Operação
Brasil atinge mais de 22 mil fusões e aquisições em 30 anos

O Brasil contabilizou 22.257 operações de fusões e aquisições entre 1994 e 2024, com uma Taxa de Crescimento Anual Composta (CAGR) de 8% ao longo do período. Os dados fazem parte da pesquisa trimestral da KPMG, que há 30 anos acompanha esse mercado com empresas de diversos setores da economia brasileira. A publicação reúne 120 edições consecutivas com dados consolidados sobre o tema.
O menor número de transações foi registrado em 1994, com 175 operações. O maior volume foi observado em 2021, com 1.963. Entre os setores com maior número de transações ao longo das três décadas estão: Tecnologia da Informação (3.201), Empresas de Internet (3.052), Alimentos, Bebidas e Fumo (1.307), Instituições Financeiras (1.235) e Serviços para Empresas (1.090).
A KPMG também destacou momentos de mudança no volume de transações ao longo do período. Em 2007, foi ultrapassada a marca de 500 operações, em um cenário de crescimento econômico. Em 2019, o volume superou 1.000 transações, movimento impulsionado pela redução da taxa de juros. Dois anos depois, em 2021, o número superou 1.500, acompanhando um cenário de otimismo após os primeiros impactos da pandemia.
“Durante o desenvolvimento desse mercado, o Brasil também foi registrando eventos econômicos relevantes. Nos anos 1990, com a estabilização monetária, houve um aumento de 174 transações em 1994 para 372 em 1997. Após uma queda de volume no início dos anos 2000, houve uma recuperação em 2007, com 699 operações realizadas acompanhando o forte crescimento econômico. Em 2009 as transações caíram para 454 com a crise financeira. A recuperação veio com 726 operações em 2010 e 818 em 2014. Em 2015, redução para 773, com alta para 830 em 2017 após reformas econômicas”, afirmou Paulo Guilherme Coimbra, sócio-líder de Fusões e Aquisições da KPMG no Brasil.
A pesquisa também analisou o perfil das operações. Até 2017, as transações cross-border (com participação de compradores estrangeiros) superavam as domésticas. A partir de 2018, as operações entre empresas brasileiras passaram a ser maioria. A mudança é atribuída à queda da taxa de juros e à melhora do ambiente de negócios, que favoreceram a expansão de empresas locais e o aumento das rodadas de investimento em startups. Esse movimento se intensificou a partir de 2021 e se manteve nos anos seguintes.
O avanço da digitalização também teve impacto relevante, especialmente nos setores de Tecnologia da Informação e Empresas de Internet. O crescimento nesses segmentos foi impulsionado pela digitalização dos negócios e por transformações trazidas por startups e aplicativos. As Empresas de Internet passaram a ser incluídas na pesquisa da KPMG a partir de 2011.
Em termos geográficos, a maior parte das transações nos últimos 20 anos se concentrou em cinco estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná. Juntos, esses estados representaram 80% do total. São Paulo lidera com mais de 10.000 operações no período, resultado atribuído à concentração de polos tecnológicos e à presença significativa de empresas na capital.
“A pandemia também influenciou o mercado de fusões e aquisições. O recorde de transações ocorreu em 2021, com 1.963 operações. Nos últimos anos, de 2022 a 2024, houve uma desaceleração como reflexo da instabilidade econômica e da política global, com 1.728 transações em 2022 e 1.505 em 2023, e relativa estabilidade em 2024, quando foram registradas 1.582 operações”, acrescentou Coimbra.
Imagem: Envato