Realidade aumentada: como implantar essa tecnologia no varejo

O mundo das compras com realidade aumentada pode parecer ter saído de um filme futurista de ficção científica. Mas, como o próprio nome já diz, a realidade aumentada se tornou realidade e já vem sendo utilizada pelas empresas do varejo.

O mercado da realidade aumentada ainda pode estar em seus primeiros passos, mas já está em franco crescimento. Se, inicialmente, os gamers e os interessados no metaverso pareciam ser os únicos a se interessar por esse novo mundo, essa tecnologia agora vem conquistando cada vez mais espaço no mercado.

Cerca de 48% dos entrevistados em uma pesquisa da consultoria McKinsey & Company disseram estar interessados em usar tecnologias consideradas do metaverso (realidade aumentada e realidade virtual) para fazer compras nos próximos cinco anos. Por sua vez, 38% dos profissionais de marketing entrevistados disseram estar utilizando a tecnologia em 2022, um aumento de 15 pontos percentuais em relação aos 23% de 2017.

Confira a seguir como a realidade aumentada pode facilitar as vendas no comércio e engajar os clientes, além de conhecer tendências de RA no varejo.

A realidade aumentada no varejo

Fazer compras utilizando a realidade aumentada é uma experiência diferenciada, pois a RA possibilita que os clientes experimentem e testem virtualmente produtos por meio de um gadget como um smartphone ou um headset de realidade virtual.

Dessa forma, a realidade aumentada pode tanto ajudar os clientes a se sentirem como se estivessem em uma loja física interagindo com os produtos, como também mostrar como os produtos ficarão em suas casas ou, no caso da moda, em seus corpos.

Assim, a RA se adequa às aplicações dos varejistas, permitindo que os consumidores participem de ações comuns a lojas físicas, como experimentar roupas ou maquiagem de forma virtual, ou sobrepor móveis em um ambiente para avaliar seu tamanho e adequação com o restante da decoração de sua casa.

O mercado da realidade aumentada

No fim de 2021, quase dois anos após o início da pandemia, o mercado norte-americano de realidade aumentada e virtual valia 28 bilhões de dólares e tinha a projeção de ultrapassar 250 bilhões até 2028, de acordo com a The Insight Partners, o que dá aos varejistas e às plataformas bons motivos para investir nessas tecnologias.

Empresas como a Meta e o Google estão tentando acelerar essa tendência investindo mais em ferramentas de realidade aumentada e realidade virtual. Por exemplo, o Google recentemente adquiriu a Raxium, uma startup especializada em óculos inteligentes com novas tecnologias que podem melhorar significativamente as perspectivas das tentativas anteriores (e atuais) do Google Glass.

Câmeras mais recentes de smartphones também tornaram as compras com realidade aumentada mais acessíveis à medida que continuam a aprimorar o hardware e o software, possibilitando a funcionalidade de RA em vários aplicativos. Opções de experimentação de produtos fáceis de usar combinadas com uma melhor distribuição de tecnologia tornam a RA uma tecnologia cada vez mais atraente para os varejistas.

Tendências de realidade aumentada para ficar de olho

Aqui, traremos algumas tendências possíveis de observar atualmente e no futuro próximo no mercado, principalmente no e-commerce, em relação à tecnologia de realidade aumentada.

Redes sociais e filtros de câmera

As pessoas naturalmente começaram a passar mais tempo online por causa da pandemia de COVID-19. Como resultado, as marcas tiveram que experimentar e inovar para se envolver com elas e incentivar as pessoas a usar seus canais de e-commerce e mídias sociais.

A pandemia pode ter arrefecido, mas essa tendência não vai desaparecer tão cedo — 75% da população global e quase todos os usuários de smartphones serão usuários frequentes de ferramentas de realidade aumentada, de acordo com a Deloitte, e a maioria está descobrindo essa tecnologia através de aplicativos de redes sociais.

Alguns dos primeiros aplicativos a possibilitar o uso de realidade aumentada por usuários e empresas foram o Snapchat e o Instagram, permitindo que as marcas criem filtros de RA para seus produtos, de modo que os clientes os utilizassem. Por exemplo, em uma campanha de 2021, a Christian Dior usou filtros de RA do Snapchat e do Instagram para incentivar o “boca a boca virtual” – que recebeu mais de 1,3 milhão de impressões.

Provadores virtuais

O uso mais óbvio da realidade aumentada para marcas é a demonstração de produtos, e isso fica evidente. Pesquisas da Modern Retail sugerem que a demonstração de produtos através de provadores virtuais (virtual try-on, em inglês) foi a que mais aumentou o uso da tecnologia entre 2017 e 2022.

Os provadores virtuais são, evidentemente, mais aplicáveis nos setores de moda e beleza. Em todas as gerações, mais da metade dos entrevistados estavam interessados em usar realidade aumentada para experimentar novas maquiagens ou cores de cabelo e experimentar roupas, sapatos ou acessórios novos (de 57% dos nascidos entre os anos 20 e 40 até 92% da Geração Z).

Showroom virtual

A ideia do showroom virtual é muito parecida com os provadores virtuais. A tecnologia de realidade aumentada, além de possibilitar que os clientes provem roupas ou maquiagens, também possibilita que os consumidores coloquem virtualmente itens no ambiente ao seu redor (como uma sala de estar).

A principal diferença entre o provador virtual e o showroom é a câmera que é utilizada (frontal ou traseira). Além dessa distinção na forma como os clientes usam o hardware, não há muita diferença na tecnologia envolvida — o que é uma boa notícia para os empresários.

Pesquisas feitas pela Shopify no ano passado, por exemplo, descobriram que os comerciantes que adicionam conteúdo 3D às suas lojas veem um aumento de 94% na conversão, em média — e como não há muita diferença entre a realidade aumentada usada nos provadores virtuais ou nos showrooms, a oportunidade de usá-la está aberta para muitos setores.

Melhores opções de hardware de realidade aumentada

Inovações em tecnologia móvel, como lentes melhores de detecção de profundidade (por exemplo, lentes LiDAR e ToF, utilizadas em dispositivos Apple e Samsung), não parecem estar desacelerando tão cedo. Como resultado, cada nova geração de smartphones fica mais bem equipada para lidar com recursos de realidade aumentada.

O crescimento previsto da receita do mercado de AR móvel nos próximos quatro anos reflete essas mudanças na tecnologia — de US$ 12,4 bilhões em 2021 para US$ 36,26 bilhões em 2026.

Mas a realidade aumentada não deve ser usada apenas nos smartphones. Como mencionado anteriormente, com melhor tecnologia cada vez mais disponível, empresas como Google (incluindo Android), Microsoft, Lenovo e Vuzix estão pesquisando conteúdo para a produção de óculos inteligentes.

Como, por enquanto, os óculos inteligentes continuam sendo um sonho — principalmente após os sucessivos fracassos do projeto do Google Glass — o foco das empresas vem sendo nas tecnologias móveis. Mas o futuro pode trazer muitas surpresas.

Espelhos em realidade aumentada para lojas físicas

Outra tendência interessante a ser observada no varejo é a ideia de espelhos de realidade aumentada em lojas físicas. Existem dois métodos de funcionamento para eles. Em um deles, uma tela digital com tecnologia de sensor de movimento é colocada atrás do espelho, utilizando RA para sobrepor imagens no reflexo em tempo real. O outro é basicamente um display digital com câmeras em vez de um espelho.

Esse tipo de tecnologia já vem sendo utilizado na China e está engatinhando nos Estados Unidos. De acordo com pesquisas do Snapchat, 21% dos clientes fariam um esforço extra para visitar uma loja com um espelho inteligente e 33% o usariam nas lojas que já visitam para provar roupas. Esses números diminuem quando se trata de provar maquiagem ou cores de cabelo (20% e 31%, respectivamente). Marcas como a MAC já vem testando esse tipo de espelho para testagem de seus produtos nos EUA.

Vantagens de investir em realidade aumentada

A realidade aumentada, além de encantar o cliente e fazer com que ele fique mais próximo de efetuar uma compra, faz com que ele engaje mais com a marca. Outro ponto a ser levado em consideração é a possibilidade de que o consumidor navegue mais no site ou nas redes sociais da empresa, fazendo com que a relevância do negócio cresça.

Além disso, a imersão trazida pelas funcionalidades da realidade aumentada chama a atenção do consumidor e faz com que ele queira voltar a comprar naquela loja, seja ela física ou e-commerce, chegando até a indicá-la a amigos ou conhecidos que queiram aquele tipo de produto.

Por fim, podemos considerar que a realidade aumentada ajuda a enxugar custos com trocas de produtos e devoluções, visto que quando um cliente chega ao ponto de experimentar uma peça, mesmo que num provador virtual, a chance de ele se arrepender da compra é ínfima.

Existem diversas ferramentas especializadas para realidade aumentada, propensas para serem utilizadas nos mais diversos setores do varejo. Fornecidos por empresas como Apple, Meta (dona do Instagram, WhatsApp e Facebook) e Snap (dona do Snapchat), trazem funções que podem ajudar varejistas a se engajarem de forma diferente com seus clientes.

Cases de sucesso em realidade aumentada no varejo

Diversas marcas mundialmente conhecidas já despontam com resultados satisfatórios através do uso da realidade aumentada. Como já citamos anteriormente, a MAC utiliza a tecnologia para permitir que seus usuários testem produtos de maquiagem apenas com a câmera frontal do seu celular.

Ao mesmo tempo, a empresa de moda luxo Christian Dior possibilitou que seus consumidores provassem modelos de tênis apenas ao apontar a câmera do celular para seus pés. E isso ajudou a impulsionar as vendas do produto, já que foram mais de 2 milhões de visualizações orgânicas.

Com a realidade aumentada, as possibilidades dos varejistas são infinitas. Por isso, as empresas devem aproveitar o quanto antes suas funcionalidades para fazer com que a experiência do cliente seja cada vez mais imersiva e satisfatória.

Mother And Daughter Exploring With Augmented Reality Globe At Home

Fontes: Sebrae e Shopify

Imagem: Envato