Inovação
‘Consciência sobre orgânicos é mais importante que indústria do medo’
Em conversa com a Central do Varejo, diretor da Organis falou sobre o crescimento do mercado de produtos orgânicos no país
Nos últimos anos, temos presenciado um expressivo crescimento na demanda por alimentos orgânicos no Brasil. Segundo dados do estudo Panorama do consumo de orgânicos no Brasil 2021, realizado pela Organis em parceria com as empresas Brain e UnirOrgânicos, 31% da população brasileira havia consumido esses itens nos 30 dias anteriores à pesquisa, o que representa um crescimento de 106% quando comparado com o ano de 2017.
De acordo com Cobi Cruz, diretor da Associação de Promoção dos Orgânicos (Organis), a percepção sobre esse tipo de produto tem se expandido junto ao consumidor, deixando para trás a ideia de que se restringe apenas a produtos in natura.
“Cada vez mais, surgem marcas com embalagens atrativas e produtos práticos, inclusive direcionados, não só para adultos, mas para crianças e bebês. A Organis trabalha para garantir que toda a cadeia produtiva seja valorizada, desde o campo até o consumidor final, promovendo a qualidade e a sustentabilidade”, conta em entrevista exclusiva à Central do Varejo.
Cruz ainda destaca a importância da coerência ao longo de toda a cadeia, envolvendo preocupações com a pegada de carbono e a destinação adequada de embalagens. Para ele, a valorização do orgânico também se estende à brasilidade e à conexão com comunidades locais, como a produção com ribeirinhos na Amazônia, por exemplo.
Por isso, o diretor considera essencial manter a essência orgânica e evitar confusões com outras bandeiras ou apelos comerciais. Ele reconhece que nem todas as empresas são completamente coerentes com a proposta orgânica, mas espera que a conscientização e a valorização continuem crescendo para promover um setor mais engajado e responsável.
O diretor falou também sobre as maiores motivações dos consumidores para a busca por produtos orgânicos. Atualmente, questões individuais de saúde têm sido as molas propulsoras dessa procura, o que Cobi classifica como “não tão bom”. “Queremos vender mais consciência do que a indústria do medo, porque isso pode ter um efeito rebote quando passa o susto. Por outro lado, faz com que muitas pessoas se abram mais para receber notícias e informações e, consequentemente, passem a consumir mais”, finaliza.
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