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Varejistas brasileiras se preparam para competir com asiáticas

Empresas como Riachuelo, Hering e Petz avaliam planos; entre eles, marketplace em países do Mercosul e importação de produtos da Ásia são opções

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Fila de cabides com roupas; varejistas brasileiras traçam planos para competir com asiáticas

As grandes redes varejistas brasileiras estão atentas à nova realidade trazida pelo programa Remessa Conforme, que zera o imposto de importação para produtos de até US$ 50. As estratégias seguidas por cada uma ditam os planos e alternativas em discussão para as empresas se adaptarem.

De acordo com apuração do Valor Econômico, a Riachuelo vem aumentando o recebimento de mercadorias vindas do Paraguai, fornecidas pela Texcin, que tem uma joint venture com a varejista desde 2015. Os planos da empresa incluem um aumento da produção em países do Mercosul.

O grupo Soma, dono de marcas como a Hering e a Farm, seguirá um caminho semelhante. A ideia é criar um marketplace no Uruguai para vender produtos importados da China para o Brasil. Com o modelo “cross border”, os itens sairão da Ásia para o vizinho latinoamericano para serem vendidos no mercado brasileiro.

Além disso, mercadorias poderão ser produzidas no Uruguai ou em outros países do Mercosul para serem enviadas aos consumidores brasileiros, seguindo as normas do bloco econômico. A Soma já busca centros de distribuição naquele país, com previsão de estruturação de sua operação entre 6 e 12 meses.

A Renner já produz em países latinos há algum tempo, com a utilização de algodão do Peru e Paraguai e auxílio de parceiros locais. Além disso, a empresa vem entrando em contato com fabricantes para ampliar o envio ao Brasil dos itens confeccionados nesses países, seguindo as leis locais de importação.

Varejistas brasileiras de outros setores também estudam trazer mercadorias da Ásia para seu mix de produtos. A Petz, do segmento de produtos para animais de estimação, avalia recorrer a acessórios e roupas para gatos e cães de países como a China.

Uma lei paraguaia regulamentada há 23 anos obriga que 40% do valor agregado — insumos, mão de obra, energia — de um bem enviado do Paraguai deve ter origem daquele país ou de nações que fazem parte do Mercosul. A Lei da Maquila, em contrapartida, define para as empresas um tributo de 1% sobre o valor agregado.

Dessa forma, varejistas brasileiras podem instalar ou subcontratar empresas do Paraguai para produzir itens, desde que da entrada do insumo até a manufatura e sua exportação não ultrapasse 24 meses. São 278 empresas paraguaias utilizando os benefícios dessa lei, de acordo com o ministro da economia do país. Além disso, são gerados 25 mil empregos no país.

As regras do Mercosul são diferentes do que é praticado no Paraguai. Empresas que fazem comércio entre países do bloco podem usufruir de isenção de impostos, desde que respeitem os limites de importação. Ou seja, para comprar mercadorias do Paraguai e não pagar imposto, deve-se respeitar um limite de 60% de importação de insumos. No caso do Uruguai, esse limite é de 50%.

As empresas que fazem comércio entre os países do Mercosul podem, a partir deste ano, fazer a autodeclaração de origem, para definir a taxa de nacionalização dos insumos. Este documento faz com que não seja mais necessária a emissão de um certificado de origem junto às entidades específicas.

Associações do setor no Brasil, como a ABVTEX (Associação Brasileira do Varejo Têxtil), se mostram contra essas medidas, afirmando que “não faz sentido” conceder benefícios fiscais a fábricas instaladas em outros países, em detrimento do Brasil, e que a ação “coloca em xeque cadeias produtivas e 1,7 milhão de empregos estabelecidos no Brasil”.

Fila de cabides com roupas; varejistas brasileiras traçam planos para competir com asiáticas

Imagem: Freepik