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Franquias: por que você abre uma franquia?
À primeira vista, a resposta óbvia que pode surgir é que um empreendimento, seja ele uma franquia ou não, é aberto para obter lucro. E, sim, um empreendimento deve, em seu escopo, trazer o retorno do investimento realizado. No entanto, convido você a refletir se, ao empreender, especialmente no sistema de franquias, esse é realmente o motivo que o leva a mover sua energia, seus recursos financeiros e, acima de tudo, seu bem mais escasso: o tempo de vida.
Quando surge o “estalo” do “quero abrir uma franquia” – geralmente acompanhado de empolgação, do “vamos fazer já” e do “vamos procurar o que dá dinheiro” – pare um pouco. Deixe passar alguns dias, observe se foi apenas um impulso ou se é uma intenção que continua provocando inquietação e tirando seu sono de forma positiva, com expectativas para o futuro. A partir daí, recomendo, no mínimo, seguir as etapas abaixo:
Faça uma autoavaliação de quais são seus valores. O que te realiza e o que te frustra? Isso contribuirá para que você busque uma rede de franquias cuja cultura, e a do seu fundador, estejam alinhadas aos seus valores. Ser parceiro de uma rede de franquias não é uma mera relação entre CNPJs.
Você planeja abrir uma unidade e nela permanecer por muitos anos, ou seus planos envolvem ser franqueado de diversas unidades? Se for a segunda opção, haverá mercado ou espaço na região onde você atua para que isso aconteça?
Seu plano de abrir uma franquia é para ter uma vida mais tranquila, sem precisar se esforçar muito, acreditando que a própria marca e a franqueadora farão o resultado acontecer? Sugiro que pare por aqui mesmo. Volte ao início de tudo. Abrir uma unidade franqueada demandará de você, no mínimo, o mesmo trabalho que empreender em um negócio independente – e possivelmente muito mais do que quando você era colaborador de uma empresa.
Avalie sua disposição para aprender e compartilhar conhecimentos. Uma das riquezas do sistema de franquias é a variedade de produção de conhecimento, que pode surgir não apenas através da franqueadora, mas também pela própria rede de franqueados, que, em um sistema inteligente, realiza a captura e distribuição desse conhecimento em um ciclo infinito de retroalimentação.
Por fim – e por fim, refiro-me somente a este texto, pois, como alertei no início, esses passos são importantes, mas não os únicos – avalie se sua decisão vai ao encontro do seu propósito, da sua felicidade, e se permite que você, com seu trabalho, sua unidade franqueada e sua equipe, se houver, façam a diferença onde vocês estiverem. Mesmo que essa diferença seja pequena, no seu núcleo de atuação.
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Imagem: Envato
(*) Arlan Roque é autor dos livros “Empreendedores de Coração – histórias de superação e perseverança de franqueados de sucesso” e “Franquias: tudo o que você precisa saber” e atua há no sistema de franquias há 20 anos. Atualmente é membro da Comissão de Expansão da Associação Brasileira de Franchising (ABF), do Comitê de Expansão do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV) e professor convidado da FIA para o MBA Gestão de Franquias é também Diretor de Expansão de expansão na Cacau Show.