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Americanas deve aprovar plano de recuperação judicial nesta terça

Espera-se que varejista receba um aporte de R$ 24 bi

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Entrada de uma loja da Americanas. Conceito de marketplace

A Americanas, quase um ano após divulgar um déficit de mais de R$ 20 bilhões decorrente de fraudes contábeis, se prepara para a assembleia geral de credores (AGC) visando a aprovação do seu plano de recuperação judicial. Com um aporte previsto de R$ 24 bilhões, dividido entre seus principais acionistas e os bancos credores, a empresa avança com apoio substancial.

Nesta segunda-feira (18), a varejista anunciou formalmente a adesão ao plano pelo banco Safra, fundos gerenciados pela BTG Pactual Asset e pela Oliveira Trust, agente fiduciário de uma de suas emissões de debêntures. Com isso, a empresa chega à AGC, marcada para esta terça (19), respaldada por detentores que representam pelo menos 57% de suas dívidas. Espera-se a adesão de outros credores, como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.

Apesar da tentativa do Safra de suspender a assembleia judicialmente, argumentando manipulações no acordo entre a Americanas e os credores, o pedido foi negado, resultando na adesão do banco ao acordo. O Safra, detentor de R$ 2,5 bilhões a receber, figura como um dos principais credores no processo.

Para a aprovação do plano de recuperação judicial, a Americanas necessita do consentimento da maioria dos credores em volume de créditos e também da maioria simples dos credores presentes na AGC. Fontes próximas ao processo indicam alta probabilidade de sucesso da empresa em obter ambas as maiorias, encerrando 2023 com o plano de recuperação aprovado.

O Bradesco, maior credor da rede varejista, expressa confiança na aprovação do plano de recuperação judicial. “Acreditamos na aprovação, o que reflete positivamente para trabalhadores, fornecedores e credores ao longo do tempo”, afirmou Marcelo Noronha, presidente do banco, com cerca de R$ 5 bilhões a receber.

Os bancos credores converterão R$ 12 bilhões em dívidas da empresa em ações, proporcionalmente à participação de cada um na dívida. Noronha esclarece que os bancos não devem envolver-se em instâncias como o conselho de administração da varejista, por não ser um investimento estratégico. “Os acionistas de referência devem deter mais de 50%”, acrescentou.

A jornada para alcançar o acordo que atraiu adesões dos grandes credores foi marcada por extensas negociações e atrasos significativos. O aporte de R$ 12 bilhões dos acionistas majoritários da Americanas — Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira — é o dobro do inicialmente proposto em janeiro. Esse valor aumentou após uma intensa negociação com os bancos credores.

No início, as instituições rejeitaram a ideia de converter dívidas em ações, considerando a capitalização proposta pelos três sócios, inicialmente de R$ 6 bilhões, como insuficiente frente às necessidades da empresa. Paralelamente, alguns bancos acionaram judicialmente garantias contra a Americanas. À medida que a negociação progrediu e o aporte proposto pelos três aumentou, as ações judiciais foram suspensas.

Os R$ 12 bilhões foram propostos em outubro, com os empresários concordando em aportar imediatamente na empresa R$ 2 bilhões que anteriormente seriam disponibilizados no futuro, se necessário. Esse passo foi crucial para destravar as negociações. No entanto, o acordo sofreu atrasos: previsto para o primeiro semestre, os credores só assinaram após a Americanas publicar, em novembro, seu balanço auditado de 2022, adiado quatro vezes.

O déficit da companhia totalizou R$ 25,2 bilhões, com um prejuízo de R$ 12,9 bilhões no ano anterior. Os números dos primeiros nove meses de 2023 devem ser divulgados até o final de dezembro.

Entrada de uma loja da Americanas, em recuperação judicial

Imagem: Divulgação

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