Connect with us

Operação

Americanas ainda tem rombo milionário, mas diminuiu dívidas

A Americanas registrou um prejuízo de R$ 4,6 bilhões nos nove primeiros meses de 2023, resultado 23,5% menor que no ano anterior

Published

on

Em recuperação judicial desde janeiro de 2023, a Americanas registrou um prejuízo líquido de R$ 4,6 bilhões nos nove primeiros meses de 2023, segundo balanço divulgado nesta segunda (26/2) pela empresa. O resultado representa uma diminuição de 23,5% nas dívidas em relação ao mesmo período do ano anterior, quando somavam R$ 6,027 bilhões.

Segundo o advogado tributarista e empresarial, sócio da RMS Advogados, Leonardo Roesler, embora esse decréscimo represente uma melhoria, ele não muda a gravidade da crise enfrentada pela varejista. “A redução do prejuízo, em termos absolutos, pode ser interpretada como um indício de que a Americanas está conseguindo implementar medidas de contenção de danos e reestruturação. Contudo, a magnitude do prejuízo remanescente ressalta que a empresa ainda está longe de alcançar uma estabilidade financeira. A crise, portanto, persiste, e a recuperação plena permanece incerta”, avalia o especialista.

Ainda, o balanço revela outros indicadores “preocupantes”, de acordo com Roesler, como a significativa queda de 45% na receita líquida e a redução de 51,1% no volume bruto de mercadorias (GMV). “Esses dados evidenciam uma contração expressiva nas operações comerciais da empresa, o que pode comprometer ainda mais sua capacidade de geração de receitas no médio e longo prazo”, acrescenta ele.

Além disso, ele alerta que o aumento de 10,6% no endividamento líquido, atingindo R$ 33,443 bilhões, dentro de um contexto de diminuição de receitas, “eleva o risco de insolvência e exacerba a pressão sobre a liquidez da companhia. A gestão dessa dívida, portanto, será um desafio crucial para a sustentabilidade financeira da Americanas”.

O balanço também mostra que a varejista sofreu um grande baque nos negócios online. O volume bruto de mercadorias das lojas físicas (no jargão, Gross Merchandise Volume, GMV), um importante indicador de vendas, foi de R$ 9,3 bilhões, com uma queda de 4,4%, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Para Leonardo Roesler, esse resultado é consequência de fatores como a crise financeira e de credibilidade enfrentada pela empresa, o cenário econômico de instabilidade e retração de consumo, a intensificação da concorrência no setor de comércio eletrônico, e as mudanças dos hábitos de consumo dos clientes.

Americanas: pontos positivos

Apesar de ainda estar em processo de recuperação, a companhia destacou no documento de divulgação do balanço que o resultado financeiro consolidado nos nove meses de 2023 foi negativo em R$ 2,2 bilhões, o que representa uma melhora de 45,7% quando comparado aos R$ 4 bilhões negativos em 2022.

“O endividamento da companhia também se manteve estável, ainda em patamares altos, mas com tendência de relevante redução uma vez que tenha início a execução do Plano de Recuperação Judicial”, afirmou a empresa, em nota que acompanha o balanço.

Desde o início da execução do Plano de Recuperação Judicial, a Americanas tem buscado implementar medidas para a melhoria de sua estrutura de endividamento, como a renegociação das dívidas com os credores, a busca por novas fontes de financiamento, a captação de recursos para fortalecer o caixa da empresa, e a otimização de sua estrutura de capital.

“A recuperação efetiva no endividamento da Americanas dependerá da implementação bem-sucedida do Plano de Recuperação Judicial e da capacidade da empresa de retomar um crescimento sustentável. Apesar dos sinais de melhoria, os desafios são significativos e demandam uma gestão rigorosa e estratégica para a superação dessa conjuntura adversa”, conclui Leonardo Roesler.

Fachada das lojas Americanas

Imagem: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Continue Reading
Click to comment

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *