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Economia

Queimadas têm impacto negativo bilionário sobre economia brasileira

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Vegetação após incêndios no Parque Nacional em Brasília.

O último mês foi marcado por um boom de queimadas, que cobriu o Brasil de fumaça, chegando até em alguns países vizinhos latinoamericanos. Só no estado de São Paulo, foram mais de 3,4 mil focos de incêndio só em agosto, sendo 80% delas em áreas agrícolas. Uma cortina de fumaça se formou em 90 minutos no estado. Também, o Pantanal e a Amazônia atingiram níveis recordes de queimadas neste ano, desde o início da série histórica. 

Vale lembrar que agosto já é conhecido por ser um mês seco, e, com isso, a qualidade do ar no Brasil ficou insalubre. Com tantos problemas climáticos, a economia acaba sendo afetada no País todo, especialmente no setor alimentício.

O economista ambiental Marcos Godoi explica que as queimadas são uma alternativa para economizar na agropecuária, mas com muitos efeitos negativos. “As queimadas são interessantes para produtores rurais porque são um método barato de limpar o terreno, porque senão, é preciso contratar pessoas para operar maquinário por vários dias e é preciso dispor de recursos. Só que na economia a gente chama isso de uma atividade que produz ‘externalidade negativa’, ou seja, eu corto o custo para mim, mas eu crio um custo para as outras pessoas, sejam outros produtores rurais ao redor, seja a sociedade como um todo.”

Como resultado, o prejuízo econômico estimado é gigantesco. Só no estado de São Paulo, as perdas devem ser de mais de R$ 2 bilhões, de acordo com dados da Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Atividades como criação de gado de corte, de leite, produção de cana-de-açúcar, frutas, etc foram impactadas. Porém, uma vez que a crise ainda não acabou, é possível que os prejuízos sejam ainda maiores.

De acordo com a Confederação Nacional de Municípios (CNM), entre janeiro e setembro deste ano, o prejuízo com queimadas no Brasil foi 33 vezes maior que no ano passado, e foram mais de 11 milhões de pessoas afetadas. Já são mais de 740 municípios que declararam emergência com as queimadas, e o prejuízo soma mais de R$ 1,1 bilhão. Porém, considerando que a estimativa do estado de São Paulo é sozinha maior, o prejuízo deve ser ainda mais significativo.

Além disso, o preço dos alimentos pode subir, uma vez que as condições climáticas estão instáveis para a produção agropecuária. “No caso de subir o preço dos alimentos, a chance de isso acontecer é altíssima. A gente colocou fogo em locais de produção agrícola, e soma isso com a seca, você tem que o investimento para plantar esses alimentos e depois colher vai gerar um retorno menor em toneladas. O que significa que o custo unitário de cada produto vai aumentar, e depois em cima disso se joga uma margem de lucro, e o preço do mercado aumenta. A chance disso acontecer é praticamente 100%”, afirma Godoi.

De acordo com o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa) para a Agência Brasil, 99% dos incêndios feitos até agora têm causa humana. Em relação aos incêndios em São Paulo, está havendo investigação para possível ação criminosa. Quanto às medidas de mitigação aos impactos das queimadas, Godoi afirma que houve uma demora de resposta do Governo, “houve uma letargia em se responder. Para mitigar esses efeitos negativos, a gente precisa primeiro de tudo parar de queimar, e depois teria que ser reflorestado para poder ter biomassa de novo para absorver esse CO₂ que foi emitido”.

Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

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