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Gap automatiza descarregamento de caminhões com robôs

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Entre as muitas tarefas difíceis em um centro de distribuição, descarregar caixas de um trailer é uma das mais difíceis. “Há um risco maior de lesões do que em outras partes do CD, e descarregar era uma função que pouquíssimas pessoas gostavam de fazer”, disse Kevin Kuntz, vice-presidente sênior de Logística e Operações Globais da Gap. “Fica quente dentro de um trailer no verão, frio no inverno, e pesado o tempo todo.”

Parece uma tarefa perfeita para um robô — e foi exatamente isso que a Gap implantou: o robô Stretch, da Boston Dynamics. Esses robôs móveis são equipados com visão computacional, podem se mover em qualquer direção, contornar obstáculos, atravessar rampas e têm o mesmo tamanho de uma palete padrão, o que significa que podem ir a qualquer lugar onde uma palete possa ir.

O robô — que conta com recursos como detecção de etiquetas e reorientação automática para leitura posterior — utiliza um gripper adaptativo à base de vácuo para lidar com uma ampla variedade de formatos e superfícies de embalagens. (Aqui está um vídeo do Stretch em operação.) O Stretch também consegue realizar a coleta de múltiplas caixas ao mesmo tempo.

Os ganhos de produtividade já são impressionantes. O robô permite que a Gap processe 10.000 caixas por dia, tarefa que normalmente exigiria de 12 a 15 pessoas. Agora, um funcionário pode supervisionar as operações de dois robôs Stretch, o que é “muito útil para manter nossas operações de recebimento funcionando sete dias por semana com equipe mínima”, disse Kuntz em entrevista à Retail TouchPoints.

Após testar a tecnologia em sua unidade de Fishkill, Nova York, a Gap conduziu um piloto de um ano no Tennessee, com sucesso. “Agora já implantamos em outros três locais: Ohio, Texas e Califórnia”, disse Kuntz. “Estamos muito animados com os resultados que estamos vendo e planejamos expandir ainda mais no futuro, especialmente à medida que começarmos a testar novas funcionalidades além da descarga, como o uso do Stretch para paletização [empilhar caixas em paletes].”

Robôs para tarefas intensivas e com risco de lesões

A natureza das operações modernas de armazéns exige tecnologia que consiga realizar uma variedade de tarefas, especialmente quando o centro atende às vendas online, que “geralmente significam muito mais pedidos individuais e uma enxurrada de caixas de todos os formatos e tamanhos”, disse Alex Perkins, diretor técnico sênior da Boston Dynamics e principal responsável pelo Stretch, em entrevista à Retail TouchPoints. “Na verdade, o fulfillment online exige cerca de cinco vezes mais mão de obra do que o reabastecimento de lojas físicas. É aí que o Stretch realmente brilha. A agilidade operacional é essencial, já que os armazéns enfrentam cada vez mais variações nas tarefas, tamanhos e pesos de caixas, e nas condições ambientais.”

“Essa é uma das tarefas mais intensas em termos de trabalho e propensas a lesões nos centros de distribuição, então a tecnologia reduz a necessidade de trabalho manual no setor de recebimento — e foi exatamente isso que observamos nas instalações da Gap”, acrescentou Perkins.

Kuntz concorda que o maior risco de lesões para os humanos ao realizarem essas tarefas torna o uso de robôs uma vantagem para a Gap, além de se alinhar à estratégia da empresa “de tornar nosso negócio mais digitalmente habilitado, mas centrado no ser humano.”

“Se você voltasse no tempo [antes de usar o Stretch], veria uma combinação de pessoas descarregando e paletizando produtos, talvez em três ou quatro portas ao mesmo tempo”, contou Kuntz. “Agora, podemos operar dois robôs Stretch com uma pessoa supervisionando a uma distância segura, garantindo que tudo esteja funcionando bem.”

Kuntz também destaca que os robôs não precisam estar fortemente integrados aos vários sistemas de gerenciamento de inventário e armazém utilizados nos CDs da Gap. “Eles literalmente se conectam por wireless a uma esteira que se estende para dentro e fora do trailer”, explicou. “Não precisamos de nenhum suporte técnico do lado da Gap Inc. Foi fácil de implantar, fácil de manter.”

O “fator legal” de trabalhar com robôs

Embora muitas pessoas resistam ao uso de novas tecnologias quando são apresentadas (o famoso “melhor o diabo que você conhece”), Kuntz relatou que os funcionários estão empolgados em trabalhar com os robôs Stretch. “Um dos benefícios intangíveis é o fator ‘cool’”, disse ele. “Você traz uma solução que automatiza [o processo de descarregamento], treina sua equipe atual para operar um robô, iniciar seu funcionamento, supervisioná-lo durante o turno, e depois eles conseguem operar dois robôs. É algo que as equipes estão animadas para fazer hoje em dia, e se orgulham de contar para amigos e familiares que estão operando tecnologia de ponta no trabalho, em vez de apenas mover caixas manualmente. Nem todos os trabalhadores de armazéns estão fazendo isso hoje, mas nossas equipes estão aprendendo novas habilidades.”

O desenvolvimento do robô Stretch foi inspirado pelo robô humanoide Atlas, também da Boston Dynamics. A empresa publicou um vídeo no YouTube mostrando o Atlas movendo caixas entre prateleiras, e “depois de ver o vídeo, uma grande empresa de logística entrou em contato conosco sobre robôs para descarregar caminhões”, contou Perkins. “Criamos o Stretch com o objetivo de resolver um problema logístico específico, porém muito comum — descarregar remessas recebidas de forma rápida, confiável e segura. Mas, durante o design, também tomamos o cuidado de considerar outras aplicações, como paletização e montagem de pedidos.”

Além da Gap, os robôs Stretch — lançados comercialmente em 2022 — já foram adotados por empresas de varejo e logística como Otto Group, DHL, Maersk e H&M. A Boston Dynamics segue melhorando a tecnologia “com base nas demandas dos clientes, desde a mistura de caixas até as configurações dos trailers e os requisitos de produtividade; é por isso que criamos a coleta de múltiplas caixas”, explicou Perkins.

Embora os robôs Stretch estejam se tornando cada vez mais populares, ainda precisam alcançar o sucesso do robô quadrúpede Spot, também da Boston Dynamics. Esses robôs com formato de cachorro podem subir escadas, atravessar terrenos acidentados e são pequenos o suficiente para acessar locais perigosos ou de difícil alcance. O Spot pode ser operado remotamente e realizar sensoriamento autônomo em diversos setores. Mais de 1.500 unidades do Spot já estão “no mundo, executando uma série de tarefas — desde coletar dados de equipamentos em instalações industriais até criar gêmeos digitais em canteiros de obras e ajudar equipes de resgate a avaliarem situações potencialmente perigosas com segurança”, afirmou Perkins.

Imagem: Divulgação
Informações: Adam Blair para Retail TouchPoints
Tradução livre: Central do Varejo

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