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Economia

Queda da inflação e concorrência viram desafio no setor de atacarejo

Consultores e especialistas acreditam que o modelo do atacarejo não está em crise estrutural, mas os problemas precisarão ser enfrentados

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O atacarejo está enfrentando sua fase mais desafiadora desde o boom do setor no Brasil após 2015. Um dos problemas é a velocidade acelerada de aberturas e conversões de lojas, que sustentaram o crescimento do mercado nos últimos anos. A canibalização entre as próprias lojas das atacadistas, juntamente com a queda da inflação nos preços dos alimentos, tem levado analistas a alertar sobre os riscos desse cenário, segundo informações do Valor Econômico.

No primeiro quadrimestre, o mercado de São Paulo registrou uma queda nas vendas de “mesmas lojas” pela primeira vez desde o início das pesquisas. Considerando abril e maio, houve uma retração de 4,8% na capital paulista e região metropolitana. No acumulado do ano, houve queda de 1,5% em relação a 2022.

Embora o segmento de atacarejo seja o mais resiliente do setor, ele também começou a sentir uma demanda mais retraída, juntamente com o aumento do endividamento das famílias e a aceleração das aberturas de lojas, além da queda na inflação. O desempenho do Nordeste é mais animador, mas o peso do Sudeste ainda é sentido.

A competição acirrada entre as próprias lojas do atacarejo, devido às conversões e aberturas de novas unidades, está afetando os pontos maduros. As unidades recém-abertas também estão sentindo o impacto do excesso de inaugurações. A margem bruta das redes Assaí e Atacadão se manteve estável, mas gestores de mercado já estão precificando esse cenário de competição nas ações dessas empresas na bolsa.

Consultores e especialistas acreditam que o modelo do atacarejo não está em crise estrutural, mas os desafios precisarão ser enfrentados. A queda nos preços dos alimentos impacta a receita, mas não tem sido suficiente para compensar a desaceleração do volume vendido. Além disso, o “trade down” de marcas tem levado as pessoas a comprarem quantidades menores de produtos. A base de comparação elevada de 2022 também pode ter algum efeito sobre a desaceleração em 2023.

Imagem: Freepik

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