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Resumo e destaques do 1º dia da NRF 2024 by TOTVS

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Mais um ano, mais uma NRF! Pra quem não sabe, a NRF é a maior feira de varejo do mundo, que acontece já há 113 anos religiosamente. Atualmente, a NRF 2024 acontece em Nova York (EUA) em um centro de convenções gigantesco chamado Javits Center, e que foi recentemente expandido. Estamos falando de coisas em dimensões nem um pouco modestas: mais de 40.000 pessoas vindas de mais de 100 países!

O evento se divide em duas partes principais: as palestras, de figuras renomadas falando sobre tendências e cases de sucesso (e insucesso!), e o pavilhão de exposições, onde mais de 1.000 fornecedores de soluções para o varejo mostram suas ideias para revolucionar. No pavilhão tem de tudo – claro que a maioria, hoje em dia, é tecnologia. Mas tem até o cara que “inventou” uma caixa de pizza que é picotada pra você poder cortar ao meio e guardar o que sobrou da pizza na geladeira sem ocupar muito espaço e, ainda, ajudando a facilitar jogá-la fora, no lixo.

NRF 2024 by TOTVS

A turma TOTVS pronta pra começar mais uma NRF

Mas, sem dúvida, muita gente vem com foco no conteúdo, ou seja, nas várias palestras que rolam por aqui, buscando capturar alguma ideia em operação ou “pegar” alguma tendência. Isso não é tarefa simples. Estamos falando de quase 200 palestras, espalhadas por um espaço gigantesco. Se você não se planejar direito, muitas vezes você não consegue ir de uma para a outra e chegar a tempo, devido ao deslocamento.

Agora que tentei dar uma ideia do que é o evento, bem-vindos ao meu primeiro “resumão” da NRF 2024. Toda NRF eu tento, no mesmo dia ou no dia seguinte, consolidar um pouco o que foi que eu capturei do que vi. Mas não se enganem! Essa é a minha NRF. São tantos conteúdos, tantas coisas sendo demonstradas na expo, que é impossível uma pessoa ver tudo. Portanto, o que você vai ler hoje, amanhã e depois (e isso, SE você tiver paciência pra ler os três artigos) é altamente filtrado pela minha experiência particular de NRF. Com isso em mente, vamos lá!


Conheça o trabalho da TOTVS


A indústria se rende ao varejo

O dia abriu com a nova presidente da Levi’s, Michelle Gass, batendo um papo com o presidente da NRF, Matthew Shay. O motivo de ter a Michelle no palco não tem nada a ver com o fato de ela ser mulher no cargo de CEO de uma companhia tão grande, num mundo dominado por presença branca e masculina. Afinal, isso não devia ser notável, mas é um indicativo de como ainda temos um longo caminho a percorrer em busca de maior diversidade e representatividade nos cargos mais altos das empresas… Mas esse é outro debate.

O que chama, sim, atenção é que ela estava no comando da Kohl’s, uma rede de varejo de roupas que é uma das maiores clientes da Levi’s. E um dos pontos que mais me chamou atenção na fala dela foi justamente o fato de que ela pretende focar muito a companhia no varejo. Não em VENDER para o varejo mas SER o varejo. Ela citou como a Levi’s hoje já tem cerca de 3.000 lojas no mundo – sendo 1.000 próprias e 2.000 franqueadas. Mas considerando que ela tem atuação em 110 países e que a Kohl’s sozinha, que é um dos seus clientes, tem pouco mais de 1.100 lojas, é indicativo do potencial que ela está enxergando.

NRF 2024

A Michelle fez o presidente da NRF vir de jaqueta jeans

A frase que ela deixou no ar, para não alienar seus clientes, foi “DTC first, not DTC only”. DTC (Direct To Consumer) é a expressão que usamos comumente para nos referir à quando a indústria resolve operar o canal de varejo diretamente, ou seja, ter lojas próprias (físicas ou digitais), ou ainda estar em canais como marketplaces vendendo diretamente ao consumidor. E falar “DTC primeiro, mas não somente DTC” é um indicativo forte do caminho que a indústria está fazendo.

Mais que isso: trazer uma CEO de varejo para tocar uma empresa centenária, mas que fez quase toda sua receita sempre vendendo para o atacado, mostra uma clara necessidade de buscar entender de verdade e entregar aquilo que o varejo sempre fez bem: comprar bem comprado, e vender bem vendido. Sendo fabricante e varejista, a parte do ‘comprar’ tá fácil. Mas incrível como muitos falharam nesse caminho, por tentarem aplicar uma dinâmica de indústria a um negócio de varejo. Trazer a liderança certa, que entende a diferença entre os dois modelos, mostra que a Levi’s tem chance de fazer suas 3.000 lojas virarem 30.000… E, mais que isso, mostra pra mim uma clara tendência da indústria buscando ser varejo. Mas agora eles sacaram que não vão conseguir usar os métodos que os trouxeram até aqui.

De volta ao básico ou ao fundamental?

No ano passado, saímos de Nova York com uma provocação: temos que voltar ao básico – “Back to the Basics!”, bradavam em bom inglês. E desde a Levi’s buscando simplesmente fazer o básico bem feito no varejo, até o Kmart Austrália, uma rede de supermercados que virou uma força, fazendo exatamente isso: excelente execução.

Às vezes a gente se perde entre as ferramentas e os objetivos. Achamos que a tecnologia por si só vai trazer resultados, quando na verdade, ela é só um meio de fazer de forma escalável e repetitiva um bom processo. Mas se você não tem bons processos, não tem boa execução, você só vai automatizar a bagunça.

NRF 2024

Michelle e Ian, da Kmart Austrália

Mas na conversa da Michelle Evans, da Euromonitor, com o presidente da Kmart Austrália, Ian Bailey, eles falaram sobre muita coisa básica, como buscar baixar os preços para o consumidor fez com que eles crescessem em receita, ao invés de fazer como todo os outros vinham fazendo: aumentar o ticket médio sem aumentar PA (peças por atendimento, ou de forma simples, quantos itens tem numa compra), ou seja, só aumentar no preço. Na verdade, a Kmart Austrália foca em reduzir o ticket médio por item, e com isso, ganha em PA, aumentando o ticket médio por cliente. Os clientes amam que os preços baixam, e recompensam a empresa comprando mais coisas lá.

Falaram ainda sobre como gestionar sortimento e sair de certas categorias, se ele não consegue executar bem elas. Como exemplo, Bailey mencionou como eles pararam de vender TVs, pois a margem era muito baixa, o produto ocupava uma metragem da loja muito grande e ele percebeu que nunca seria número 1 ou 2 nessa categoria, deixando o mercado para quem sabe fazer. O impacto na receita era importante, mas na margem foi melhor, e ele usou o espaço disponível para melhorar nas categorias-chave, aumentando a profundidade de sortimento. Em resumo, fazer menos, mas fazer bem feito as coisas que você faz.

E eles foram tão bem, que as suas marcas próprias não só viraram 85% (!) das vendas em suas lojas, como chegaram a ponto de licenciarem seus produtos para outras empresas venderem em outras geografias diferentes da Austrália. Ele citou um exemplo fantástico de uma linha de brinquedos de madeira que foram licenciados para a Mattel vender nos EUA. Sim, aquela que faz a Barbie. Você nunca imaginaria que um varejo ia executar manufatura melhor que uma outra indústria, né? Mas aqui estamos, com uma execução tão boa, que acho que precisamos criar o conceito de DTC reverso. Ou seja, o varejo foi para a indústria, e passou a vender por atacado. Um DTS talvez, Direct-To-Supply – direto para a indústria…?

E a tecnologia, cadê?

Claro que tem tecnologia, inovação e IA. Mencionado em quase metade dos títulos de palestras (e me deu um dejà vu tremendo do metaverso em 2022) a tal da inteligência artificial, especialmente a generativa, está em todo lugar.

Ao ouvir a apresentação da Anshu Bhardwaj, VP de Tecnologia do Walmart, sobre o que eles já estão experimentando ou às vezes implementando, dá uma dimensão do possível:

  • Usando visão computacional e aprendizado de máquina para o Scan&Go, permitindo que os clientes usem seus apps Walmart para escanear itens sem se preocupar com códigos de barra e fazerem o check-out sem esperar na fila;
  • Desenvolvendo IA conversacional como o Ask Sam para ajudar os funcionários da loja a encontrar rapidamente informações sobre produtos para responder a perguntas dos clientes;
  • Implementando Text to Shop para que os clientes possam comprar em qualquer contexto via mensagem de texto;
  • Usando IA para ajudar a otimizar a gestão de inventário e substituições de produtos para melhorar as margens e a experiência do cliente;
  • Desenvolvendo ferramentas para ajudar a simplificar tarefas para funcionários do escritório central para melhorar a produtividade e a satisfação no trabalho, especialmente para fazer sumários de longos textos e de reuniões.

Por fim, nenhuma NRF sai completa sem uma apresentação da Michelle Evans, da Euromonitor, falando sobre as tendências do consumidor para o ano que entra. Mas essas apresentações “carimbadas” são jogo duro. Ou você perde algo pra ver, ou você não entra. Olha a fila que eu enfrentei…

NRF 2024

Chegue cedo para as mais concorridas, senão…

Depois que entrei no susto, já com cinco minutos de apresentação, ela colocou cinco na lista, que depois vou dissecar em artigos mais profundos, junto com a minha própria visão do que eu entendo que vai rolar no mercado Brasil. Mas aqui estão eles pra você saber:

  • E-commerce Intuitivo: IA para recomendações personalizadas e realidade aumentada nas compras online;
  • Economia TikTok: Influência crescente de plataformas de redes sociais como TikTok, especialmente na Geração Z. Um tópico que já escrevi a respeito e que só não vê quem não quer: o TikTok está virando o novo Google dos gen Z e Alphas, e em breve, talvez a nova Amazon;
  • Superando Online, com Online: Uso de plataformas online para economizar em tempos de incerteza econômica. Ou seja, conseguir vantagens sobre as plataformas online. O consumidor está se transformando digitalmente e aprendendo a usar ferramentas para levar vantagens sobre o varejo – de formas que o varejista nem esperava;
  • Recommerce 2.0: Crescimento de compras de segunda mão através de plataformas de e-commerce sofisticadas. Um renascimento da revenda de itens, que anunciaram ano passado, rendeu um artigo inteiro meu;
  • Devoluções Revitalizadas: Melhoria da experiência de devoluções para aumentar a fidelidade do cliente.

Então é isso, pessoal. Tem MUITO mais coisa que vi e que nem mencionado aqui está. Fora o que eu não vi… Portanto, lembrem de filtrar tudo aqui com parcimônia. E até o próximo resumo!

Imagens: Elói Assis


Elói Assis da TOTVS*Elói Assis, diretor-executivo de produtos de Varejo e Distribuição da TOTVS. O executivo comanda uma equipe de mais de 800 pessoas, em diversas localidades do país. O seu grande desafio no cargo é prover as melhores soluções para varejo e distribuição, com o qual conta com a sua bagagem
profissional. O executivo traz o conhecimento prático como CIO do projeto de transformação digital e da experiência na operação do Grupo Ri Happy/PB Kids, maior varejista de brinquedos do Brasil. Antes disso, foi diretor de TI da Avianca Brasil e passou por outras grandes empresas, como TAM, UOL e AB-Inbev, maior companhia de bebidas do mundo. O diretor-executivo é formado em Marketing pela Universidade Mackenzie, e tem MBA em Gestão de TI pela Live University.

Sobre a TOTVS
Líder absoluta em sistemas e plataformas para empresas, a TOTVS possui mais de 70 mil clientes. Indo muito além do ERP, oferece tecnologia completa para digitalização dos negócios com foco em 3 dimensões: Gestão, com sistemas para automatizar processos das atividades fim e todo backoffice da operação; Techfin, oferecendo serviços financeiros personalizados por meio dos seus sistemas; e Business Performance, com soluções para as empresas venderem mais e crescerem.

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