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Como se tornar empreendedor mesmo dentro de uma empresa?
O empreendedorismo é algo que vem crescendo ano a ano, à medida que a sociedade vai entendendo que o modelo proveniente da agricultura, que se atualizou para era industrial, hoje já não são as únicas opções para buscar remuneração e manutenção da subsistência humana. Cada vez mais, com crescimento da tecnologia e interações à distância, novas frentes e oportunidades de remuneração são identificadas, e o “trabalho” tradicional, empregado com carteira assinada, com horário e controle de jornada, são cada vez menos frequentes.
Influencers, youtubers, motoristas de aplicativos, desenvolvedores, criadores de conteúdo, social medias, gamers, o e-commerce ou social selling, são novas formas de “trabalho” e remuneração que estão ligados a sua própria disposição e conhecimento na busca por se tornar financeiramente independente.
As pessoas têm perfis e objetivos bem diferentes entre si. Alguns buscam a máxima segurança possível, onde passar em um concurso público é um objetivo de vida, por exemplo, mesmo que limitado a remunerações e desenvolvimento pessoal. Outros estudam e crescem sonhando em trabalhar em uma grande empresa, uma multinacional, fazer carreira e se tornar um Executivo. Para muitos, basta um emprego relativamente estável, que dê para pagar as contas e um dinheiro para viajar uma vez por ano, está dentro das expectativas.
Temos então os empreendedores tradicionais, que se dividem em 3 grupos:
- Empreendedor moderado – Esse geralmente quer ter um negócio próprio, mas não sabe por onde começar, tem receio de não dar certo, muitas vezes recursos limitados, então busca investir em franquias ou modelos formatados e testados, como licenciamento;
- Empreendedor médio – Esse perfil quer ter seu próprio negócio, mas gostaria de investir em algum segmento que tem visto crescer ou já observa outros tendo sucesso com tal negócio, ou seja, um segmento ou modelo que está sendo observado e crescendo onde ele pode acompanhar e até mesmo tentar “copiar” para abrir seu próprio negócio;
- Empreendedor arrojado – É aquele que tem ideias inovadoras e mesmo trabalhando em alguma empresa, está sempre pensando em como vai deixar aquele “emprego” e transformar a sua idéia em um negócio próprio e promissor.
Vamos ao conceito de empreendedor corporativo:
O empreendedorismo corporativo, também conhecido como intraempreendedorismo, é a prática de desenvolver um novo negócio dentro de uma empresa já estabelecida.
O empreendedorismo corporativo pode trazer vários benefícios para a empresa, como:
- Inovação
- Crescimento
- Manutenção da posição de mercado
- Aumento da produtividade
- Aumento da eficiência
- Solução de problemas
Mas o que significa empreendedorismo, no dicionário, afinal?
- disposição ou capacidade de idealizar, coordenar e realizar projetos, serviços, negócios.
- iniciativa de implementar novos negócios ou mudanças em empresas já existentes, ger. com alterações que envolvem inovação e riscos
Portanto, de acordo com a definição teórica acima, empreender não significa abrir uma empresa, um negócio ou uma franquia.
Empreender tem a ver com atitude, postura, propósito, entendimento do papel de uma pessoa em mundo colaborativo e conectado, em que as pessoas precisam de equipes e projetos que possam fazer diferença na sua área, no seu departamento, na sua empresa, cidade, ou até mesmo no mundo.
O ideal para que as pessoas possam desenvolver espírito empreendedor dentro de uma corporação, tem relação com a EMPATIA, ou seja, a capacidade que as pessoas precisam desenvolver para se colocar no lugar de outras.
É importante que os colaboradores entendam todos os desafios que as empresas enfrentam para serem criadas, mantidas e até mesmo sejam perpetuadas, em especial no Brasil, saber que não é fácil manter uma empresa sólida e com sucesso por muito tempo, pois temos muitas mudanças e crises internas e externas frequentes que nos afetam.
Conseguindo se colocar no lugar dos “donos” das empresas, os colaboradores podem conseguir desenvolver a chamada “visão de dono”, que tem muito a ver com a empatia, e o entendimento de como é difícil empreender no Brasil. Se tenho “visão de dono”, tomarei decisões mais assertivas e conscientes e certamente contribuirei e muito para o desenvolvimento positivo da empresa.
Eu, particularmente, atuo ou atuei como executivo, franqueador e franqueado. Majoritariamente minha carreira foi corporativa, atuando em muitas empresas, e lidando com muitos “Donos”. Vou confidenciar que, sempre achei e comentava com todos que acreditava que “visão de dono” era uma de minhas principais competências, e reforçava isso em entrevistas, currículo, etc. De fato, sempre tive um cuidado para fazer um trabalho bem feito, cumprir as metas, desenvolver pessoas, desenhar projetos, mas principalmente, executar o que foi planejado, com êxito. Nem sempre consegui, mas o objetivo sempre foi assertivo, e atuava sempre com muito comprometimento, confiança , honestidade e valores que aprecio.
Confesso também, que nem sempre tive a “empatia” que precisava para me colocar no lugar de quem tomava as decisões, que muitas vezes eu julgava equivocada, mas nem sempre alertei sobre tal fato, afinal, eu não era o “dono”.
Com cerca de 8 anos atuando em empresas como “empregado”, fui empreender e abrir meu primeiro negócio. Durou incríveis 8 meses, tivemos todos os tipos de percalços possíveis, falta de caixa, de investimento, de conhecimento e, pra piorar, ainda fomos assaltados e tivemos processo trabalhista na sequencia. Sim, o negócio faliu, eu falhei.
E lá vamos nós de novo, voltar ao mercado de trabalho, mas dessa vez, a Empatia se fazia muito presente , e a “Visão de Dono” aflorou. Desde então , tendo passado pela experiencia de ser “dono” de negócio, consegui me colocar no lugar dos empresários desse país, e de fato entender os desafios relacionados ao tema.
Desde então desenvolvi diversos projetos em empresas como executivo, voltei a empreender, fui franqueador, franqueado, e entendendo cada vez mais que a cultura do Empreendedorismo não está relacionada somente a quem abre um negócio, mas sim algo que pode fazer parte do espírito de qualquer pessoa.
Empreender, amigos, não tem somente a ver com abrir um negócio ou uma empresa. Mesmo estando trabalhando para alguém, ou em alguma empresa, você pode ser empreendedor. E como? Tendo a Empatia de se colocar no lugar da liderança. e tomar decisões como se de fato fosse “dono” , ponderando todos os impactos de suas ações e decisões.
O Empowerment, ou “poder para agir” é importante no mundo corporativo, para que um colaborador possa ser um empreendedor, mesmo dentro de uma corporação. Isso vai ajudá-lo na carreira, bem como pode prepará-lo pra o momento que vier de fato, a abrir uma empresa ou seu próprio negócio.
A mensagem que eu deixo é essa. Seja empreendedor mesmo trabalhando em empresas, tenha empatia, que isso vai te levar mais longe e ajudá-lo no seu próprio desenvolvimento pessoal. Seja o “colaborador” que você gostaria de “empregar” , ou seja, faça aquilo que você gostaria que fizessem por você, seja empático, e será mais feliz no trabalho, inclusive.
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Imagens: Ivan Ferreira
*Ivan Ferreira é COO da Holding de franquias Japp, de João Appolinário, com as marcas de franquias Decor Colors, Polishop, Mega Studio, Wise Home e outras. É consultor de franquias e varejo com MBA de franquias da FIA/ABF, além de especialista em análise de franqueabilidade e canais, formatação e gestão. Master Franqueado de uma rede de açaí, também já contribuiu com os Comitês de BI, Moda, Food Service e Expansão da ABF.