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Economia

Depois de sucessivos adiamentos, Americanas divulga balanço

Após adiar quatro vezes a divulgação, varejista divulga balanço, que não foi aprovado por auditoria

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Entrada de uma loja da Americanas. Conceito de marketplace

A Americanas revelou, nesta quinta-feira, (16) seu balanço de 2022, onze meses após um dos maiores escândalos contábeis do país. Registrando um prejuízo de R$ 12,9 bilhões, após as perdas de R$ 6,23 bi em 2021, e uma dívida líquida de R$ 26,2 bi (um salto de 85% em um ano), a empresa admitiu um rombo de R$ 25,2 bilhões decorrente de fraudes. O balanço foi divulgado após quatro adiamentos e não recebeu o aval da BDO RCS, a empresa de auditoria contratada pela Americanas para analisar seus números.

A auditoria, em seu relatório acompanhando os resultados, declarou que diante da “incerteza relevante sobre a continuidade operacional” da varejista, em recuperação judicial desde janeiro, “os auditores não têm outra opção senão se abster de opinar enquanto a empresa não aprovar seu plano de recuperação”. Além disso, a Americanas enfrenta processos na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e investigações do Ministério Público Federal.

Em uma apresentação detalhada, a Americanas reconstruiu as fraudes realizadas através do “risco sacado”, um tipo de empréstimo com bancos. A empresa concluiu que foi vítima de uma “fraude sofisticada, baseada na manipulação dolosa de seus controles internos pela antiga gestão”, que nega qualquer responsabilidade pelo rombo financeiro.

O CEO da varejista, Leonardo Coelho, acusou a antiga diretoria de “manipulação dolosa”, destacando que isso não estava relacionado ao desempenho, mas ao caráter daqueles que deveriam defender a Americanas. Apesar da recusa dos auditores, o conselho fiscal aprovou as demonstrações financeiras, enfatizando que, como o plano de recuperação ainda não foi aprovado, a abstenção da empresa de auditoria era esperada.

A diretora financeira da Americanas, Camille Faria, assegurou que os números publicados foram auditados, apesar da abstenção de opinião estar ligada à situação de recuperação judicial da empresa.

Esses balanços são cruciais para os credores decidirem sobre as condições propostas para a recuperação da companhia. O último balanço divulgado pela Americanas, referente ao terceiro trimestre de 2022, reportou perdas de R$ 447 milhões em nove meses, seis vezes mais que no mesmo período de 2021.

O endividamento, em setembro do ano passado, era de R$ 5,3 bilhões, um número quase cinco vezes menor do que o revelado agora para todo o ano de 2022.

O lucro antes do pagamento de juros e impostos (EBITDA) foi negativo em R$ 2,9 bilhões em 2022, enquanto a empresa encerrou o ano com R$ 2,5 bilhões em caixa. A receita líquida cresceu 14,6% em um ano, alcançando R$ 25,8 bilhões.

Agora, a direção foca em alcançar um acordo com os credores para salvar a varejista, considerando esses números essenciais para avaliar a viabilidade operacional da empresa. Após o escândalo de janeiro, a publicação do balanço de 2022 foi adiada diversas vezes, enquanto a Americanas mudou seus auditores e optou por não revisar os balanços anteriores a 2021.

Para contornar os impactos da fraude, a nova gestão planeja um novo plano de cargos e salários mais alinhado ao varejo, além de redesenhar a remuneração variável dos executivos. A equipe se concentrará nos balanços de 2023, com a intenção de divulgá-los até o final do ano, incluindo a reapresentação dos resultados trimestrais de 2022 para uma avaliação mais detalhada dos efeitos da fraude nas operações.

Entrada de uma loja da Americanas

Imagem: Divulgação

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