Operação
Operação Disclosure: ex-CEO da Americanas é preso na Espanha; empresa se pronuncia
Ex-diretora está foragida; executivos teriam vendido ações antes da revelação da fraude, em janeiro de 2023
O ex-presidente-executivo da Americanas, Miguel Gutierrez, foi preso em Madri nesta sexta-feira (28) como parte da operação Disclosure, da Polícia Federal, que investiga a participação de ex-diretores da varejista em uma fraude bilionária. A prisão foi efetuada pela polícia espanhola. Gutierrez, que havia sido considerado foragido desde quinta-feira (27) e incluído na lista de procurados da Interpol, está sob custódia.
A operação investiga a fraude contábil de R$ 25,3 bilhões que levou a Americanas à recuperação judicial, em janeiro do ano passado. A Polícia Federal agora avalia um pedido de extradição de Gutierrez, mas a dupla cidadania brasileira e espanhola do ex-executivo pode complicar o processo, dependendo da legislação espanhola.
O mandado de prisão contra Gutierrez foi emitido pela 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro no âmbito da operação Disclosure. Investigações indicam que ex-executivos da Americanas venderam milhões de reais em ações antes da descoberta da fraude.
Miguel Gutierrez trabalhou na Americanas por quase 30 anos, assumindo o cargo de CEO por mais de 20 anos até dezembro de 2022, quando foi substituído por Sergio Rial. Gutierrez mudou-se para a Espanha no início das investigações contra as fraudes e, de acordo com seus advogados, estava no país por motivos de saúde.
Anna Saicali, ex-presidente da B2W, também está sendo procurada pela polícia. Ela viajou para Portugal no dia 15 de junho e teve seu nome incluído na lista de procurados da Interpol. De acordo com a consultoria independente contratada pelo grupo, Saicali transferiu uma empresa com patrimônio de R$ 13 milhões para seu filho pouco antes da revelação do escândalo contábil em janeiro de 2023. A empresa, Taboca Ventures Participações, incluía dois imóveis avaliados em R$ 2,8 milhões. A defesa de Saicali afirmou que a transferência foi um planejamento sucessório por questões de saúde.
Segundo a Polícia Federal, a antiga diretoria da Americanas, incluindo Gutierrez, fraudou os resultados da companhia para enganar o conselho e o mercado. Gutierrez admitiu em depoimentos à CVM e à Polícia Federal que atrasava pagamentos a fornecedores para gerar caixa para a empresa. Ele também afirmou que decisões estratégicas eram tomadas com o conhecimento dos acionistas de referência, especialmente Carlos Alberto Sicupira.
Gutierrez e outros executivos teriam vendido R$ 287 mil em ações antes da divulgação da fraude, com o ex-CEO da Americanas embolsando R$ 171,7 milhões. Após a revelação do rombo de R$ 25,3 bilhões nas contas da empresa, feita por Sergio Rial, as ações da Americanas despencaram e a empresa pediu recuperação judicial.
Veja o que a Americanas diz sobre operação da PF
Em nota enviada à imprensa, a Americanas afirma ter sido “vítima de fraude” pela antiga diretoria e diz aguardar as investigações.
“A Americanas reitera sua confiança nas autoridades que investigam o caso e reforça que foi vítima de uma fraude de resultados pela sua antiga diretoria, que manipulou dolosamente os controles internos existentes. A Americanas acredita na Justiça e aguarda a conclusão das investigações para responsabilizar judicialmente todos os envolvidos.”
Com informações de Folha de S. Paulo
Imagem: Reprodução