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Avanços na representação das mulheres na mídia e no entretenimento
A representação das mulheres na mídia e no entretenimento avançou bastante, mas ainda há muito a ser feito, especialmente para mulheres pretas e mães. A onipresença das mídias sociais aumentou os riscos, criando um ambiente muitas vezes perigoso que tem levado a sérios problemas de saúde mental, especialmente para adolescentes do sexo feminino.
No Dia Internacional da Mulher, a SXSW 2024 trouxe um bate-papo com Katie Couric, Nancy Wang Yuen e a duquesa de Sussex, Meghan Markle, mediado por Errin Haines e Brooke Shields, para falar da representação das mulheres e sobre as barreiras que estão sendo quebradas, desafiando estereótipos e trabalhando rumo a uma sociedade mais saudável dentro e fora das telas.
O papo trouxe à tona questões urgentes sobre representatividade, bullying online, e o papel das mulheres na liderança e na criação de comunidades. Katie Couric, jornalista renomada e primeira mulher a ancorar sozinha o CBS Evening News, compartilhou suas experiências como pioneira na ancoragem do telejornal e como enfrentou críticas e sexismo ao longo de sua carreira.
“Lembro-me depois da minha primeira noite, estava muito animada. E no dia seguinte, um crítico de mídia disse: ‘Por que ela estava usando um casaco branco após o Dia do Trabalho?’ e eu pensei, ‘É um branco de inverno, bonito, eu gastei meu dinheiro, droga’ […] Uma feminista bem conhecida, que não vou citar o nome, disse que não poderia realmente avaliar meu desempenho porque minha maquiagem era ruim demais. E assim por diante. Então foi realmentemuito difícil”, contou a jornalista. Ela ainda ressaltou a importância de trazer sensibilidades femininas para a seleção de histórias e de combater o sexismo dentro das redações.
Megan Markle, duquesa de Sussex e fundadora da Archewell Foundation, destacou a necessidade de criar comunidades de apoio para mulheres, especialmente aquelas que enfrentam bullying online durante a gravidez e a maternidade. Ela também ressaltou o papel das empresas de mídia em proteger a saúde mental de seus usuários e em promover um ambiente online mais seguro e positivo.
Segundo a duquesa, “a mídia social tornou-se um lugar onde as mulheres são alvo de bullying, objetificação e ódio”. Ela conta que a maior parte do bullying e abuso que experimentou nas redes foi quando estava grávida de seus filhos, Archie e Lilibet, e que só conseguia pensar sobre isso. Hoje, ela percebe que apenas as mães sabem quão delicado e sagrado é esse momento, mostrando o valor da rede de apoio.
Nancy Wang Yuen, professora e defensora da representação de mulheres e pessoas pretas na mídia, destacou o trabalho de cineastas e showrunners que estão quebrando barreiras e contando histórias autênticas sobre mulheres e pessoas pretas. Ela mencionou Ava DuVernay como um exemplo de cineasta que está fazendo um trabalho excepcional na representação de comunidades sub-representadas.
“Mesmo com toda a diversidade que existe, descobrimos que nos identificamos com a verdadeira essência das pessoas. Isso ressoa conosco, mesmo que não compreendamos totalmente, despertando o desejo de conhecer mais”, ressaltou a professora a respeito de ver mais representatividade nas telas.
Ao final da sessão, as participantes concordaram que, apesar dos desafios, há progresso sendo feito na indústria da mídia e na representação das mulheres. Elas enfatizaram a importância de apoiar e amplificar vozes diversas e de promover um ambiente online mais inclusivo e seguro para mulheres de todas as idades e origens.
José Fugice para Central do Varejo – Acompanhe o autor no LinkedIn
Imagens: José Fugice
Missão realizada em parceria com a Wake, Squid, Grupo Popular e Kreativ!