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Comércio varejista tem queda nas vendas em agosto, aponta Índice da Stone

As vendas do comércio varejista brasileiro recuaram 1,5% em agosto na comparação com julho, segundo o Índice do Varejo Stone (IVS), divulgado nesta semana. Em relação a agosto de 2024, a retração foi de 3,3%.
De acordo com Guilherme Freitas, economista e cientista de dados da Stone, “a queda nas vendas de agosto evidencia o enfraquecimento do comércio varejista, em linha com sinais mais claros de desaceleração da economia”. Ele afirmou ainda que “o mercado de trabalho vem perdendo dinamismo, com admissões crescendo em ritmo menor do que o de desligamentos, ao mesmo tempo em que o elevado comprometimento da renda das famílias com dívidas continua restringindo o consumo”. Segundo Freitas, apesar da moderação da inflação, esse movimento ocorre mais pela “perda de fôlego da atividade” do que por mudanças estruturais.
“O resultado negativo deste mês reforça a percepção de que a economia brasileira segue em processo de acomodação, e não de retomada. A continuidade dessa trajetória dependerá da evolução do mercado de trabalho e, principalmente, do mercado de crédito, que, com taxas de juros reais elevadas, tem sido um limitador da demanda interna”, completou o economista.
Desempenho por segmento
Na comparação mensal, sete dos oito segmentos do comércio varejista monitorados apresentaram retração em agosto. O único crescimento foi registrado pelo setor de Hipermercados, Supermercados, Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo, com alta de 1,7%.
As maiores quedas foram verificadas nos segmentos de Material de Construção (4,3%) e Livros, Jornais, Revistas e Papelaria (3,6%). Também apresentaram retração os setores de Combustíveis e Lubrificantes (1%), Artigos Farmacêuticos e Outros Artigos de Uso Pessoal e Doméstico (0,7%) e Tecidos, Vestuário e Calçados e Móveis e Eletrodomésticos (ambos com queda de 0,3%).
No comparativo anual, todos os oito segmentos analisados registraram desempenho negativo. O setor de Livros, Jornais, Revistas e Papelaria apresentou a maior queda (6,8%), seguido por Móveis e Eletrodomésticos (6,7%), Material de Construção (5%), Outros Artigos de Uso Pessoal e Doméstico (3,1%), Tecidos, Vestuário e Calçados (2,1%), Artigos Farmacêuticos (1,9%), Hipermercados, Supermercados, Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo (1,1%) e Combustíveis e Lubrificantes (0,5%).
Desempenho por região
No recorte regional, apenas seis unidades da federação apresentaram crescimento nas vendas no comparativo anual: Amapá (3,2%), Tocantins (1,9%), Mato Grosso (1,7%), Pará (0,7%), São Paulo (0,6%) e Roraima (0,5%).
As demais apresentaram retração, com destaque para o Rio Grande do Sul, que registrou a maior queda (7,1%), seguido por Rio Grande do Norte (6,4%), Sergipe (5,9%), Santa Catarina (5,4%), Alagoas (5,3%), Paraíba (4,7%), Pernambuco (4,6%), Rondônia (4%), Goiás (3,9%), Mato Grosso do Sul (3,4%), Paraná (2,7%), Amazonas (2,6%), Rio de Janeiro (2,2%), Bahia (2,1%), Espírito Santo (1,9%), Distrito Federal (1,7%), Acre (1,6%), Minas Gerais (1,1%), Maranhão, Piauí e Ceará (0,9%).
“O Norte se destacou novamente, com quatro dos seis estados apresentando crescimento no comparativo mensal, indicando que a atividade varejista segue mais aquecida na região. O Sudeste teve comportamento misto, com pequenas altas e quedas, enquanto o Centro-Oeste registrou desempenho negativo em dois dos três estados, mais o Distrito Federal, como a única exceção de Mato Grosso, refletindo menor dinamismo. Já as regiões Sul e Nordeste apresentaram queda generalizada, com os estados registrando as maiores retrações do país, evidenciando que o ambiente econômico ainda segue desafiador nessas localidades”, afirmou Freitas.
Imagem: Freepik