Franchising

Como Giraffas e Bibi Calçados construíram marcas longevas sem perder a essência

Publicado

on

Giraffas e Bibi Calçados

Com a plateia lotada, o painel “Histórias que Inspiram: A Força da Perenidade”, mediado por Juarez Leão, Membro do Conselho ABF, trouxe ao palco dois cases emblemáticos do varejo nacional: Giraffas e Bibi Calçados, exemplos vivos de como manter relevância por décadas sem abrir mão da essência da marca.

Giraffas: Quatro décadas de reinvenção com sabor de comida de verdade

Fundada no final da década de 1980, o Giraffas nasceu da paixão do seu criador por restaurantes. Desde a infância, o empreendedor já buscava oportunidades no setor de alimentação – o que começou com a venda de churrasquinhos se transformou em uma das maiores redes de fast-food do Brasil, com mais de 400 unidades, atendendo cerca de 26 milhões de clientes por ano e um faturamento anual que supera R$ 1 bilhão.

Claudio Miccieli, um dos fundadores, relembrou os momentos críticos: “Na década de 80, com inflação descontrolada e moedas trocando constantemente, quase quebramos.” A virada veio quando, após testar diversos formatos – de pizza a crepes – a marca descobriu a força do prato feito (PF), com receitas caseiras desenvolvidas com ajuda da própria família.

Ao longo dos anos, a rede passou por várias transformações estratégicas, incluindo:

  • Ampliação do horário de atendimento

  • Lançamento de novos cardápios

  • Entrada no franchising em 1991 (quando o setor ainda dava seus primeiros passos no Brasil)

  • Forte investimento em tecnologia, com destaque para o uso de totens de autoatendimento, que já respondem por mais de 50% das vendas

“A inovação é constante, mas a essência da marca – ser a rede da comida de verdade – nunca mudou”, ressaltou Claudio.

Outro destaque da gestão é a escuta ativa dos franqueados: o Giraffas mantém contato próximo com os mais de 200 franqueados da rede, incluindo a primeira franqueada, que permanece no sistema após mais de 30 anos, hoje como multifranqueada.

Bibi Calçados: Sucessão familiar e reinvenção ao longo de 75 anos

giraffas e bibi calçados

Já a Bibi Calçados, fundada em 1949, é um exemplo de como uma empresa familiar pode atravessar gerações com planejamento e governança. Representando a terceira geração da família, Andrea Kohlrausch, atual presidente da marca, compartilhou os marcos mais importantes dessa trajetória.

Pioneira ao focar exclusivamente em calçados infantis, a Bibi produz 100% de seus produtos no Brasil, com duas unidades fabris (no RS e na BA), mais de 1.150 colaboradores diretos e uma produção superior a 2,6 milhões de pares por ano.

Entre os grandes saltos estratégicos, destacam-se:

  • A entrada no varejo por franquias em 2008, tornando-se a maior rede de calçados infantis da América Latina, com mais de 150 lojas próprias e franqueadas, além de presença em 23 lojas na América Latina.

  • A adoção de um modelo de governança robusto, com conselho de família e conselho consultivo, implementado há 12 anos para garantir uma sucessão bem estruturada.

  • A constante renovação de marca, incluindo a evolução do logotipo e a modernização dos canais de venda, com forte atuação no e-commerce e foco omnichannel.

“Temos que ser curiosos, antecipar desejos e ser propositivos. O consumidor nem sempre sabe o que quer, mas espera ser surpreendido”, destacou Andrea.

A presidente da Bibi também relembrou momentos difíceis, como os desafios da hiperinflação na década de 80 e a transição para um processo fabril mais ágil. Outro exemplo de reinvenção foi o recente relançamento do Skatenis, sucesso nos anos 2000, agora adaptado ao novo perfil de consumo, buscando estimular o movimento físico das crianças em tempos de excesso de telas.

Essência forte, escuta ativa e capacidade de adaptação

Apesar das diferenças de segmento, os dois cases compartilharam lições em comum:

  • Preservação da essência da marca;
  • Capacidade de adaptação aos novos tempos;
  • Escuta ativa de clientes e franqueados;
  • Governança bem estruturada (no caso da Bibi);
  • Inovação com propósito, sem perder a identidade.

Como sintetizou Juarez Leão: “Marcas perenes não são aquelas que resistem às mudanças, mas aquelas que conseguem evoluir mantendo viva a sua essência.”


Imagens e informações: (*) Patricia Cotti – Ganhadora do Digital Transformation Awards, Sócia Diretora da Goakira, Diretora de Pesquisa do IBEVAR, Colunista Central do Varejo, Professora dos MBAs da FIA, ESPM, ESECOM, USP.

Continue Reading
Comente aqui

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *