniel Zanco, CEO da Omnibiz e também sócio-fundador da Central do Varejo, abordou a transformação do varejo e os desafios das empresas para se manterem competitivas. Zanco enfatizou que a NRF 2025 consolidou a inteligência artificial como uma ferramenta essencial para o setor, tanto na personalização da experiência do cliente quanto na eficiência operacional.

“O varejo está mudando radicalmente. A Inteligência Artificial já não é mais uma tendência, é uma realidade. Quem não estiver preparado para essa transformação corre o risco de perder relevância”, alertou.

Como a tecnologia ajuda o varejo?

Um dos momentos mais aguardados foi o painel ‘Como a tecnologia ajuda o varejo’, que reuniu especialistas para discutir os avanços tecnológicos e seu impacto no mercado brasileiro. A sessão foi conduzida por Patrícia Cotti, diretora de modelagem de negócios na Driven.cx, que abriu a discussão com uma análise sobre as principais inovações tecnológicas apresentadas na NRF 2025.

Em sua apresentação inicial, Patrícia destacou que a tecnologia já não é mais uma promessa futura, mas sim uma realidade consolidada no varejo. Segundo ela, a inteligência artificial (IA) foi um dos temas centrais da NRF 2025, deixando de ser um conceito experimental para se tornar uma ferramenta essencial na tomada de decisões e na eficiência operacional das empresas.

“A IA não é mais discutida como algo que vai ser adotado, mas sim onde e como está sendo aplicada. Esse é o novo momento do varejo global”, afirmou Patrícia.

Ela também abordou a evolução dos meios de pagamento, a robotização de processos logísticos e a ascensão do e-commerce como ferramenta de integração entre os canais físico e digital. “O varejo americano já incorporou diversas soluções de checkout automatizado, visão computacional e personalização avançada da experiência do consumidor”, completou.

Após sua apresentação, Patrícia convidou os painelistas Ádrili Sato (Brinks), André Viana (Wake) e James Barroso (Infor) para debater como essas tendências estão sendo implementadas no varejo brasileiro e os desafios dessa transformação.

Pós-NRF Central do Varejo

André Viana, diretor comercial da Wake, enfatizou que o varejo precisa oferecer uma jornada de compra integrada e sem fricção para o consumidor. Ele destacou que a inteligência artificial deve ser transparente, atuando nos bastidores para melhorar a experiência de compra.

“O cliente quer comprar onde quiser, da forma que quiser, e receber o produto sem complicações. Para isso, precisamos integrar dados, meios de pagamento e canais de venda de forma eficiente”, explicou André.

A diretora de novos negócios da Brinks, Ádrili Sato, abordou a diversidade de meios de pagamento no Brasil e como a tecnologia pode ajudar a otimizar essa gestão. Segundo ela, enquanto o Pix revolucionou as transações digitais, ainda há uma grande parcela do varejo que precisa lidar com pagamentos em dinheiro e outras formas tradicionais.

“Os varejistas brasileiros atendem consumidores de diferentes perfis, e a tecnologia pode ajudar a entender qual o melhor meio de pagamento a ser incentivado para cada tipo de cliente”, disse Ádrili. Ela também destacou que o conceito de checkout headless deve ganhar força nos próximos anos, tornando a experiência de pagamento ainda mais fluida e imperceptível para o consumidor.

James Barroso, management director da Infor, trouxe uma perspectiva sobre a gestão de dados e a automação na cadeia de suprimentos. Ele explicou como a inteligência artificial pode prever demandas e evitar rupturas de estoque, melhorando a eficiência do varejo.

“A previsibilidade no varejo é um dos maiores desafios, mas com o uso de IA conseguimos identificar padrões de consumo e antecipar estoques de acordo com eventos climáticos, sazonalidades e tendências de mercado”, afirmou James. Ele também ressaltou que a qualidade dos dados é fundamental para o sucesso dessas estratégias.

O painel encerrou com reflexões sobre como as empresas devem se preparar para essa evolução tecnológica. Os especialistas concordaram que a integração de dados, a personalização da experiência do consumidor e a otimização da cadeia de suprimentos serão os grandes diferenciais competitivos nos próximos anos.

Futuro do varejo: tendências globais

O Pós-NRF da Central do Varejo também recebeu a pesquisadora de tendências Daniela Dantas, Vice-Presidente da WGSN para a América Latina, para uma palestra repleta de insights sobre o futuro do consumidor e as principais mudanças no comportamento de compra nos próximos anos.

Em entrevista à Central do Varejo, Daniela destacou que o maior desafio para as marcas se manterem relevantes no varejo do futuro é não perderem sua essência em meio às tendências passageiras. Segundo ela, a tecnologia deve ser vista como um meio para fortalecer a conexão entre marcas e consumidores, e não como um fim em si mesma. “O destino final deve ser sempre aumentar a conexão com o cliente, e isso se faz através da essência e do relacionamento genuíno”, concluiu.

Na palestra, Daniela destacou que 2026 será o “ano do redirecionamento”, devido às transformações econômicas e sociais que sucederão o maior ciclo eleitoral global da história, ocorrido em 2024.

Um dos pontos centrais abordados foi a necessidade de uma estratégia multigeração no varejo. Daniela alertou que muitas empresas estão excessivamente focadas na Geração Z, enquanto a realidade demográfica global aponta para um rápido envelhecimento populacional. “Em 2050, a cada seis pessoas, uma terá mais de 65 anos, o que muda completamente as dinâmicas de consumo e relações com as marcas”, explicou.

Ela enfatizou que as empresas precisam repensar suas estratégias de comunicação e oferta de produtos, pois os dados demográficos tradicionais são cada vez menos eficazes para definir perfis de consumo. “O Rei Charles III e Ozzy Osbourne têm idade e classe social semelhantes, mas certamente possuem interesses e comportamentos de compra completamente distintos”, exemplificou.

Daniela Dantas, da WGSN, no Pós-NRF Central do Varejo

Daniela destacou que as configurações familiares estão mudando drasticamente. O crescimento de grupos como os DINKs (Double Income, No Kids), casais sem filhos com alta capacidade de consumo, está criando novas demandas. “O pet deixou de ser um simples animal de estimação e passou a ocupar um papel emocionalmente equivalente ao de um filho para muitas pessoas”, comentou.

Ela também ressaltou que os jovens estão adiando ou abandonando marcos tradicionais de vida, como casamento e aquisição de imóveis. O crescimento do aluguel e de soluções temporárias reflete uma sociedade mais flexível e focada na experiência em vez da posse.

Tecnologia intencional e o impacto da IA

Outro tema de destaque foi a tecnologia intencional, conceito que defende que a adoção de inovação deve ser guiada por um problema real a ser resolvido, e não apenas pela necessidade de acompanhar tendências. Daniela alertou que, até 2026, 90% do conteúdo digital gerado na internet poderá ser criado por inteligência artificial, o que representa desafios enormes para a credibilidade das informações e a autenticidade das marcas.

Ela mencionou exemplos como o selo de verificação criado pela Adobe, que permite rastrear a origem e as edições feitas em imagens, como um caminho para garantir autenticidade. “Precisamos pensar em como garantir a transparência e a confiança dos consumidores em um mundo onde as fronteiras entre real e artificial estão cada vez mais difusas”, afirmou.

Daniela também abordou o fenômeno da polarização do consumo, onde extremos coexistem no mercado. “Vimos isso claramente com ‘Barbie’ e ‘Oppenheimer’, dois filmes de propostas completamente opostas que alcançaram grande sucesso simultaneamente”, disse.

Ela alertou que as marcas precisam compreender as subculturas e comunidades com as quais desejam se conectar, para evitar movimentos superficiais ou mal planejados. Um exemplo citado foi a Bud Light, que sofreu um boicote e uma queda de 28,5% nas vendas ao realizar uma campanha de marketing mal alinhada com seu público. Por outro lado, a Maybelline conseguiu impulsionar seu crescimento ao entender melhor sua audiência e construir campanhas autênticas.

Para finalizar, Daniela reforçou que o futuro do varejo depende de uma abordagem mais humanizada e conectada com as reais necessidades do consumidor. “As marcas que se destacarem serão aquelas que conseguirem equilibrar tecnologia e conexão humana, construindo espaços de interação genuínos para seus clientes”, concluiu.

As lojas de Nova York: tendências e inovações do varejo físico

Encerrando o dia de conteúdos, Bianca Murotani, arquiteta e sócia-diretora da GDesign, e Julia Menin, supervisora de projetos da empresa, apresentaram o painel ‘As Lojas de Nova York’. Com uma abordagem imersiva, elas compartilharam insights sobre as principais experiências do varejo físico na cidade, destacando conceitos que unem arquitetura, design e comportamento do consumidor.

As especialistas destacaram que a evolução do varejo físico está diretamente ligada à criação de experiências memoráveis e sensoriais. Segundo Bianca, a velocidade da Amazon e de outras gigantes do e-commerce não pode ser combatida diretamente, e sim com diferenciais que apenas o ambiente físico pode oferecer. “A verdadeira diferença está na experiência, na conexão emocional e no senso de lugar”, afirmou.

Slow Retail: a nova tendência do consumo

Um dos conceitos abordados foi o Slow Retail, uma abordagem que prioriza a imersão e a qualidade em detrimento da velocidade e quantidade. “O varejo precisa desacelerar e oferecer experiências impactantes”, explicou Julia Menin. Um exemplo disso é a Louis Vuitton, que transformou uma reforma temporária de sua flagship em Nova York em uma atração visual impressionante, com um tapume monumental que viralizou nas redes sociais.

Bianca Murotani e Julia Menin no pós-NRF Central do Varejo

Outro ponto levantado no painel foi o conceito de escapismo, que propõe o uso de elementos sensoriais para criar ambientes imersivos. A marca Gentle Monster, por exemplo, utiliza instalações artísticas em suas lojas, promovendo a experiência de estar dentro de uma galeria. Julia destacou o papel da neuroarquitetura nesse contexto, explicando que “o deslumbramento gerado pela ambientação contribui para o engajamento do consumidor”.

A busca por produtos exclusivos e personalizáveis foi outro aspecto enfatizado no painel do pós-NRF da Central do Varejo. Marcas como Louis Vuitton e YETI oferecem produtos e serviços que só podem ser encontrados em determinadas lojas, gerando um sentimento de exclusividade. A chocolateria da Louis Vuitton, por exemplo, permite que o consumidor vivencie o luxo de forma acessível, adquirindo produtos que carregam a identidade da marca.

As especialistas também abordaram a criação de espaços de encontro e convivência, uma tendência crescente no varejo físico. A marca Aritzia, por exemplo, aposta no conceito de Living Home, oferecendo áreas de descanso e acolhimento dentro da loja. “Criar espaços que permitam uma pausa na experiência de compra é essencial para fidelizar clientes”, ressaltou Bianca.

A demanda por inclusão foi exemplificada pela Skims, marca fundada por Kim Kardashian, que aposta em uma ampla variedade de tamanhos e tons de pele. “A representatividade é um fator crítico para a conexão com o consumidor moderno”, destacou Julia. Entretanto, foi observado que, enquanto a marca investe na diversidade feminina, ainda há espaço para avanços na inclusão masculina.

O futuro das lojas físicas

Encerrando o painel, Bianca e Julia reforçaram que o futuro do varejo físico depende da integração entre experiência, exclusividade e inovação. “As lojas devem ser mais do que um ponto de venda; precisam se tornar destinos, onde o consumidor se sente conectado e imerso na identidade da marca”, concluiu Bianca.

A principal mensagem do Pós-NRF da Central do Varejo foi clara: as marcas que conseguirem equilibrar inovação tecnológica com conexões humanas autênticas serão as que prosperarão no futuro do varejo. Com tantos insights e aprendizados, o mercado brasileiro tem muito a ganhar ao aplicar essas estratégias adaptadas à sua realidade.


A inovação não para, e você não pode ficar para trás. A NRF 2025 Retail’s Big Show Europe, que acontece de 16 a 18 de setembro em Paris, será o ponto de encontro para os maiores especialistas do setor. Além do evento, a delegação Central do Varejo proporciona uma experiência completa com visitas técnicas às principais lojas de Paris e momentos exclusivos de networking. As vagas são limitadas! Garanta sua participação agora!

Imagens: Ygor Piva

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