Web Summit Lisboa 2025
Visa quer empoderar criadores como empreendedores e anuncia novas soluções financeiras globais
Durante o Web Summit Lisboa 2025, o global head of small business da Visa, Jonathan Koloszvary, apresentou o estudo “Monetized: Visa 2025 Creator Report” e falou, em entrevista exclusiva à Central do Varejo, sobre o impacto da creator economy, o papel da educação financeira e as novas iniciativas da companhia para fortalecer esse ecossistema em escala global.
A pesquisa, desenvolvida em parceria com o TikTok e a Morning Consult, ouviu mais de mil criadores de conteúdo em cinco países (entre eles 208 brasileiros) e revela um cenário de crescimento acelerado. Segundo o levantamento, a creator economy deve movimentar meio trilhão de dólares até 2030, consolidando-se como um dos principais motores da nova economia digital.
Leia também: No Web Summit Lisboa 2025, Khaby Lame e Visa discutem o novo negócio da criatividade
No Brasil, 84% dos criadores acreditam que aumentarão seus ganhos em 2025, e mais da metade vive exclusivamente da produção de conteúdo, transformando o que antes era um hobby em carreira de tempo integral.
Koloszvary afirma que o relatório nasce de uma estratégia de “ouvir antes de agir”, depois que a Visa passou a reconhecer formalmente os criadores de conteúdo como pequenos empreendedores. “Percebemos que precisávamos aprender com eles. Usamos a pesquisa para entender comportamentos e desafios, e esses dados influenciam diretamente nossos produtos, parcerias e programas”, explicou.

Um dos principais achados é que apenas 15% dos criadores utilizam contas empresariais para gerir seus negócios. “Isso tem implicações fiscais e de crédito. Nosso trabalho é mostrar que abrir uma conta empresarial não é apenas uma formalidade: é o caminho para sustentar o crescimento”, afirmou.
Entre as ações anunciadas, o executivo destacou a parceria global da Visa com a fintech Carrot Financial, que oferece soluções específicas para criadores. A iniciativa, lançada durante o Web Summit, busca automatizar processos como faturamento, controle de fluxo de caixa e pagamentos entre plataformas. “Os criadores relataram dificuldades em rastrear faturas, acompanhar recebimentos e gerenciar múltiplas fontes de renda. Com a Carrot, queremos devolver tempo e foco para o que realmente importa: criar conteúdo”, explicou.
Conheça o MBA em Economia, Investimentos e Banking da USP/Esalq e amplie seus conhecimentos financeiros!
Segundo Koloszvary, a proposta é que a ferramenta funcione como um “agente financeiro digital”, capaz de gerenciar automaticamente pagamentos e despesas. “Nosso objetivo é simplificar a vida financeira do criador. Quanto mais tempo ele passa criando, mais sustentável se torna o seu negócio”, afirmou.
A pesquisa também revelou que 81% dos criadores brasileiros financiam sozinhos seus projetos, e 62% ainda usam contas pessoais para gerir receitas profissionais. Para Koloszvary, esse dado demonstra o quanto educação financeira é fundamental para consolidar o setor. “Criamos programas de capacitação com base nos ‘três Ps’ da Visa: produtos, parceiros e programas. Além das soluções tecnológicas e das parcerias com fintechs e plataformas, queremos oferecer educação prática sobre precificação, contratos e gestão financeira”, afirmou.
No Brasil, um dos destaques foi a série “GetP@id”, lançada pela Visa para conectar criadores iniciantes e experientes de diferentes áreas (da música à gastronomia) com foco em sustentabilidade financeira. “Agora estamos ampliando o conteúdo para incluir tópicos como despesas recorrentes e o uso inteligente de crédito corporativo”, explicou Koloszvary.
Conheça o MBA em Gestão de Negócios Digitais e Inteligência Artificial da USP/Esalq e esteja pronto para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades da era digital!
Outro ponto relevante da conversa foi a expansão global dos criadores: segundo o estudo, mais da metade já recebe pagamentos do exterior, e 21% dos brasileiros têm fontes de renda internacionais. “Os criadores não veem fronteiras. Um fotógrafo no Rio pode vender para uma marca em Londres e ser pago por um cliente em Nova York. É um negócio verdadeiramente global”, observou o executivo.
Nesse contexto, ele defendeu o uso de stablecoins como ferramenta de inclusão financeira. “Em mercados com alta volatilidade cambial, stablecoins são uma alternativa viável. Elas permitem pagamentos mais rápidos e previsíveis, além de abrir espaço para que pessoas fora do sistema bancário tradicional entrem na economia digital”, afirmou.
Ao falar sobre o futuro da economia criadora, Koloszvary destacou o papel da inteligência artificial como aliada, e não substituta, da criatividade. “Vejo a IA como uma ferramenta que potencializa o trabalho humano. Ela ajuda a otimizar processos, mas o que diferencia um criador é a autenticidade. A tecnologia deve ampliar, não substituir, a voz criativa”, disse.
O executivo também revelou que a Visa está testando o conceito de “creator power users”, em que um grupo de influenciadores será convidado a testar ferramentas financeiras e dar feedback em tempo real. “Queremos co-criar soluções com quem está na linha de frente. É assim que garantimos que a inovação tenha propósito e aplicabilidade”, explicou.
Sobre o impacto no varejo e nas pequenas empresas, Koloszvary foi direto: “Os criadores são o elo entre marcas e comunidades. O que aprendermos com eles vai se expandir para outros segmentos, como microempreendedores, agricultores e prestadores de serviço. Nosso objetivo é democratizar o acesso às mesmas ferramentas de gestão financeira que antes eram exclusivas de grandes empresas.”
O executivo defendeu a importância de unir inovação, regulação e educação. “Não se trata de escolher entre tecnologia ou confiança. É sobre como manter a solidez da marca Visa enquanto integramos novas tecnologias como IA e stablecoins. Para isso, precisamos conversar com governos, bancos e reguladores (todos no mesmo nível de conhecimento) e criar juntos o futuro da economia digital”, concluiu.
Imagens: Amanda Dechen e Divulgação
Informações: Amanda Dechen, especialista em comunicação do MBA USP/Esalq.
