Inovação
Empresa cria solução para apoiar setor de artesanato
Pequenos negócios voltados para o artesanato, muitas vezes, se deparam com a dificuldade de conseguir comprar estoque variado a um preço competitivo com grandes empresas. Foi essa a necessidade que o Clube Mais Criativo, plataforma colaborativa para venda de tecidos B2B, conseguiu atender quando surgiu no mercado.
“Alguns anos atrás, a indústria [de tecidos] começou a vender diretamente para o lojista. E a indústria vende muito mais barato, mas também cria algumas barreiras de volume. E o que estava acontecendo é que a grande loja comprava, e a pequena e a média não, e aí eles não tinham mais preço para competir com as grandes, principalmente em regiões de interior”, conta Kadu Pires, criador da Clube Mais Criativo.
Kadu é sócio de uma distribuidora de tecidos desde 2011 em São Paulo, e viu, com esse movimento do mercado, alguns de seus clientes menores fecharem suas lojas, o que prejudicou seu negócio. Foi diante desse problema que Kadu elaborou a ideia do Clube Mais Criativo, que hoje tem em sociedade com o publicitário Luiz Fernandes.
Funciona assim: uma rede de distribuidoras e indústria disponibiliza produtos variados a um preço baixo para os assinantes do Clube Mais Criativo. Os pequenos negócios pagam cerca de R$ 799,00 pela assinatura básica, e então conseguem ter acesso a tecidos diversos, em menores quantidades e a preços muito competitivos, com descontos que chegam a 25%. Além disso, a assinatura garante frete grátis e entrega para todo o Brasil e fora dele.
“A ideia é que distribuidores e indústrias vendam mais barato para seus clientes e esses clientes repassem totalmente ou parcialmente também um desconto ao consumidor final. A gente cria uma cadeia mais barata, mais democrática”, afirma Kadu.
E isso causa um impacto real na vida de pequenos negócios. Amanda Bragion, lojista em Taubaté, disse ter tido um aumento de 30% no faturamento após aderir ao Clube. Segundo ela, os descontos de até 25% permitiram repassar preços mais competitivos aos clientes, atraindo novos artesãos para sua loja.
“Antes do Clube, eu trabalhava com uma variedade limitada de tecidos. Agora, com um estoque mais diversificado, isso impactou diretamente no meu faturamento”, afirma Amanda. Além dos descontos, ela destaca que a liberdade para comprar metragens menores, o frete grátis e o cashback são diferenciais que ajudam a equilibrar as contas no fim do mês.
Para o associado, o clube funciona como uma plataforma de acesso na internet, onde é possível consultar valores, benefícios e compras direto pelo aplicativo. Em geral, a maior parte do Clube Mais Criativo é composta por vendedores de armarinhos e tecidos, que vendem, majoritariamente, para artesãos.
De acordo com a Agência Sebrae de Notícias, o setor de artesanato no Brasil corresponde a cerca de 3% do PIB do País, com faturamento aproximado de R$ 102 bilhões e compras na indústria de R$ 20 bilhões. “A gente tem a ideia de que o artesanato é uma coisa amadora, feita por idosos, aposentados, que tricotam, ou por um pessoal que vai para praia e faz miçanga. Mas nós estamos falando de um segmento muito grande, em que temos aproximadamente 12 a 15 milhões de pessoas que fazem artesanato, seja por hobby, por terapia ou por fonte de renda”, destaca Kadu.
Apesar de gigante, o setor de artesanato enfrenta muitas dificuldades no Brasil, e uma delas é a sobrevivência de pequenos comerciantes. Nesse sentido, o Clube Mais Criativo inverte a lógica de mercado. A plataforma colaborativa compra artigos têxteis em grande quantidade e os repassa a pequenos negócios sem o lucro da distribuidora.
“O que nós fizemos foi transformar o negócio em uma Startup. Não existe mais lucro na distribuição. O que existe é a recorrência de compras e os valores de assinatura que tornaram o negócio sustentável. Quanto mais empresas, melhores serão as condições”, explica o sócio do Clube.
Atualmente, o Clube Mais Criativo engloba somente o segmento têxtil, mas a ideia é expandir a empresa para outros nichos de mercado. “Nós estamos lançando o Clube 2.0 que é o mesmo modelo, mas com métricas e valores reduzidos, para atacar o pequeno lojista, o atelier, a loja menor. E estamos tentando trazer novos produtos para dentro da distribuidora.” Além disso, Kadu afirma que um dos objetivos da empresa para 2025 é aumentar o número de associados em 50%.
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