Foodservice impulsiona contratações temporárias no fim do ano, mas enfrenta escassez de mão de obra

O último trimestre do ano deve ser de forte movimentação para o setor de foodservice, com o aumento no consumo fora do lar impulsionado pelas festas e eventos corporativos. De acordo com a 14ª Pesquisa Anual Setorial de Foodservice 2024/2025 da ABF (Associação Brasileira de Franchising), conduzida pela Galunion, 84% das redes de alimentação registraram crescimento no faturamento em 2024, e 41% tiveram incremento superior a 10% no período. Apesar dos resultados positivos, a falta de profissionais qualificados e dispostos a trabalhar aos fins de semana permanece como um dos principais desafios do segmento.

Segundo o levantamento “Alimentação Hoje: a visão dos operadores de foodservice”, elaborado pela Galunion em parceria com a ANR (Associação Nacional de Restaurantes) e a ABIA (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos), 59% das empresas relataram dificuldade para contratar e reter colaboradores capacitados. As maiores carências estão em funções técnicas, como cozinheiros, bartenders e garçons, apontadas por 34% dos entrevistados. A alta rotatividade, que pode ultrapassar 70% ao ano, segundo a Abrasel, obriga os negócios a manterem investimentos contínuos em recrutamento e treinamento.

Para Simone Galante, fundadora e CEO da Galunion, o cenário exige estratégias voltadas à valorização e ao desenvolvimento das equipes. “Manter o time motivado e engajado é essencial para oferecer um atendimento diferenciado. Valorizar o colaborador é fator determinante de performance e fidelização do cliente”, afirma.

Crescimento nas contratações temporárias

Com o aumento da demanda, redes de alimentação intensificam as contratações temporárias para atender ao movimento. A Água Doce Sabores do Brasil prevê a abertura de três vagas temporárias por unidade neste trimestre. A marca possui 80 restaurantes em seis estados e espera crescimento de 15% a 20% na demanda, impulsionado por confraternizações e pelo turismo. “As funções mais procuradas são garçom, atendente e auxiliar de cozinha. Nessa época, precisamos de equipes completas e preparadas para garantir agilidade e qualidade no atendimento”, declara Julio Bertolucci, diretor de franquias da rede.

O processo de seleção prioriza disponibilidade para horários flexíveis, além de habilidades interpessoais e noções básicas de higiene e manipulação de alimentos. Embora a experiência anterior seja considerada um diferencial, a marca destaca que disposição e aprendizado rápido têm mais peso. Os treinamentos envolvem imersões práticas e acompanhamento semanal, com foco em boas práticas sanitárias, atendimento e cultura organizacional.

Na Divino Fogão, rede com mais de 220 restaurantes em shopping centers, o movimento é ainda maior. A empresa prevê a abertura de mais de 600 vagas temporárias em toda a rede. Cada unidade deve contratar entre três e seis profissionais, principalmente para as funções de ajudante de cozinha, atendente e operador de caixa. “A demanda no fim do ano cresce cerca de 30%, e precisamos reforçar as equipes para manter o padrão de atendimento e o tempo de entrega”, afirma Eliane Rodrigues Barbosa, responsável pelo departamento de Recursos Humanos da marca. Os temporários recebem treinamento prático nas unidades e capacitação na Universidade Corporativa Divino Fogão. Os colaboradores que se destacam podem ser efetivados após o período de festas.

Apesar do aumento nas contratações, a falta de mão de obra qualificada segue como um obstáculo à expansão do setor. O crescimento do consumo fora do lar e a reabertura plena do mercado após a pandemia intensificaram a competição por profissionais experientes. Para lidar com esse cenário, as redes têm investido em programas internos de capacitação e na formação de talentos, além de incentivar a efetivação de temporários.

“O consumidor de hoje é mais exigente e valoriza a experiência. Restaurantes que investem no desenvolvimento das equipes tendem a se destacar e a fidelizar clientes”, conclui Simone Galante.

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