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Comportamento

Economia do consumo superou as expectativas em 2023

Pesquisa IPC Maps apontou crescimento de 3,1% no consumo brasileiro, movimentando aproximadamente R$ 6,9 trilhões no ano passado

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experiência de compras na loja física

De acordo com o IPC Maps 2023, o consumo das famílias movimentou cerca de R$ 6,9 trilhões ao longo de 2023 no Brasil, o que representou um aumento real de 3,1% em relação a 2022, a uma taxa positiva de 2,9% do PIB. Esses resultados foram maiores que o esperado, ultrapassando as expectativas iniciais do mercado.

Segundo Marcos Pazzini, sócio da IPC Marketing Editora e responsável pela pesquisa, mesmo superando a previsão inicial, a movimentação ainda foi baixa em comparação ao incremento de 4,3% que fora verificado em 2022, quando a economia se reerguia dos reflexos negativos da pandemia, somado aos repasses de valores significativos, por meio de programas como o Auxílio Brasil. “As benesses do então Governo Federal deixaram um saldo negativo ao atual, sem condições financeiras naquele momento, de puxar o progresso econômico por meio do consumo das famílias, principalmente aquelas de baixa renda”, avalia.

Consumo nas capitais e interiores

O trabalho reforçou, ainda, a tendência de queda na participação das capitais no mercado consumidor (de 29,07% em 2022 para 27,95% em 2023), como ocorreu nos últimos anos. Esse número reforça a percepção de um movimento dos comércios para regiões interioranas. Com um leve declínio, o interior ficou com 54,8% da fatia, enquanto as regiões metropolitanas, em ascensão, responderam por 45,2% do cenário nacional. 

Pazzini lembra que, de 2022 para 2023, a quantidade de empresas subiu 3,5% no interior e 6,7% nas capitais e regiões metropolitanas, contra 5% da média nacional. “Esse cenário pôde ser explicado pelo home office, pois, mesmo que a empresa funcionasse em grandes centros, ela não necessitava mais de grandes áreas de escritórios. Aliado a isso, houve uma oferta maior de imóveis corporativos para locação, com preços inferiores aos praticados antes da pandemia”, justificou.

Perfil básico de consumo

Com números atualizados pelos primeiros resultados do Censo de 2022, a IPC Maps estima que o Brasil possuía, em 2023, cerca de 204,3 milhões de cidadãos. Destes, 173,2 milhões moravam na área urbana e foram responsáveis pelo consumo per capita de R$ 36,7 mil, contra R$ 16,3 mil gastos pela população rural. Na área rural, o montante de potencial de consumo chegou a R$ 507,2 bilhões (7,4% do total).

Tradicionalmente, a classe B2 liderou o panorama econômico, representando cerca de R$ 1,6 trilhão dos gastos. Junto à B1, pertenciam a 21,8% dos domicílios, assumindo 42,3% (quase R$ 2,7 trilhões) de tudo o que foi desembolsado pelas famílias brasileiras. Presentes em quase metade das residências (47,8%), C1 e C2 totalizaram R$ 2,1 trilhões (33,1%) dos recursos gastos. Já o grupo D/E, que ocupava 27,8% das moradias, consumiu cerca de R$ 635,4 bilhões (10%). Embora em menor quantidade (apenas 2,6% das famílias), a classe A ampliou sua movimentação para R$ 931,6 bilhões (14,6%), distanciando-se dos menos favorecidos.

Cenário Regional

O Sudeste seguiu liderando o ranking das regiões, tendo respondido por 49% do consumo nacional. O Sul teve representatividade de 18,6%, o Nordeste de 17,9%, o Centro-Oeste aumentou sua fatia para 8,6%, e por último, a Região Norte, que diminuiu sua participação para 5,9%.

A Região Sul recuperou sua tradicional vice-liderança e ultrapassou o Nordeste no ranking de consumo entre as regiões brasileiras. “Enquanto a média nacional da evolução nominal do potencial de consumo foi de 9,9%, no Sul esse número foi de 13,7%, graças ao desempenho das classes A, B1 e B2 que apresentaram uma elevação de, respectivamente, 24,1%, 19,0% e 25,2%”, explicou o pesquisador.

Em relação à quantidade de empresas por habitantes, Sul e Sudeste levaram vantagem com, respectivamente, 136,06 e 134,75 empresas por mil habitantes. Em seguida, veio o Centro-Oeste com 113,18 e, bem abaixo da média, estavam as regiões Nordeste, com 66,84, e Norte, com apenas 59,74 empresas/mil habitantes.

Maiores municípios para o consumo

O desempenho dos 50 maiores municípios equivaleu a R$ 2,646 trilhões, ou 38,5% de tudo o que foi consumido em território nacional. De 2021 a 2023, os quatro principais mercados mantiveram suas posições, sendo, em ordem decrescente: São Paulo/SP, Rio de Janeiro/RJ, Brasília/DF e Belo Horizonte/MG. 

Em quinto, Curitiba/PR, que inverteu seu lugar com Salvador/BA, seguida por Fortaleza/CE, Porto Alegre/RS, Goiânia/GO, Manaus/AM, Campinas/SP e Recife/PE. 

Outras capitais, como Belém/PA (14º), Campo Grande/MS (16º) e Florianópolis/SC (19º) também se sobressaíram nessa seleção, bem como as seguintes cidades metropolitanas ou interioranas: Guarulhos (13º), Santo André (15º), São Bernardo do Campo (17º), Ribeirão Preto (19º) e São José dos Campos (20º), no estado de São Paulo; Uberlândia, em Minas Gerais (22º); e São Gonçalo (23º), no Rio de Janeiro.

Hábitos de consumo

Sobre as preferências dos consumidores na hora de gastar seu dinheiro, o realce continuou para a categoria de veículo próprio, cujas despesas comprometeram 11,8% do orçamento familiar, em detrimento de outros segmentos, como alimentação e bebidas no domicílio, que responderam por 10,3% da renda das famílias.

Faixas etárias

Como já citado, a população brasileira diminuiu em 2023. Nesse contexto, os idosos foram os menos atingidos, tendo mantido a média de impacto no consumo com 32,3 milhões no período. Na faixa etária economicamente ativa, de 18 a 59 anos, a margem foi de R$ 123 milhões, o que equivaleu a 60,2% do total de brasileiros, sendo mulheres a maioria. Também perdendo espaço, estavam os jovens e adolescentes entre 10 e 17 anos, que somaram 22,4 milhões, e foram superados por crianças de até 9 anos, que representaram 26,6 milhões.

Imagem: Envato